quarta-feira, 30 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1908 BRASILEIROS X ARGENTINOS

                                                               “Sportmen e Sportwoman”
                                       Termo usado na época para os praticantes e assistentes

1908                Brasileiros   x  Argentinos

                Os admiradores do remo vão perceber que o futebol poderia não ser mais um modismo que os ameaçavam quando as duas principais cidade do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo) pararam para acompanhar as 6 partidas (3 em cada lugar) entre um selecionado argentino e os as seleções locais.
            Em junho os argentinos receberam um convite da Liga Metropolitana para uma série de partidas no Brasil. Os preparativos para os jogos, a imensa multidão que acompanhou as partidas dentro e fora dos estádios chamou a atenção da imprensa. A repercussão da reação dos torcedores ganhou dimensões maiores com a exaltação de um sentimento nacionalista nunca visto antes na prática de qualquer esporte no país.
            Para o historiador Leonardo Miranda, autor de Footballmania (2000), este período foi crucial para entender a transformação do futebol de esporte fidalgo e refinado em um esporte de massas gerando uma identificação com torcedores de diversas camadas sociais: “atraindo uma multidão nunca antes vista, esses jogos extrapolavam os limites dos habituais freqüentadores dos jogos da Liga, levando ao campo um público amplo e diversificado” (p.121).
            Aquilo não era um fato isolado, pois enquanto o remo mantinha um grande público nas suas principais competições, a criação de novos clubes voltados para a sua prática quase não se via mais. Ao contrário de futebol que nos próximos anos tem por traço marcante a proliferação de clubes e praticantes nos mais diferentes pontos da cidade. O mesmo fenômeno acontecia em São Paulo, onde o futebol se desenvolveu mais rapidamente. Aliás, o início da rivalidade entre as duas cidades, foi um dos mais fortes fatores para impulsionar o futebol.
            Completando 10 anos de existência, o Vasco comemorava a sua data na mesma ocasião que a cidade do Rio de Janeiro festejava os 100 anos da Abertura dos Portos e a chegada do Rei ao Brasil (1808-1908). Por coincidência, o clube vence a regata em homenagem Exposição Nacional com a yole Albion. O jornal A Imprensa faz uma reportagem sobre o clube celebrando este “novel centro de canoagem, um dos clubs de maior acervo e de gloriosas tradições para o Sport náutico. As suas valorosas guarnições tem sabido sustentar seus lauréis cada vez mais avigorados”.[1]
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Fonte: A Imprensa, 20 de agosto de 1908.

Vasco Revista O Malho 1908

domingo, 27 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1907 O FOOTBALL É UM MODISMO?

                                    “O club atravessava uma grande crise econômica nesta época”
                                                   José da Silva Rocha – Memorialista do Vasco


1907                O football é um modismo?

        Em São Paulo o futebol ganhava cada vez mais adeptos e o seu campeonato enchia os estádios que reuniam de 3 a 4 mil pessoas, no Rio de Janeiro a disputa pelo esporte preferido ainda pendia para o remo que não só reunia maior público em seus principais eventos, como a imprensa fazia uma cobertura maior.
            Competir com um domingo de regatas era algo para uma outra diversão que começava a contagiar a cidade. Era o incipiente desenvolvimento das salas de cinema. Nesse ano, ocorre a proliferação de inúmeros locais de exibição dos filmes graças ao incremento na energia elétrica com o início de funcionamento da usina de Ribeirão das Lajes. “Só entre agosto e dezembro desse ano, inauguraram dezoito novas salas”[1].
            Em maio a Liga Metropolitana de Futebol tomava uma decisão que mostrava o seu caráter elitista e racista: era proibida a inclusão de jogadores de cor. A medida atingia diretamente o Bangu, um dos fundadores da Liga que não aceita o novo regulamento e pede desfiliação. Apesar disso, os oito clubes filiados obedecem as novas regras e se preparam para o segundo campeonato.
A saída do Bangu não causou nenhum protesto na grande imprensa da época. Para ela o que valia era ressaltar o glamour da arquibancada tricolor. Nas reportagens sobre os jogos geralmente vinha apenas uma pequena descrição do jogo. O que valia era propagar que o público dos estádios era composto “pelas mais distintas famílias da sociedade fluminense”, que as damas usavam “chapéus emplumados”, era o “sport da mais fina flor da sociedade”. Era o tempo em que os torcedores de Botafogo e do Fluminense encomendavam da Europa fitas para serem colocadas nos chapéus com as cores alusivas de seus clubes.

            Enquanto a Liga excluía negros e trabalhadores, outros clubes surgiam pela cidade com regras menos excludentes. Esse processo de popularização da prática do futebol nos possibilita uma releitura da história desse esporte na cidade.  O historiador Leonardo Pereira adverte para o perigo de reproduzir o preconceito das elites ao narrar a trajetória de nosso esporte somente pelo lado dos poderosos: “desconsiderar a prática esportiva de grupos os quais os próprios sportmens queriam ignorar, acaba muitas vezes por fazer da memória construída por esses jovens esportistas a própria história do futebol na cidade” (2000, p.87).
 O mundo caminha por diferentes percursos, no entanto, uma história oficial do futebol privilegiou contar apenas pelo ângulo das elites que faziam de tudo para manter o futebol como monopólio de sua classe. Ao todo 77 clubes de futebol já praticam o esporte independente da Liga principal. Um dos clubes que surgia e tinha um perfil operário era o Carioca, formado por operários da fábrica de tecelagem no Jardim Botânico, Aliás, este é um dos momentos de maior crescimento do número de trabalhadores das indústrias no início do século. O Rio de Janeiro ainda superava São Paulo na quantidade de fábricas, concentradas em diversas atividades, especialmente a tecelagem.
            A ascensão do Vasco na Primeira Divisão em 1923 vai provar que o futebol praticado pelas camadas inferiores estava bem vivo desde os primeiros anos e que a manutenção dos privilégios e barreiras em sua prática estavam com seus dias contados ou, ao menos, ameaçados.
 Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Fonte: Revista Nosso Século, vol 1 (1900-1910), São Paulo, Abril Cultural, 1980,  p.77.

Vasco Revista da Semana 1907

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1906 PRIMEIRO BICAMPEÃO NO REMO

                             “Dia virá em há de se reconhecer a grandeza dos serviços que
                                           os clubs de regata estão prestando ao Brasil”
                                                                Olavo Bilac


1906             Primeiro Bicampeão no Remo
        
                Mais de 10 clubes disputavam em igualdade de condições a possibilidade de conquistar o campeonato. O equilíbrio entre os adversários estimulava a presença do público que prestigiava a competição com grande entusiasmo. Com o Pavilhão recém-construído e com a novidade da iluminação, novas atrações tornavam o torneio daquele ano mais especial. Era o último da dupla Passos-Alves. Dois dos maiores representantes do governo e grandes incentivadores das atividades náuticas.
                O remo vivia o seu auge de popularidade, atraindo todas as atenções da imprensa que acompanhava timidamente a criação do primeiro campeonato de futebol na cidade. Se o futebol ainda era uma atividade desconhecida para a maioria da população, o remo caía no gosto de todos que faziam questão de prestigiar os eventos mais importantes lotando a Enseada de Botafogo, local principal das competições.
Era o ano de inauguração da iluminação da orla de Botafogo. O Governo federal não poupou esforços para que a festa do remo fose comemorada como um evento para agradar a toda a população da cidade. No último ano do Governo Rodrigues Alves, o presidente fazia questão de entregar o Pavilhão (1905) e toda a região ao redor com ares europeus. Para o jornal Gazeta de Notícias, um dos principais da época, o Rio de Janeiro se transformou numa verdadeira Veneza. “Foi uma festa alucinante. A baía de Botafogo parecia um caleidoscópio. Aqui, acolá, por todos os lados, por todos os cantos, fulgiam clarões, barcas iluminadas, escaleres cheios de fogos (...) quem olhava tudo aquilo ficava com o olhar cansado de tanta luz (...) a sublime Avenida Beira-mar teve ontem a mais sublima e a mais formosa apoteose que é dado se imaginar”.
“Na temporada de 1906, o Vasco continuou arrasador e a Procellaria novamente conquista a prova do campeonato (...) O título é comemorado com grande festa, já na nova Sede de Santa Luzia”[1]. Muito do sucesso do Clube deve ser creditado para os seus atletas mas deve-se destacar a figura de Cândido de Araújo, reeleito em 1905, continuou administrando o clube com imensa dedicação, sendo coroado com mais um título. Ele e o Grupo dos XIII serão responsáveis pela instalação na nova sede na rua Santa Luzia n°250. Lá será o local que o clube promoverá diversas atividades sociais e representará um período importante na história da agremiação até a criação do estádio de São Januário.
O remo vivia seus momentos de glórias. O Pavilhão era um dos locais mais badalados da cidade. Os bondes lotavam para chegar até a Enseada de Botafogo. O sonho do prefeito Pereira Passos e do Presidente Rodrigues Alves era realizado. Porém, o Rio de Janeiro não era apenas a Zona Sul e o bairro elegante de Botafogo. A cidade que passou por toda aquela reformulação começaria a sentir os efeitos das conseqüências sociais fruto de uma política segregadora que empurrou as populações mais pobres para bairros mais distantes.
No ano em que comemoramos o bicampeonato, o Club de Regatas Flamengo continuava sem títulos. Aliás, só conquistaria o primeiro daqui a dez anos. Os maiores adversários do Vasco eram os clubes da região de Santa Luzia e o Gragoatá de Niterói. No entanto, para o jornalista Ruy Castro, autor de “O Vermelho e o Negro, pequena história do Flamengo” (2001), a rivalidade entre os dois clubes era intensa desde o final do século XIX: “de um lado, o mais que brasileiro, Flamengo, nascido na praia dos tamoios, de outro, o Vasco, fundado pela colônia portuguesa do Rio (...) o Vasco foi o responsável pela avassaladora popularidade do Flamengo”. Nada mais distante da realidade ao que colocar o Flamengo como um clube autenticamente nacional em seus primeiros anos e com uma popularidade que não tinha no começo de sua história. Esse privilégio era do Vasco.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Fonte: www.paixaovascao.com.br

Vasco Revista da Semana 1906

Vasco Revista da Semana 1906

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

TOV 1968: ROSALINA PREPARA O ASSALTO

As Torcidas do América, Flamengo, Bangu, Campo Grande e Jovem Flu já aderiram a do Vasco da Gama.
Dulce Rosalina vibra. Já marcou até hora para invadir o Estádio com sua massa alucinante, e deu seu grito de guerra:
- A 12h45m vamos entrar no Estádio para tomá-lo de assalto. Meu pessoal vem todo uniformizado, camis branca, escudo do Vasco ao peito e nas costas os dizeres Torcida do Vasco.
O Vasco terá a maior Torcida de sua história. Todo o Estado do Rio, torcedores de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Brasília e Norte do país aderiram a Dulce. Os do Norte não vem, mas escreveram solidarizando-se com a Chefe da Torcida, Dulce volta a falar de suas bossas:
- É segredo. Não posso contar os detalhes. Mas uma coisa eu garanto: a Torcida do Vasco vai fazer a maior demonstração já vista no Estádio Mário Filho. Aos Vascaínos peço que levem bandeiras, em vez de uma, duas em cada mão, papel picado e tudo o mais que represente estímulo ao nosso Clube.
O Presidente Reinaldo Reis, será empossado nas arquibancadas. Dulce Rosalina passará a ele o cargo de Chefe da Torcida do Vasco, cobrando uma promessa que o próprio Presidente havia feito e conclama:
- Peço a todos os Vascaínos que cheguem cedo para tomarmos o Estádio bMário Filho de assalto por favor...
Dulce tem um grupo que acompanha há 12 anos, nas vitórias e nas derrotas. Um grupo de associados empossou-se no cargo em 1958. Os dois irmãos Mário e Margarida não podiam mais comandar a Torcida e os associados Tião, Dona Italina, Aida de Almeida, Madame Bastos, José Fonseca e o Presidente do Clube lhe deram o cargo. E ela explica por que não o abandonou ainda:
- A minha maior alegria dentro da Torcida é o amor, o carinho e o incentivo que recebo. Cada Casaca é uma motivação a mais para mim. Casaca .. Casaca... Vasco.
Uma manchete do Jornal dos Sports virou hino do Vasco e será novamente repetida hoje, pelos milhões de torcedores:
- Olê , olá, o nosso Vasco está botando pra quebrar...
A arbitragem de Armando Marques não preocupa, ao contrario, tranqüiliza, a Torcida Vascaína, Dulce e a Torcida gostam dele como juiz, Mas ..
_ Ele apita bem, mas se prejudicar o Vasco vai levar vaia e palavrão. O palavrão não é invenção nossa. Começou em São Paulo e no Rio, foi iniciada pela Torcida Vascaína num jogo com o Botafogo pela Taça Guanabara, quando perdemos roubados.
Dulce recebe cartas, telegramas e telefonemas de torcedores de toda parte, pedindo instruções e comunicando que estarão presentes ao Estádio. De Niterói, Petrópolis, Teresópolis, Barra do Pirai, Volta Redonda, Barra Mansa, Três Rios, Campos, Nova Iguaçu, Nilópolis e Vassouras virão caravanas. De Friburgo sob o comando do Prefeito Amâncio de Azevedo e do Deputado Álvaro de Almeida, Juiz de Fora, Governador Valadares, um grupo do Cruzeiro de Valeriodoce, Miguel Pereira, Pati do Alferes, Cordeiro (terra do Bainchini), uma turma de São Paulo, um grupo do Vasco da Gama da segunda divisão do Paraná, todos vão torcer pelo Vasco. Cartas do Norte proclamam solidariedade, e por fim, uma outra Torcida gloriosa que aderiu: Jaime de Carvalho, Chefe da Torcida do Flamengo, disse que torcerá pelo Vasco. Ele e todos os rubro-negros. Por que? Ele responde:
- Porque se o Botafogo vencer será bi. O ano que vem pode ser tri. Só o Flamengo pode ser tricampeão.
Fonte: Jornal dos Sports 08 de Junho de 1968

 
TOV Jornal dos Sports 1968

TOV Jornal dos Sports 1968

TOV Jornal dos Sports 1968

domingo, 20 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1905 SALVE O ALMIRANTE NEGRO

                                            “Era o delírio do Rowing. Os dias de regatas
                                                   tornavam-se acontecimentos urbanos”
                                                          Cronista João do Rio    

1905                   Salve o Almirante Negro
     
   Vários clubes no Brasil tiveram na sua história capítulos importantes na luta contra a discriminação racial no Brasil, mas poucos podem se orgulhar de tantos momentos decisivos para a superação do preconceito racial quanto o Vasco. Neste ano tivemos o primeiro presidente negro: Cândido de Araujo.
            Candido fazia parte de um grupo de associados que terá um papel preponderante nos rumos do clube nos próximos anos quando alcançará suas primeiras grandes vitórias no remo: “era o Grupo dos XIII, de onde despontava o seu presidente (...) os irmãos Carvalho Silva; Anibal Peixoto; dentre outros. Foram esses sócios pioneiros que, na ausência do seu presidente honorário Alberto Carvalho Silva, determinaram os caminhos de glória do Vasco’[1].
            E foi o próprio Alberto o responsável por trazer da Europa um barco moderno que mudaria a história do clube que “precisava adquirir uma yole de primeira linha, encomendada em fevereiro de 1905, foi fabricada na França pelo estalaleiro Dossumet, ao custo de Fr 4.028,20”[2]
            Para coroar o ano de sucesso o clube vencia seu primeiro campeonato no remo. Um importante site vascaíno[3] resume as condições que levaram a conquista inédita naquele ano: “com três anos de paz política, uma centena de remadores inscritos na União, uma nova flotilha e um quadro social motivado, o Vasco estava pronto para vencer. Na regata de junho, cinco primeiros lugares. Na seguinte seria disputada a prova do campeonato e foi nesse dia, 24 de setembro de 1905, que a Yole 8 “Procellaria” deslizou nas águas da Enseada de Botafogo e deu ao Vasco o primeiro título de sua história”.
            Depois de ficar sem sua sede em função das Reformas que afetaram a região central do Rio de Janeiro, o clube ficou provisoriamente em uma nova sede instalado pela prefeitura na rua Luiz de Vasconcellos, n.º 14, até sua transferência definitiva para a sede da Rua Santa Luzia no ano seguinte.
Paralelamente, os poucos clubes de futebol organizados criavam na sede do Fluminense uma Liga com a proposta de, no ano seguinte, iniciar a competição de um campeonato na Capital Federal. Os dias de hegemonia absoluta do remo estavam seriamente ameaçados.
 Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte:www.memoriavascaina.com
[2] Fonte:www.memoriavascaina.com
[3] Fonte: www.paixaovascao.com.br

Vasco Revista da Semana 1905

Vasco Revista da Semana 1905

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1904 O CONVESCOTE VASCAÍNO

                            “A enseada inteira se engalana para os dias de certame marítimo”
                                              Memorialista Luiz Edmundo


1904                 O Convescote Vascaíno

        Uma das formas dos clubes garantirem o sucesso de sua existência prolongada era obter o apoio de ricos comerciantes e industriais. Estes eram convidados para patrocinar o clube e dar a chancela de prestígio social que as associações buscavam junto a sociedade. Outra maneira de se afirmarem era celebrar os feitos das realizações esportivas de seus membros para que estes assumissem maiores compromissos com a entidade.
            Neste ano um domingo especial não foi marcado por ser um “domingo de regatas”, mas pela confraternização entre os associados e uma importante figura de prestígio no clube. Em apoio ao presidente Alberto de Carvalho e Silva que viajaria para uma temporada na Europa[1], os sócios do Vasco prepararam uma homenagem ao dirigente realizando um passeio de barco até a Ilha do Engenho em um dia festivo que incluía corrida de pedestres, corrida com obstáculos, torneios de tiro, danças e excursões.
Os clubes possuíam dois movimentos para os seus sócios. Um voltado para os atletas que se dedicavam ao esporte competitivo, as disputas oficiais, os campeonatos e a busca por troféus e medalhas. Um outro movimento atraía os sócios mais velhos e as mulheres. Eram as atividades mais ligadas ao lazer, a diversão pura, do sentido de confraternização em uma “grande família”. O esporte nesse contexto é inserido muito mais como atividade recreativa que uma ação competitiva. O lazer vem em primeiro lugar. Tanto o esporte como as atividades recreativas estão envoltas em uma nova forma de sociabilidade em busca de um tipo de vida ao ar livre que faz das praias um novo local de prazer e divertimento.
            Por isso podemos entender porque o remo foi o esporte que mais imagens teve com a crescente produção de revistas mundanas que divulgavam o lazer como um novo espaço de se inserir na sociedade  e para representar “as famílias mais elegantes e a juventude moderna em ação”.
        Neste ano o clube comemorava suas primeiras vitórias no remo e continuava o processo de substituição das embarcações mais antigas               (chamadas baleeiras) pelas mais modernas (Yoles). Assim,são conquistados os primeiros troféus, em regatas oficiais, da história do clube nas provas clássicas Jardim Botânico e Sul América”[2].
Este também foi um ano importante para o futebol carioca com a criação de alguns clubes tradicional que dominaram a cena esportiva nos próximos anos. São eles: Bangu, Botafogo e América. Juntos os três novos clubes se juntariam ao Fluminense, Payssandu e o Rio Cricket para disputarem o primeiro campeonato carioca em 1906.
O ano que iniciava com a dupla Rodrigues Alves (presidente) e Pereira Passos (prefeito) no lançamento da pedra fundamental da futura Avenida Central termina com uma grande revolta popular, quando milhares de pessoas agitam as ruas protestando contra as obras e as mudanças que provocavam o afastamento de milhares de pessoas do seu local de moradia.
Nesse conjunto de mudanças é possível verificar como o esporte estava inserido pois novas avenidas seriam rasgadas e quarteirões destruídos. Um projeto de cidade perverso estava sendo gestado. Uma nova Zona Sul receberá as melhorias que beneficiarão os moradores dos palacetes das Laranjeiras e de Botafogo. Estas regiões serão beneficiadas com a melhoria do sistema de transporte e com a abertura de túneis para Copacabana (local que passa a ser habitado a partir dos anos1920). Para a população mais pobre restou ocupar os bairros da Zona Norte e dos subúrbios cariocas. Uma nova cidade mais segregada vai ser o resultado a longo prazo.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Uma viagem para a Europa era algo para poucas pessoas no início do século. Custava cerca de 3 contos e 500 mil réis, enquanto o salário da maioria dos empregados do comércio (grupo dominante entre os sócios do Vasco) era de até 300 mil réis por mês. Fonte: Nosso Século (1900-1910), vol. 1, p. 24.
[2] Fonte: www.paixaovascao.com.br

Vasco Jornal Tagarela 1904

domingo, 13 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1903 AMIGOS DO REMO, INIMIGOS DO POVO

                                   ”É incalculável a população que se moveu para os festejos (...) 
                                     a Praia de Botafogo era insuficiente para acomodar o povo”
                                                       Raul Pompéia - escritor

1903          Amigos do Remo, Inimigos do Povo

            A eleição presidencial que deu a vitória a Rodrigues Alves (1902-1906) vai marcar profundamente a vida do Rio de Janeiro, então Capital Federal. Durante o seu governo ele nomeará para prefeito da cidade, Pereira Passos. Os dois iniciaram um processo de grandes mudanças na cidade. Em pouco tempo os dois governantes fazem da região central um verdadeiro canteiro de obras mudando o visual de toda a região.
O conjunto das obras, que ficou conhecido popularmente como “bota-abaixo”, previa o aterramento de boa parte da região do Cais do Porto até o inicio da Avenida Beira-Mar, com a construção de uma grande avenida nos moldes das avenidas parisiense. Para realizar a Avenida Central, o prefeito derrubou dezenas de imóveis, expulsando milhares de pessoas de suas casas. Mas não foram somente os pobres os atingidos. Vários clubes de regatas tiveram suas sedes também derrubadas.
No entanto, a estratégia dos governantes foi socorrer os clubes e dar incentivo para que estes ficassem ao lado delas para a implementação das reformas. Para atrair a simpatia da população que acreditava na Grande Reforma que modernizaria a cidade, os dois se tornaram grandes aliados das atividades das regatas, culminando com a construção do Pavilhão em 1905.
Ao longo dos próximos 20 anos a cidade enfrentaria novas reformas que alterariam o mapa da região das praias e do desmonte de alguns de seus morros: “desapareceram a Praia do Russel na Glória, a Praia da Ajuda onde foram feitos aterros em frente à Cinelândia, a Praia de Santa Luzia que ficava em frente à Igreja de Santa Luzia no Centro da Cidade, a Praia Dom Manuel e Praia do Peixe que ficavam uma de cada lado da Praça 15, bem como a própria praia em frente a Praça 15, que chegava próxima à Rua Primeiro de Março no início da colonização, foi cada vez ficando mais afastada até se tornar cais de barcas, assim desaparecendo do cenário natural. Entre a Praça 15 e Praça Mauá, tudo era faixa de praia e a chamada Prainha ficava onde hoje é a Praça Mauá. Existiram também praias em frente ao bairro da Saúde que chegava até a Rua Sacadura Cabral, assim como a Praia da Gamboa que era local de pescadores, e o Saco ou pequena Enseada do Alferes na mesma área. Estas áreas da Saúde e Gamboa foram aterradas para construção do Porto do Rio de Janeiro no início do século 20”[1].
Clara Malhano, autora do livro sobre São Januário, explica como o nosso clube foi afetado: “as sucessivas conquistas ao mar implicaria no desaparecimento de diversos acidentes físicos e, até mesmo, alguns logradouros públicos. O grande projeto iria prejudicar o estabelecimento do Club de Regatas Vasco da Gama em suas duas extremidades. Por uma delas, as ampliações do Cais do Porto se estenderam por sobre a Ilha das Moças, eliminando uma das possibilidades de sede própria. Por outro, a construção da Avenida Beira-Mar se estenderia por sobre a Travessa Maia, onde o clube mantinha uma garagem de baleieras e outros barcos, eliminando tanto a ponta do Calabouço quanto a do Gelo” ( 2002, p.52-53).
                Mesmo sofrendo com as obras de remodelação do Porto e a criação da Avenida Central, o Vasco procurava olhar com otimismo e comemorava em grande estilo o seu 5° aniversário com uma matinee, exercícios de ginástica, regata íntima e batismo de duas yoles (eram barcos mais modernos, que receberam os nomes de Albatroz e Condor). A compra de yoles foi possível em função do governo federal facilitar na importação destas embarcações do continente europeu .
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] http://www.riodejaneiroaqui.com/pt/praias-antigas.html

Vasco Revista O Malho 1903

Vasco Revista O Malho 1903


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1902 TRAGÉDIA NO MAR

                                                   “os moços que se entregam ao manejo          
                                                do remo serão a arca de defesa da pátria”
                                                         Frase de Olavo Bilac

1902                     Tragédia no Mar
        Nem sempre a história de um clube pode ser contada somente com as vitórias, as conquistas ou feitos heróicos. O passado acaba por revelar caminhos tortuosos, fatos inesperados que alteram os sentidos iniciais atribuídos ao esporte. As vezes, quando menos se espera, vem uma notícia que abala os ânimos dos integrantes da agremiação ou serve para consolidar sentimentos básicos de pertencimento. Assim foi no mês de maio, quando um grupo de atletas sofreu com uma tempestade repentina na Baía de Guanabara. O acidente poderia ter sido pior já que alguns conseguiram nadar e ser salvos. “Ficou marcada como a pior da história do Vasco: a baleeira “Vascaína”, em uma viagem de lazer até Niterói, vira e o mar agitado engole 4 de seus 13 tripulantes, entre eles o fundador e a época secretário Luiz Jacinto Ferreira de Carvalho”[1].
            A notícia comoveu toda a cidade que passou a acompanhar o resgate dos corpos desaparecidos, contando com a mobilização de atletas de várias agremiações: “tem continuado incessante o trabalho dos sócios do Club Vasco da Gama e outros clubs de regatas procurando os cadáveres dos náufragos”. Pouco depois era realizada uma missa de 7° dia na Igreja da Candelária, recebendo o comparecimento de centenas de pessoas.
            O desastre não teve maiores proporções pois contou com ajuda heroica de dois pescadores que conseguiram trabalhar no resgate dos 9 remadores. Em junho, o clube fazia uma homenagem dando a José Moreno e Antonio Silveira, medalhas de ouro pelo “arrojado comedimento que empreenderam para salvar com abnegado esforço os nove associados que, graças a este ato de heroísmo sobreviveram ao naufrágio da baleeira Vascaína”. A homenagem aconteceu na Associação dos Empregados do Comércio e contou com a presença do Presidente da República[2].
                Poucos antes o clube já havia recebido a triste notícia do falecimento de seu primeiro presidente, Francisco Couto, que retornara ao clube em 1901. A união de atletas, associados e torcedores certamente contribuiu para o clube superar tantas infelicidades em tão pouco tempo. O nosso caminho nunca foi fácil, restava redobrar as energias da família cruzmaltina para retomar o rumo das alegrias que aquele esporte proporcionava.
Neste ano o Conselho Superior de Regatas é renomeado e passa a se chamar Federação Brazileira de Sociedades de Remo (FBSR), quando instituiu o Campeonato Brasileiro de Remo.
Também neste ano era criada a revista de variedades O Malho. Esta publicação será uma fonte valiosa de exposição do remo e um canal permanente de comunicação com o público amante do esporte que apreciará as imagens dos remadores em ação. Com o surgimento dela e outras revistas que aparecem também neste período, o esporte carioca começa a ter uma maior divulgação.
Outra revista criada nesta época e que foi muito importante para a divulgação das atividades náuticas era a Revista da Semana, criada em 1900 e que saía como suplemento do Jornal do Brasil. Nela foi possível conhecer a história do clube que completava 4 anos[3], enfatizando a figura do primeiro presidente, Francisco do Couto (que falecera em maio de 1902), o esforço para comprar os barcos, a divisão do clube em 1901(em que vários associados foram para o Internacional) até o desastre que resultou na morte dos remadores na Baía de Guanabara. A reportagem tem um tom profético pois celebra o clube como algo que marcaria a vida da cidade pela sua popularidade e por sua paixão dos associados: “o Club de Regatas Vasco da Gama começou desde logo pelo devotamento dos seus fundadores e sócios a recomendar-se a simpatia pública, desenvolvendo dia-a-dia o seu valente corpo de remadores e aumentando a sua esquadra de elegantes embarcações construídas de acordo com o que de mais adiantado era possível entre nós conseguido”.
Não é à toa que o clube chegará aos primeiros títulos em 1905 e 1906, se tornado o primeiro bicampeão da cidade e referência para os outros clubes.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte:www.paixaovascao.com.br
[2] Fonte: Gazeta de Noticias, 19 de junho de 1902.
[3] Revista da Semana, 24 de agosto de 1902.

Vasco Revista da Semana 1902

Vasco Revista da Semana 1902



domingo, 6 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1901 VIVA OS ROWINGS VASCAÍNOS!

                      “as camadas populares estavam sempre presentes nos eventos náuticos”
                                                     Victor Melo – historiador do Remo

1901               Viva os Rowings Vascaínos!

              A existência prolongada de um clube ou de qualquer outra instituição depende de inúmeros fatores. Ao comemorar 100 anos em 1998, muitas histórias de glórias e feitos heróicos foram revividos pelos vascaínos. Porém, uma parte dessa história é jogada para debaixo do pano. São os momentos de brigas, tensões e disputas internas, comuns ao longo dos anos. Reviver esses momentos nos ajudam a entender o quanto foi difícil manter uma instituição funcionando por mais de um século, quando problemas internos quase que não deixam o clube chegar nem ao 5° ano de vida.
Um grupo de oposição ao presidente Leandro Martins resolveu, em fevereiro de 1901, modificar o que ficou estabelecido no final do ano anterior e criou uma verdadeira revolta promovendo uma série de ações que dividiu os sócios e impediu o bom funcionamento do clube. Terminou quando “o grupo insatisfeito abandona o Vasco, se juntando ao Internacional de Regatas. Alguns eram homens que contribuíram muito com clube no seu começo, o remador e técnico José Lopes de Freitas estava entre eles, mas que agora desferiam um golpe quase mortal no Vasco”[1].
Apesar das adversidades o clube e seus associados seguiam em frente e realizaram um “pic nic” na Ilha do Engenho[2] (São Gonçalo) em comemoração ao terceiro aniversário do grêmio e como forma de integrar mais a família vascaína. A realização de atividades recreativas (como passeios e festas) somadas às esportivas foram fundamentais para a formação da nossa identidade clubística e um bom meio de exprimir sua diferença dos outros clubes. De todas as associações de regatas, o Vasco foi aquele que mais procurou ultrapassar o caráter esportivo criando inúmeras redes de solidariedade entre os seus associados. Em muitos pic nics eram levantados recursos para ajudar os mais necessitados, por exemplo.
Como toda a crise do ano foi superada é um grande mistério. Mas a força dos sócios mais abnegados foi, talvez, a melhor explicação para o clube continuar existindo. Nos próximos anos as lutas para o clube se afirmar ainda seriam muitas. Certamente a força de vontade dos remadores dando o exemplo de obstinação pelo clube, falou mais alto.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte;www.paixaovascao.com.br
[2]De acordo com informações do site www.semprevasco.com: “a ilha era de propriedade de Henrique Lage, sendo posteriormente repassada à administração do Corpo de Fuzileiros Navais, permanecendo sob a tutela da Marinha até hoje. Naquele tempo o acesso era livre”.


Vasco Revista da Semana 1901

Vasco Revista da Semana 1901


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1900 ARGENTINOS NA FESTA VASCAÍNA

                                                     “os moços que se entregam ao manejo        
                                                        do remo serão a arca de defesa da pátria”
                                                                        Frase de Olavo Bilac

1900             Argentinos na Festa Vascaína

Em função dos desentendimentos do ano anterior, a temporada das regatas para o Vasco não seria nada fácil. O clube “mais uma vez não competiu efetivamente pelo campeonato de remo, mas mesmo assim foi conquistada a segunda vitória da história do clube com a “Visão”, no terceiro páreo da primeira Regata de 1900”[1].
         Os associados tentavam dar a volta por cima mantendo acessa a chama de união alcançada nos primeiros meses de fundação. Foi assim que elegeram para presidente Leandro Martins com a missão de reagrupar os associados promovendo novas atividades recreativas. Na mesma época eles fazem uma confraternização ao comemorar os seus dois anos de existência. O clube realiza uma grande festa. Na ocasião eles recebem a visita da bela fragata argentina “Sarmiento” que viajava pelo mundo em atividade de instrução. A ponta do Quilombo (Ilha do Governador) foi o local escolhido para uma reunião social no palacete de Antonio Sousa Gomes, pai de Rodolpho Souza Gomes, um dos organizadores do evento vascaíno.
Ao retornar para a cidade os vascaínos resolvem caminhar pela cidade: “organizando os sócios do Vasco precedidos de uma banda de música e acompanhados por algumas famílias uma ruidosa passeata pelas ruas na nossa capital”[2]. Desde cedo percebe-se um desejo de fazer do clube uma instituição que representasse toda a cidade, que ocupasse seus espaços públicos e ganhasse a simpatia do população local. Não era um clube virado somente para si e seus sócios, mas voltado para expandir suas fronteiras para além dos associados.
Em grande reportagem realizada pela Revista da Semana é possível entender a grandeza do clube que reunia “um número superior a 400 (sócios), quase exclusivamente empregados do comércio”. E destaca o perfil do clube e de outros da região, além enfatizar que se rompiam barreiras na iniciativa de levar o remo para as camadas populares: “a esse clube, bem como a seus coirmãos do Boqueirão do Passeio, do Natação e outros, cabe a gloriosa iniciativa de introdução em nosso meio comercial do gosto náutico, vencendo quase inteiramente o preconceito retrógrado que votava ao ostracismo um esporte de tão benefícios efeitos”.
Lendo as notícias divulgadas pela imprensa é nítido o interesse dos organizadores das competições náuticas passarem uma imagem de fidalguia e distinção de classe nos principais eventos, em contraste com a crescente participação popular. Os clubes da região do Centro viviam o dilema de aceitarem novos sócios e atletas das camadas populares e de se apresentar como clubes dotados de membros “da boa sociedade”.
Essa tensão entre a popularização e os traços elitistas de quem comandava o esporte podia ser resolvida de várias formas. Algumas mais excludentes, como a separação nas arquibancadas criando locais reservados, nos barcos enfeitados e agrupando os mais elegantes, ou divulgando o grande público que assistia de diversos lugares em toda a Enseada de Botafogo. Um exemplo de seu caráter elitista e do papel desempenhado pela representação da grande imprensa era o apregoado anúncio de mulheres que “enfeitavam” a festa, é a reportagem da Gazeta de Notícias do dia 13 de agosto de 1900: “nas arquibancadas que o Conselho Superior de Regatas destinou aos seus convidados eram indescritíveis o entusiasmo com que todos acompanhavam as peripécias de cada um dos páreos e as ovações feitas aos seus vencedores. Ali estava representada uma grande parte do que de melhor tem a sociedade fluminense. Além das arquibancadas, completamente repleta de mimosas representantes do belo sexo, ainda no grande pavilhão central e em grande número nas canoas viam-se outras não menos mimosas, ostentando a beleza das suas toillettes claras”.
A presença feminina nas regatas será quase que obrigatória nas reportagens da época que ressaltavam uma mudança de hábito com o desenvolvimento urbano trazendo um afrouxamento dos laços familiares e um esvaziamento do poder das associações religiosas que perdiam espaço para as novas formas de sociabilidade como os eventos culturais e esportivos que se alastravam pela metrópole.
Em dezembro era anunciado e realização de obras na garagem do Vasco que garantiram um aumento de 30 metros. Garantindo mais espaço para o aumento do número de barcos, totalizando 23 embarcações. Também era anunciada a formação de uma escola de natação para em breve. Ela iria se juntar a escola de ginástica do clube, local de grande freqüência dos associados.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte:www.paixaovascao.com.br
[2] Semana Sportiva, agosto de 1900.

Vasco Revista da Semana 1900

Vasco Jornal do Brasil 1900