domingo, 24 de dezembro de 2017

VASCO 2017: FELIZ NATAL


FELIZ NATAL 2017

sábado, 23 de dezembro de 2017

FORÇA JOVEM 1987: CHEGADA DE PAPAI NOEL NO MARACANÃ

As chegadas de Papai Noel no Maracanã dos anos 1980 eram bem mais animadas. Lá podia ter bandeiras e Torcidas Organizadas.
Havia mais de 200 mil pessoas nesse dia, era dia de Maraca lotado, era um mundo um pouco melhor e um RJ mais calmo!
Chegada do Papai Noel no Maracanã, era o momento marcante para todos os Cariocas, tinha desfile das bandeiras, crianças, cantores, DJs, bailarinas, Xuxa, presépio, Abelhudos.
Eu Tenho algumas lembranças destas festas, de final de ano, não muito boa, no ano anterior (1986) estava tudo certo para que eu entrasse com uma das bandeiras no gramado e participasse da festa, do desfile das bandeiras.
Finado Ely Mendes nosso Presidente na época já tinha anotado o nomes da rapaziada que iria entrar, e eu estava escalado, todo feliz, emocionado, na hora que já estava tudo certo, veio um amigo da Torcida, e retirou a bandeira das minhas mãos, quase fui as lagrimas, aceitei na boa, a final de contas, ele era um dos antigos da Torcida, fiquei na minha, só vendo de longe a festa.
No ano seguinte (Dezembro de 1987), estava eu de novo na festa do Papai Noel, só para poder entrar com a minha bandeira da FJV no gramado.
Me lembro que cheguei as 06:00 hs da manhã e meu nome estava na lista, para entrar com uma das bandeira, a primeira vez no gramado do Maracanã é um momento que ninguém esquece, acredito que sempre foi um dos sonhos de qualquer garoto de Torcida Organizada na época.
Pela 1ª vez pude entrar no gramado de um Estádio de futebol, foi um sonho realizado, naquele dia, de Dezembro de 1987, com 18 anos, a emoção era forte, chorava de alegria, as crianças e os adultos Vascaínos gritavam o nome do nosso Clube. VASCOOOOOO, era de arrepiar a alma, um sentimento inexplicável, Eu sair de lá com a missão e o sonho realizado.
Vivi grandes momentos no Maracanã como torcedor. Valeu a pena esperar...!!!
Agradecimento ao nosso Eterno Presidente Ely Mendes e Sueli Araujo, por deixarem viver essa oportunidade e experiência.
Delcio Índio, FORÇA JOVEM, DINOSSAUROS 1970.
Fotos: YouTube Gabigabosa


Força Jovem Chegada de Papai Noel 1987

Força Jovem Chegada de Papai Noel 1987

Força Jovem Chegada de Papai Noel 1987

Força Jovem Chegada de Papai Noel 1987

Força Jovem Chegada de Papai Noel 1987

Força Jovem Chegada de Papai Noel 1987

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 2017 SÃO JANUÁRIO - 90 ANOS

                                                              “Portões Fechados, Corações Abertos”
                                                             Evandro Domingues– blogueiro vascaíno

2017                   São Januário – 90 anos

Motivo de orgulho para todos os vascaínos, o glorioso estádio do nosso clube comemorou nove décadas em 2017 com a expectativa do time do Vasco alcançar o tricampeonato carioca e de uma boa campanha na sua volta a Primeira Divisão no Brasileirão.
Palco histórico de comemorações cívicas na Era Vargas e o maior estádio do país até 1940, nosso campo esportivo em festas voltou a brilhar nas manchetes dos jornais e revistas. No entanto, não foram apenas as notícias sobre as comemorações, mas também foram destaques as manifestações de sócios e torcedores contra a diretoria e a sua interdição por quase três meses em função de uma briga generalizada ocorrida no clássico contra o Flamengo numa partida do campeonato brasileiro.
Para o campeonato carioca chegou o atacante Luis Fabiano no fim de fevereiro, trazendo uma grande esperança para a torcida vascaína que lotou o aeroporto e fazendo uma festa inigualável em sua apresentação no estádio de São Januário. O jogador fez questão de agradecer o apoio recebido: "primeiramente gostaria de agradecer a recepção maravilhosa. É uma coisa que ficará guardada para minha carreira", e continuou agradecendo "estou muito feliz, de verdade. Torcida do Vasco tem um peso muito grande. Carrega a gente. Vamos correr por eles".
O atacante de 36 anos, com passagens vitoriosas por São Paulo e seleção brasileira, foi a maior aposta do clube para a conquista do tricampeonato carioca e um bom desempenho na volta do Clube da Colina para a Primeira Divisão.
Nos estádios brasileiros e cariocas a polêmica envolvendo torcedores foi revivida com a proposta de torcida única nos clássicos por determinação da Justiça após a morte de um torcedor do Botafogo provocada por um torcedor do Flamengo. Eurico Miranda ameaçava não colocar o time em campo. Pesquisadores, no entanto, contestavam essa medida, alegando falta de eficácia como ação controladora das permanentes brigas entre torcedores rivais. Para Bernardo Hollanda[1] “o princípio de torcida única é problemático, pois se trata de uma espécie de vitória da intolerância, com o reconhecimento da incapacidade do poder público de permitir o ir e vir dos torcedores e com a própria ausência do espírito esportivo na convivência com o diferente”, concluiu.
Em São Januário, durante a partida entre Vasco e Portuguesa um torcedor do Flamengo comparece ao estádio dentro da torcida cruzmaltina e coloca nas redes sociais imagens suas com uma tatuagem do Flamengo e pede 100 curtidas. Logo uma confusão se estabelece quando o torcedor é identificado. Por pouco ele não seria linchado se não fosse a intervenção de integrantes da Ira Jovem que o entregam para a polícia.
Em abril a festa dos vascaínos estava voltada para celebrar os noventa anos do estádio de São Januário. Símbolo da luta do clube para demonstrar aos rivais a sua grandeza, o estádio continua sendo um motivo de orgulho e representação do esforço de associados em manter a tradição do “Caldeirão”, como ele passou a ser chamado carinhosamente nos últimos 20 anos.
O campeonato carioca termina com o clube sendo eliminado pelo Fluminense nas semifinais. Pouco depois da eliminação na Copa do Brasil. A verdade é que foram poucos momentos que a torcida do Vasco pode vibrar com o time e seus ídolos neste primeiro semestre. Apenas o goleiro Martin Silva e o jovem Douglas mereceram os aplausos durante toda a competição. Foram poucas as gozações para os adversários, com destaque para o jogo com o Flamengo, no Maracanã, no segundo turno (Taça Rio) e os gritos da torcida de “eliminado”, num clássico que reuniu pouco mais de 20 mil espectadores. Nem mesmo o título da Taça Rio diante do Botafogo no Engenhão empolgou a galera.
Restou o desafio de fazer uma boa campanha no retorno a primeira divisão do campeonato brasileiro. Apesar do desastre na derrota inicial para o Palmeiras de goleada (0 a 4), os torcedores abraçaram o time em São Januário lotando o estádio (maior público do ano no local: quase 18 mil pagantes) no primeiro jogo do brasileirão em nossa casa. No horário de 11 horas da manhã, o estádio presenciou uma linda festa que culminou na vitória sobre o Bahia e o gol de número 400 da carreira de Luis Fabiano.
O jogo mais polêmico do ano para os vascaínos foi disputado justamente em São Januário em julho com o Flamengo. Um tumulto generalizado entre a torcida do Vasco e a PM (dentro e fora do estádio) acarretou uma pena de interdição de nossa praça de esportes por vários jogos. Para o historiador Luiz A. Simas o que aconteceu neste jogo refletia problemas muito mais profundos na sociedade: “não é apenas sobre futebol. É sobre a cidade. A tragédia de ontem em São Januário é derivada de inúmeros fatores, tais como o despreparo da PM, a crise política do Vasco, a cultura da violência como elemento de sociabilidade entre membros de torcidas, a construção de pertencimento a um grupo a partir do ódio ao outro (elemento marcante da relação entre Vasco e Flamengo nas últimas décadas), o esfacelamento da autoridade pública no Rio de Janeiro, etc”.
Para os sócios e torcedores ir ao estádio seria apenas para a visita da exposição promovida pelo Departamento de Marketing intitulada “119 anos vestindo a Camisa”, apresentando inúmeras roupas históricas do clube. Aliás este foi o tema do documentário Segunda Pele Futebol Clube, retratando colecionadores de camisas de futebol e a sua relação de paixão com a memória do clube. Entre os entrevistados estava o torcedor vascaíno Paulo Reis.
Mesmo proibidos de entrarem em São Januário os torcedores vascaínos prestigiaram o time incentivando-o do lado de fora. Milhares de torcedores deram um “abraço coletivo”  no jogo entre Vasco e Grêmio (futuro campeão da Libertadores em 2017). A vitória que marcava a estreia do técnico José Ricardo foi muito comemorada. Para o atacante Nenê, a presença da torcida incentivando e acompanhando o jogo ao redor do estádio foi decisivo para o resultado positivo: “ O barulho da torcida, mesmo de fora do estádio, foi fundamental para continuarmos com a mesma determinação até o fim”, revelou o atacante. 
Depois do período da punição, a diretoria vascaína preferiu realizar os jogos como mandante no estádio do Maracanã visando impedir as constantes manifestações presentes nas arquibancadas de São Januário com o coro sempre presente de “Fora Eurico!”.
Quando vieram as eleições em novembro, as duas principais chapas tiveram uma acirrada disputa que dividiu sócios, torcedores e torcidas organizadas, terminando com a vitória da situação (Eurico Miranda se reelegia com 2111 votos), enquanto a oposição (lideradas por Julio Brant) alcançava 1975 votos. Embora o clima da disputa deste ano tenha sido mais civilizado que nas eleições passadas, não faltou a polêmica em torno da Urna 7. Caso a urna seja invalidada, a vitória ficaria com a oposição.
O último jogo do ano foi disputado justamente no cenário que comemorava 90 anos de glórias. A partida contra a Ponte Preta representava muito para os vascaínos. Uma vitória daria oportunidade ao clube voltar a disputar a Taça Libertadores em 2018. E a torcida deu mais uma vez uma lição de amor ao clube proporcionando o maior público no estádio do ano (cerca de 22 mil pessoas).
O resultado final deixou o Vasco em 7° lugar (entrando na pré-Libertadores). Uma surpresa para aqueles que desconfiavam do time que começou a competição com uma derrota por 4 a 0 para o Palmeiras.
A previsão pessimista de luta para não ser rebaixado não se confirmou. O time conseguiu se superar mesmo depois da crise com a troca de técnico (Milton Mendes saiu e entrou José Ricardo no meio da competição). Fora de campo a expectativa da galera continuava com a indefinição do novo presidente para os próximos 3 anos.
Sem dúvida, foi um ano que o brilho maior ficou os 90 anos de nosso estádio e a presença assídua da torcida que soube honrar e fazer juz aos torcedores do passado que ajudaram a construir uma obra que permanece na memória afetiva de todos os vascaínos. Assim como em 1927, quando não alcançamos o título, neste ano também passamos em branco. Quem sabe não pavimentamos neste ano um novo caminho de glórias com a conquista da Libertadores no ano seguinte e cantar esta música entoada nas arquibancadas
Eu vou torcer
Aqui eu ergui meu templo para vencer
Eu já lutei por negros e operários
Te enfrentei, venci, fiz São Januário
Camisas Negras que guardo na memória
Glória, lutas, vitórias esta é minha história
Que honra ser
Saiba eu sou vascaíno, muito prazer
Jamais terás a cruz, este é meu batismo
Eu tive que lutar contra o teu racismo
Veja como é grande meu sentimento
E por amor ergui este monumento..."
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Entrevista para as páginas amarelas da Revista Veja após a repercussão do assassinato em 2 de março de 2017 de Moacir Bianchi  por integrantes da própria torcida que ajudou a fundar: a Mancha Verde. Fonte: Revista Veja 9 março de 2017.

Vasco foto site www.vasco.com.br 2017

Vasco foto site www.vasco.com.br 2017

domingo, 19 de novembro de 2017

TOV E FORÇA JOVEM 1982: TORCIDA DO FLU NÂO ACREDITA NO VASCO E ACEITA O DESAFIO

“Eu mudo de nome se a Torcida do Vasco invadir o Maracanã como prometeu. Mudo de nome e dou entrevista para quem quiser usando a camisa do Vasco.” Esta é a resposta de Zezé, componente da Força Flu, as declarações do Chefe da TOV, Amâncio César, de que a Torcida Vascaína vai tomar o Maracanã no clássico de amanhã.
Antônio, Chefe da Força Flu, também não acredita na Torcida do Vasco, “eles são de muito blá-blá-blá, mas na hora do vamos ver, quem manda brasa é a Torcida do Flusão”. Para enfrentar os Vascaínos, Antônio mostra que sua Torcida não está para brincadeira:
- Vamos levar 15 peças de bateria, uma tonelada e meia de papel picado, 1000 rolos de papel higiênico e 50 bandeiras. Vamos ver quem vai invadir o Maracanã. Pago para ver se eles (a Torcida do Vasco) vão conseguir alguma coisa.

DE CAMINHÃO
Enquanto os tricolores se preparam para dar resposta ao desafio, os torcedores do Vasco, mostram que domingo o espetáculo proporcionado vai ser belíssimo. Pelo menos é o que promete Ely Mendes, Chefe da Força Jovem:
- Para você ter uma idéia da quantidade de material que nós, da Força Jovem, vamos levar para o Maracanã, basta dizer que precisamos alugar um caminhão para deslocar as coisas para São Januário. E por isso que eu assino embaixo do que disse o Amâncio César: a Torcida do Vasco vai invadir o Mário Filho amanhã. (07/08)

NA TORCIDA, VASCO GANHOU O DUELO
Talvez mais importante que o jogo, entre Vasco e Fluminense, tenha sido o duelo entre as Torcidas dos dois times que prometeram durante toda a semana lotar o Maracanã para incentivar seus jogadores, numa demonstração de força popular.
Nesta briga de Torcida, o Vasco venceu o duelo, demorando mais de 15 minutos na saudação de sua equipe quando ela entrou em campo. Toneladas de papéis picados, inúmeras bandeiras e estandartes foram utilizados pelos Vascaínos.
Até o meio de campo o Maracanã era inteiro do Vasco com o famoso coro – “Casaca, Casaca, a Turma é boa, é mesmo da fuzarca...” entoado no Estádio num ritual que sensibiliza aos ouvintes.
No lado tricolor, o mérito maior foram os vários quilos de pó-de-arroz quando o time entrou em campo, num gesto tradicional dos torcedores da equipe das Laranjeiras. No final, alguns se mostravam satisfeitos com o time, apesar da derrota.
Em toda a festa de ontem, o Maracanã só ficou em silêncio num momento, quando o Roberto se preparava para cobrar o pênalti nos últimos minutos de jogo. Com o gol a Torcida foi ao delírio, prometendo repitir a festa nas próximas partidas, inclusive contra os pequenos.
Amâncio César da TOV, Ely Mendes da Força Jovem, Iara Barros da Feminina Camisa 12 e Dulce Rosalina da Renovascão, estavam exaustos no final do jogo de tanto comandar as duas Torcidas, porém, gratificados com a boa vitória do Vasco. (09/08)
Fonte: Jornal dos Sports 07 e 09 de Agosto de 1982

Força Jovem e TOV Jornal dos Sports 1982

Força Jovem e TOV Jornal dos Sports 1982

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

VASCO 1931: TORCEDORES RECEBEM OS JOGADORES NO CAIS MAUÁ

No desembarque da delegação do Vasco vindo da Europa, uma multidão compareceu ao Cais do Porto do Rio de Janeiro para receber os jogadores.

EXCURSÃO DO VASCO DA GAMA À EUROPA EM 1931.
No ano de 1931, o Vasco da Gama empreendeu uma vitoriosa excursão ao Velho Continente, realizando 12 jogos. 
A equipe carioca foi a 2ª do Brasil nesse continente, sendo a 1ª o famoso e hoje extinto o Paulistano de São Paulo.

VASCO DA GAMA 2 X 3 BARCELONA (ESP)
Data: 28/06/1931
Local: Barcelona (ESP)

VASCO DA GAMA 2 x 1 BARCELONA (ESP)
Data: 29/06/1931
Local: Barcelona (ESP)

VASCO DA GAMA 1 x 2 CELTA (ESP)
Data: 05/07/1931
Local: Vigo (ESP)

VASCO DA GAMA 7 x 1 CELTA (ESP)
Data: 07/07/1931
Local: Vigo (ESP)

VASCO DA GAMA (RJ) 5 x 0 BENFICA (POR)
Data: 10/07/1931
Local: Lisboa (POR)

VASCO DA GAMA (RJ) 4 x 2 COMBINADO DE LISBOA (POR)
Data: 15/07/1931
Local: Lisboa (POR)

VASCO DA GAMA (RJ) 3 x 1 PORTO (POR)
Data: 19/07/1931
Local: Porto (POR)

VASCO DA GAMA (RJ) 9 x 2 COMBINADO VARZIM/BOAVISTA (POR)
Data: 22/07/1931
Local: Porto (POR)

VASCO DA GAMA (RJ) 6 X 2 OVARENSE (POR)
Data: 24/07/1931
Local: Ovar (POR)

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 2 PORTO (POR)
Data: 26/07/1931
Local: Porto (POR)

VASCO DA GAMA (RJ) 1 X 1 VITÓRIA DE LISBOA (POR)
Data: 30/07/1931
Local: Campo da Amoreiras (POR)

VASCO DA GAMA 4 X 1 SPORTING (POR)
Data: 02/08/1931
Local: Porto (POR)
Fonte: Jornal dos Sports e http://cacellain.com.br/blog/?p=11272

Vasco Centro de Memória do Vasco 1931

Vasco Diário de Notícias 1931

domingo, 8 de outubro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1919 PRÓXIMA PARA: ENGENHO DE DENTRO

                            “do morro e das arquibancadas, um grito uníssono: Viva o Brasil’”
                                          Jornal do Brasil, final do Sul-Americano em 1919

1919             Próxima Parada: Engenho de Dentro

            A formação de uma grande equipe era o melhor atalho para chegar a Primeira Divisão. Em busca de conseguir os grandes jogadores da Liga Suburbana, o Vasco encontrou no Engenho de Dentro, tricampeão (1916-17 e 18), a base de seu elenco para o campeonato carioca da Segunda Divisão.
            O historiador João Malaia registra que o empenho da diretoria em montar um time competitivo deu certo, pelo menos do ponto de vista do crescimento da torcida entre 1918 e 1919: “o Vasco da Gama que teve em média 220$857 de receita por jogo em 1918 para, no ano seguinte, pular para 421$833, num crescimento de mais de 90% de arrecadação com a venda de bilhetes para seus jogos, passando a ser o clube com a maior média de arrecadação por jogo na 2ª Divisão” (2010, p.222).
            Apesar de ter o melhor elenco da competição, o time vascaíno, apontado pela imprensa esportiva como o franco favorito para vencer o campeonato, não conseguiu realizar o intento mesmo contando com o apoio da torcida que não mediu esforços de incentivar seus jogadores e vaiar os adversários. Esta atitude, que já vinha se tornando comum nos jogos mais decisivos, ainda recebia repreensão de parte da imprensa. Em uma crônica do jornal O Paiz, o jornalista pedia providência ao presidente do Vasco, exigindo que “reprovem seus associados por terem agido de forma tão pouco cavalheiresco como hontem agio com os players locaes”[1].
            Uma das principais atrações do novo elenco vascaíno era o goleiro Nelson Conceição, conhecido como o “Chauffeur”. Vindo do Engenho de Dentro, ele será titular absoluto nos próximos anos e um dos ícones na campanha memorável do titulo de 1923. Vai ser o primeiro jogador do Vasco a vestir a camisa da seleção brasileira no mesmo ano da conquista do campeonato carioca. Até o final dos anos 1920, ele será o jogador que mais vezes envergará a camisa cruzmaltina.
            O campeonato Sul-Americano de Futebol disputado no Rio de Janeiro no mês de maio é considerado por muitos estudiosos como um marco divisor na história do futebol brasileiro. A competição foi a primeira organizada no país pela Confederação Brasileira de Desportes (CBD) e contou com uma intensa participação dos torcedores que lotaram o estádio das Laranjeiras em todos os jogos da seleção nacional. Mais do que os jogos e os resultados, o que chamava atenção era a repercussão geral, quando a cidade praticamente parava para acompanhar os resultados.
A vitória da seleção brasileira servia para aumentar o sentimento nacionalista que o futebol despertava e demarcava que a partir daquele instante o futebol elitista estava com os seus dias contados.
Para se ter uma idéia de como a população se envolveu nos jogos, basta lembrar que muitos torcedores ao verem impossibilitados de entrar no estádio lotado buscavam formas próprias de prestigiar o evento. Enquanto alguns se apertavam no morro em volta do campo, outros foram acompanhar o desenrolar da partida final com o Uruguai na Avenida Rio Branco, local onde ficava a sede do jornal O Paiz que havia colocado um painel informando dos principais lances da partida.
Para os clubes de futebol, este seria o ano de consagração do Fluminense que conquistava o tricampeonato (1917-18-19) com uma das melhores equipes de sua história. Festa nas Laranjeiras com muito champanhe para os associados na luxuosa sede. Sua torcida cresce em toda a cidade, especialmente entre as camadas mais ricas que se identificavam com o perfil mais elitista. “Ele era Fluminense por isso mesmo, escolheu o clube mais fino para torcer” (...) procurava ser Fluminense, distinguindo-se dos torcedores dos outros clubes”, explicava o jornalista Mario Filho.
A tranqüilidade do tricolor vai durar até 1923. Daí em diante só restará a turma das Laranjeiras contar com o seu esnobismo e o ar confiante de sua “superioridade”. O fato inegável será que no campo, nas arquibancadas e nas gerais, uma nova nação comandará o futebol carioca.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Jornal  O Paiz, setembro de 1919.

Vasco Revista Careta 1919

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1918 OS INCANSÁVEIS VASCAÍNOS

                                                                                        “Grande Assistência”
                                                                                           Frase da época

1918               Os Incansáveis Vascaínos

        Até a afirmação do profissionalismo do futebol nos anos 1930 era comum um atleta praticar vários esportes. Na biografia de Leônidas da Silva, o jornalista André Ribeiro (2007) registra que aquele gênio do futebol disputava outras modalidades esportivas pelos seus primeiros clubes: Sirio e São Cristovão. No Vasco isso não era diferente. Um mesmo atleta competia em várias modalidades. Uma das figuras mais notáveis em nossa agremiação era Adão Brandão, autor do primeiro gol vascaíno, em 1915. Para estes desportistas o envolvimento com o clube tinha que ser total. Mesmo em um ano que não fosse repleto de títulos a missão destes jovens era manter acesa a chama da esperança no ano seguinte. E foi o que Adão e seu grupo[1] fizeram no final do ano de 1918 realizando um “suculento e maggestoso reco-reco”[2].
            As derrotas no futebol e no remo não afastavam os associados do clube, pelo contrário, se afirmavam laços de união e camaradagem que garantiriam, no futuro, o crescimento vertiginoso de nossa torcida. Uma demonstração clara do traço distintivo do Vasco diante dos outros clubes da Segunda Divisão era a constante presença de torcedores vascaínos que demarcavam a diferença entre os clubes de futebol.
            O jornal Tico-tico[3] faz um registro da partida (ainda usando muitos termos em inglês) entre Vasco e River no estádio do São Cristovão (construído em 1916, sendo considerado um dos mais modernos daqueles tempos), ressaltando a superioridade de nosso clube em campo e nas arquibancadas: “este match foi effectuado no ground do S. Cristovão A. C., a rua Figueira de Melo, com regular assistência composta na sua maioria associados do Vasco da Gama o qual demonstrando certa superioridade sobre o seu antagonista infligiu-lhe uma derrota de 4 a 2”[4]. Este talvez seja o primeiro registro da imprensa sobre a atuação de nossa torcida.
        Esta partida aconteceu depois da suspensão de todos os jogos de futebol na cidade em virtude da “gripe espanhola”. Uma grave epidemia que atingiu o Brasil matando milhares de pessoas. Somente em nossa cidade morreram nos meses de outubro e novembro mais de 25 mil pessoas.
            Nas duas últimas partidas o time já pensando em férias relaxou e foi derrotado, sendo a última com uma goleada por 6 a 0 para o Mackenzie. O resultado final foi, podemos assim considerar, satisfatório, com 9 vitórias e 7 derrotas.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Este coletivo de associados depois se auto-intitulará de Grupo do “Lasca o Pau”.
[2] Tico-tico, dezembro de 1918.
[3] O mesmo periódico foi o único que deu a notícia do Vasco sendo aceito pela Liga Metropolitana 3ª Divisão em 1916.
[4] Tico-tico, outubro de 1918.

Vasco Revista Careta 1918

domingo, 1 de outubro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1917 "LASCA O PAU" NA 2ª DIVISÃO

                                                                “O club da Cruz de Malta”
                                                     Como éramos conhecidos pela imprensa

1917                  “Lasca o Pau” na 2ª Divisão

            A Liga Metropolitana faz uma reformulação na divisão dos associados e passa a contar com dez clubes na Primeira Divisão[1], nove na Segunda e outros nove na Terceira Divisão.
O Vasco passa para a Segunda Divisão e faz uma campanha bem melhor que a do ano anterior. Aparecem as primeiras vitórias e a classificação em 4° lugar indicava que o caminho certeiro começava a ser trilhado. A receita do sucesso estava em conquistar novos jogadores oriundos das camadas populares e contar com o apoio dos associados que se dividiam entre incentivar o Remo, principalmente, e os outros esportes.
            Talvez o jogo mais importante do ano tenha ocorrido contra um tradicional rival do Remo, o Boqueirão do Passeio. Os dois clubes fazem boas campanhas e conseguem arrastar um bom público para o estádio do América. De todos os jogos do Vasco neste ano, este foi o único que mereceu uma grande reportagem que ressaltou a rivalidade do remo levada para o estádio de futebol. Para o jornal “O Paiz”, “foi um bom encontro o match de ontem realizado entre os disciplinados teams dos nossos dois gloriosos clubs de regatas, tendo a assisti-lo uma assistência bem regular na qual se achavam representantes do belo sexo (...) O interesse que cercava este encontro era justificável porque não só os dois clubs se acham bem colocados na tabela do campeonato, como também é notória a rivalidade esportiva que entre ambos existe. Rivalidade esta que consiste em cada um querer trazer mais louros para o seu pavilhão, o que, portanto muito honra os dois rivais”[2]
            Contudo, ainda era importante superar o preconceito que os atletas do remo nutriam em relação aos jogadores de futebol. O pesquisador vascaíno Mauro Prais, seguindo as informações do ex-atleta Adão Brandão, afirma que essa desconfiança acabou neste jogo, em setembro de 1917, quando o time do Vasco vence o Boqueirão do Passeio por 3 a 0[3]. O “ ódio era tão grande que uns e outros quase não se falavam. E esse ódio só terminou em 1917, quando o Vasco se reabilitou definitivamente aos olhos dos remadores, vencendo, em partida magnífica, um dos maiores adversários do Vasco em todos os esportes”.
            Como faziam sempre os jogadores saíram desse jogo e voltavam para a sede na rua Santa Luzia. Foi então que “os jogadores de futebol tiveram a maior surpresa de toda a sua vida quando chegaram no clube. A Comissão de Futebol, com Cascadura, Narciso Basto, Fonsequinha e Pascoal Pontes estava desconfiada, mas a alegria dos jogadores era tamanha que eles resolveram entrar no clube dando vivas ao Vasco. Mas nem chegaram a entrar. Os remadores, na porta, de remo em punho, os obrigaram a entrar em carros abertos - e só então eles repararam nos carros - e foram fazer uma passeata pela cidade, irmanados, craques de futebol e remadores”[4]. Também começava a se formar um grupo aguerrido para defender os torcedores vascaínos nos jogos em que a torcida adversária quisesse intimidar os nossos adeptos. Era o grupo do “Lasca o Pau”, formado por remadores e lutadores dispostos a defender nosso pavilhão no braço. Em crônica no Jornal dos Sports nos anos 1950, o jornalista Álvaro Nascimento relembra os nomes de alguns deles: Rafael Verri, Aquiles Astuto, Adão Brandão e Edgar Lody Batalha[5].
Em julho de 1963, por ocasião da morte de Victor Alves Moreira  (conhecido como Sinhá), o amigo e cronista Álvaro Nascimento exalta um dos responsáveis pela formação da Turma da “Linha de Frente” entre os anos de 1916-1922, composta por aguerridos torcedores vascaínos dispostos a todo e qualquer sacrifício em prol do clube. O jornalista escreve uma crônica em sua homenagem, ressaltando a formação deste grupo de abnegados torcedores que lutavam de corpo e alma para o sucesso do time de futebol e da segurança da torcida nos estádios da cidade: “as novas gerações vascaínas desconhecem quão grande foi o esforço, a dedicação de homens modestos para entregar-lhes esse Vasco poderoso de nossos dias ... um punhado de dedicados vascaínos que, com sol ou chuva, nos campos suburbanos, constituía a ‘policia de choque’ a dar garantia e segurança as nossas representações".
O futebol nessa época já tinha seus adeptos, a torcida do Vasco ainda com meia dúzia de gatos pingados, já começava acompanhar o time. Como fato inédito, na época, quem chefiava essa Torcida Organizada era Dona Josefa Pereira (primeira Chefe de Torcida do Vasco), irmã Manuel Pereira, proprietário de uma casa de Tecidos[6]. Como brigava a Dona Josefa Pereira.
Novamente em suas lembranças, o jornalista do Jornal dos Sports Álvaro Nascimento, recorda 50 anos depois, o que era o desafio de torcer naqueles campos da Segunda Divisão sem as mínimas condições de segurança e os nomes dos pioneiros das arquibancadas: “naquele tempo não havia o Estádio Mário Filho (Maracanã) com dois mil policiais que garantiam a ordem. As brigas eram no Campo do Esperança, no Marco VI em Bangu, no Campo do Jardim Zoológico ou do Palmeiras, na Quinta da Boa Vista. São considerados paladinos da Torcida Vascaína, a maioria já falecidos, os seguintes Vascaínos, D. Josefa Pereira e seu irmão Manuel Pereira, Joaquim Carneiro Dias, Baltar Junior, Dr Castro Menezes, Carlos Medalhas, Albertino Moreira Dias, Ouriço, Francisco Costa, Sinhá, Fava, Zapelli, Dom Quixote”.
            O desafio de um time de futebol oriundo de clube tradicional de remo era conseguir se auto-sustentar. Para entender como isso era complicado basta ver o exemplo de dois outros clubes das regatas da época, como o Boqueirão e o Icaraí (que montaram times antes do Vasco), e que encerravam neste ano suas participações na Liga Metropolitana.
Garantir a presença da torcida nos estádios era fundamental para a sobrevivência do futebol nestes clubes. O problema era que as partidas de futebol coincidiam com os dias das regatas. Mas este era apenas um problema. O maior, talvez, fosse convencer os “novos torcedores” acompanharem um time sem grandes ídolos, enquanto os clubes tradicionais já levavam milhares de pessoas aos estádios para ver o talento das novas estrelas do esporte. As novas gerações já podiam se identificar com os clubes através de seus ídolos em campo.
Montar um time de qualidade com todas as restrições que a Liga fazia para evitar a presença de jogadores das camadas populares, era um grande desafio. Ficava o problema: sem um grande time, não tinha torcida e não tinha bilheteria. Sem arrecadação, como convencer os associados de que valia a pena o investimento no futebol? Participar da Liga não era barato. Os custos com a inscrição no campeonato e o aluguel dos estádios eram bastante dispendiosos, fora os outros gastos com material, deslocamento etc. Enfim, o clube tinha prejuízo com o futebol
            Mas um clube como o Vasco da Gama se fez de superação. Para os mais devotados ao futebol o caminho para o clube brilhar nos dois principais esportes da época estava aberto. O destino nos reservaria para os próximos anos vitórias que consagrariam aqueles jovens que em 1898 resolveram fundar um clube que unia o que melhor brasileiros e portugueses fizeram pelo nosso país. Construir uma nação para todos, sem barreiras sociais e econômicas.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Carioca, Mangueira e Vila Isabel foram os três primeiros colocados na Segunda Divisão em 1916 e assim passaram para a Primeira Divisão.
[2] Fonte: O Paiz, setembro de 1917.
[3] O sucesso do time vascaíno de futebol chegava as revistas esportivas. Na semana seguinte ao jogo eram divulgadas as fotos do time na Revista Vida Sportiva. Talvez sejam as primeiras imagens do futebol nas revistas esportivas cariocas.
[4] Fonte: pesquisa de Mauro Prais baseada em informações da trajetória esportiva de Adão Antonio Brandão, o maior atleta da história do Vasco e autor do primeiro gol oficial. Reportagens intituladas "Os Grandes Amadores", de Giampaoli Pereira, publicada em seis partes no Jornal dos Sports, de 12/12/1952 a 19/12/1952.
[5] Fonte: Jornal dos Sports, 13 maio de 1954,
[6] relata Álvaro do Nascimento Rodrigues, o Zé de São Januário, em sua coluna Uma Pedrinha na Chuteira do Jornal dos Sports em 21 de Agosto de 1968.

Vasco Revista Vida Sportiva 1917


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1916 CHUVA DE LARANJAS NA 3ª DIVISÃO

                                                 “Há de fato uma coisa séria para o carioca: o football”
                                                                               Cronista João do Rio


1916             Chuva de Laranjas na 3ª Divisão

         Após obter filiação junto a Liga Metropolitana de Desportes Terrestres (LMDT), o clube consegue se inscrever no campeonato[1] sabendo das dificuldades que iria enfrentar até chegar a almejada divisão onde se encontravam os principais times de futebol carioca. Naquele período o esporte já era o favorito da população em todas as camadas sociais e a proliferação de clubes e times de futebol era uma realidade incontestável.
            No início de janeiro era eleito presidente Marcílio Telles, um ex-remador mas que compreendia a nova época e estava disposto a incluir o futebol como um esporte de destaque no clube. Diga-se de passagem, quando Marcílio foi presidente do clube em 1911 ele já havia esboçado a criação de um departamento de futebol mas fora vetado pelos principais associados e dirigentes ligados ao remo. Agora o momento era mais propício para levar seu projeto adiante.
Os atletas do remo sabiam que a cada ano a febre do “esporte bretão” contagiava uma massa de novos praticantes e assistentes. No entanto, a vida dos torcedores vascaínos foi dura no primeiro campeonato e a realidade era que ainda não contávamos com um elenco à altura da tradição do remo. Uma campanha lastimável termina com a última colocação.
A estréia em jogos oficiais seria no dia 3 de maio no campo do Botafogo na rua General Severiano. Uma derrota por 10 a 1. Para comemorar somente a proeza do gol de Adão António Brandão, um atleta campeão do remo, além de praticar atletismo, ciclismo e outras modalidades esportivas. O jogador seria uma das figuras lendárias na história do clube, dedicando toda a sua vida como atleta e, depois, como conselheiro.
Reza a lenda que os sócios do clube jogaram laranjas nos jogadores quando retornaram para a sede de Santa Luzia, afinal aquele placar não era comum nos jogos de futebol e a humilhação atingia o nome do clube, campeão do remo.
A certeza de todos os associados aficcionados pelo clube e pelo futebol era de que seria preciso reformular o departamento de futebol e procurar atletas dos outros times do subúrbio para reforçar o elenco.
A primeira vitória (e única!) aconteceu em outubro diante do River F.C. no campo do São Cristovão. O campeão foi o Icarahy. Os outros clubes que disputaram a Terceira Divisão foram: Parc Royall (Progresso) e Brasil.
Entre as novidades no futebol brasileiro estava a fundação da Confederação Brasileira de Desportes (CDB) entidade que comandaria o destino do futebol nos anos seguintes.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] De acordo com o jornal Tico-tico de 9 de fevereiro de 1916, “o campo oficial do Vasco será o do Botafogo F. Club, a rua General Severiano, usando os jogadores o seguinte uniforme: calção branco. Camisa preta com punho e gola brancos”

Vasco Revista Tico Tico 1916

domingo, 24 de setembro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1915 O SPORT FAVORITO DOS CARIOCAS

                       “os homens em ação, as doutrinas militantes, os atos de arrebatamento 
                      e bravura tornam os índices nos quais as pessoas passam a se inspirar”
                                                    Nicolau Sevcenko, historiador


1915                O Sport Favorito dos Cariocas

        Tricampeão de remo da cidade, o Vasco iniciava temporada daquele ano fazendo uma regata  íntima, uma atividade comum entre os clubes náuticos para promover o lazer entre os seus sócios e atletas. O jornal Gazeta de Notícias noticiou a festa vascaína realizada: “na Avenida Rio Branco em frente ao Monroe (palácio que não existe mais) foi armado um palanque de onde os sócios e convidados do simpático centro náutico assistiram a disputa dos diversos páreos (...) grande era a assistência que aplaudia os vencedores”[1]
            Mas o assunto que despertou o maior interesse neste ano veio com o criação do Departamento de futebol do Vasco que surge depois da extinção do Lusitânia. O Lusitânia Sport Club foi fundado em 1914 por vários membros da colônia portuguesa. Um dos principais organizadores do novo clube era Álvaro Nascimento Rodrigues, também conhecido como Cascadura, ou Zé de São Januário (jornalista e futuro Benemérito do Vasco).
            O interesse maior dos seus associados era de reunir os seus atletas (todos portugueses) em disputas internas, no entanto, um grupo dissidente achava que o melhor caminho era fazer como os outros clubs de imigrantes que não restringiam a presença de sócios pela nacionalidade. Este grupo era minoritário e teve que aceitar a negativa da Liga Metropolitana de sua filiação.
            No final de 1915, este mesmo grupo se rearticulou para fazer uma fusão com o Vasco e conseguir superar duas barreiras: a entrada na Liga principal de futebol no Rio de Janeiro e vencer a resistência de associados cruzmaltinos que não desejavam a presença do futebol no clube.
            Em uma assembléia Extraordinária no mês de novembro, o presidente do Vasco da Gama, Raul da Silva Campos, conseguiu o apoio necessário e ficou deliberada a criação da seção de futebol. Muito contribuiu para isso atuação de Dionísio Teixeira[2], sócio da Soto Mayor & Cia, uma importante empresa mercantil, que com o seu prestígio conseguiu reverter a oposição de alguns vascaínos e ainda levou para o clube vários associados do Lusitânia.
            O momento era o melhor possível para aproximar o clube de um esporte que contagiava toda a cidade. De acordo com o jornal O Imparcial, de 1907 até 1915, o número de clubes de futebol havia triplicado. “Se em 1907 constavam do noticiário dos grandes jornais 77 clubes de diferentes perfis sociais, em 1915 apareciam 216 (...) essa proliferação de clubes teve como conseqüência imediata e surgimento de novas ligas e campeonatos”, conclui o historiador Leonardo Miranda, autor de Footballmania (2000, p.121).
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Fonte: Gazeta de Notícias, 27 de abril de 1915.
[2] Fontes: Blanc, Aldir. A cruz do Bacalhau, Rio de Janeiro, Ediouro, 2009, p.64 e Jornal O Correio da Manhã de 07 de agosto de 1927.

Vasco foto site sempre vasco