“Dia virá em há de se reconhecer a grandeza dos serviços
que
os clubs de regata estão prestando ao
Brasil”
Olavo Bilac
1906 Primeiro Bicampeão no Remo
Mais de 10 clubes disputavam em igualdade de condições a possibilidade de conquistar o campeonato. O equilíbrio entre os adversários estimulava a presença do público que prestigiava a competição com grande entusiasmo. Com o Pavilhão recém-construído e com a novidade da iluminação, novas atrações tornavam o torneio daquele ano mais especial. Era o último da dupla Passos-Alves. Dois dos maiores representantes do governo e grandes incentivadores das atividades náuticas.
O remo vivia o seu auge de
popularidade, atraindo todas as atenções da imprensa que acompanhava
timidamente a criação do primeiro campeonato de futebol na cidade. Se o futebol
ainda era uma atividade desconhecida para a maioria da população, o remo caía
no gosto de todos que faziam questão de prestigiar os eventos mais importantes
lotando a Enseada de Botafogo, local principal das competições.
Era
o ano de inauguração da iluminação da orla de Botafogo. O Governo federal não
poupou esforços para que a festa do remo fose comemorada como um evento para
agradar a toda a população da cidade. No último ano do Governo Rodrigues Alves,
o presidente fazia questão de entregar o Pavilhão (1905) e toda a região ao
redor com ares europeus. Para o jornal Gazeta de Notícias, um dos principais da
época, o Rio de Janeiro se transformou numa verdadeira Veneza. “Foi uma festa
alucinante. A baía de Botafogo parecia um caleidoscópio. Aqui, acolá, por todos
os lados, por todos os cantos, fulgiam clarões, barcas iluminadas, escaleres
cheios de fogos (...) quem olhava tudo aquilo ficava com o olhar cansado de
tanta luz (...) a sublime Avenida Beira-mar teve ontem a mais sublima e a mais
formosa apoteose que é dado se imaginar”.
“Na
temporada de 1906, o Vasco continuou arrasador e a Procellaria novamente conquista
a prova do campeonato (...) O título é comemorado com grande festa, já na nova
Sede de Santa Luzia”[1]. Muito do sucesso do Clube
deve ser creditado para os seus atletas mas deve-se destacar a figura de
Cândido de Araújo, reeleito em 1905, continuou administrando o clube com imensa
dedicação, sendo coroado com mais um título. Ele e o Grupo dos XIII serão responsáveis
pela instalação na nova sede na rua Santa Luzia n°250. Lá será o local que o
clube promoverá diversas atividades sociais e representará um período
importante na história da agremiação até a criação do estádio de São Januário.
O
remo vivia seus momentos de glórias. O Pavilhão era um dos locais mais
badalados da cidade. Os bondes lotavam para chegar até a Enseada de Botafogo. O
sonho do prefeito Pereira Passos e do Presidente Rodrigues Alves era realizado.
Porém, o Rio de Janeiro não era apenas a Zona Sul e o bairro elegante de
Botafogo. A cidade que passou por toda aquela reformulação começaria a sentir
os efeitos das conseqüências sociais fruto de uma política segregadora que
empurrou as populações mais pobres para bairros mais distantes.
No
ano em que comemoramos o bicampeonato, o Club de Regatas Flamengo continuava
sem títulos. Aliás, só conquistaria o primeiro daqui a dez anos. Os maiores
adversários do Vasco eram os clubes da região de Santa Luzia e o Gragoatá de
Niterói. No entanto, para o jornalista Ruy Castro, autor de “O Vermelho e o
Negro, pequena história do Flamengo” (2001), a rivalidade entre os dois clubes
era intensa desde o final do século XIX: “de um lado, o mais que brasileiro,
Flamengo, nascido na praia dos tamoios, de outro, o Vasco, fundado pela colônia
portuguesa do Rio (...) o Vasco foi o responsável pela avassaladora
popularidade do Flamengo”. Nada mais distante da realidade ao que colocar o
Flamengo como um clube autenticamente nacional em seus primeiros anos e com uma
popularidade que não tinha no começo de sua história. Esse privilégio era do
Vasco.
Fonte: Livro “100 anos da
Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.
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