quarta-feira, 23 de agosto de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1906 PRIMEIRO BICAMPEÃO NO REMO

                             “Dia virá em há de se reconhecer a grandeza dos serviços que
                                           os clubs de regata estão prestando ao Brasil”
                                                                Olavo Bilac


1906             Primeiro Bicampeão no Remo
        
                Mais de 10 clubes disputavam em igualdade de condições a possibilidade de conquistar o campeonato. O equilíbrio entre os adversários estimulava a presença do público que prestigiava a competição com grande entusiasmo. Com o Pavilhão recém-construído e com a novidade da iluminação, novas atrações tornavam o torneio daquele ano mais especial. Era o último da dupla Passos-Alves. Dois dos maiores representantes do governo e grandes incentivadores das atividades náuticas.
                O remo vivia o seu auge de popularidade, atraindo todas as atenções da imprensa que acompanhava timidamente a criação do primeiro campeonato de futebol na cidade. Se o futebol ainda era uma atividade desconhecida para a maioria da população, o remo caía no gosto de todos que faziam questão de prestigiar os eventos mais importantes lotando a Enseada de Botafogo, local principal das competições.
Era o ano de inauguração da iluminação da orla de Botafogo. O Governo federal não poupou esforços para que a festa do remo fose comemorada como um evento para agradar a toda a população da cidade. No último ano do Governo Rodrigues Alves, o presidente fazia questão de entregar o Pavilhão (1905) e toda a região ao redor com ares europeus. Para o jornal Gazeta de Notícias, um dos principais da época, o Rio de Janeiro se transformou numa verdadeira Veneza. “Foi uma festa alucinante. A baía de Botafogo parecia um caleidoscópio. Aqui, acolá, por todos os lados, por todos os cantos, fulgiam clarões, barcas iluminadas, escaleres cheios de fogos (...) quem olhava tudo aquilo ficava com o olhar cansado de tanta luz (...) a sublime Avenida Beira-mar teve ontem a mais sublima e a mais formosa apoteose que é dado se imaginar”.
“Na temporada de 1906, o Vasco continuou arrasador e a Procellaria novamente conquista a prova do campeonato (...) O título é comemorado com grande festa, já na nova Sede de Santa Luzia”[1]. Muito do sucesso do Clube deve ser creditado para os seus atletas mas deve-se destacar a figura de Cândido de Araújo, reeleito em 1905, continuou administrando o clube com imensa dedicação, sendo coroado com mais um título. Ele e o Grupo dos XIII serão responsáveis pela instalação na nova sede na rua Santa Luzia n°250. Lá será o local que o clube promoverá diversas atividades sociais e representará um período importante na história da agremiação até a criação do estádio de São Januário.
O remo vivia seus momentos de glórias. O Pavilhão era um dos locais mais badalados da cidade. Os bondes lotavam para chegar até a Enseada de Botafogo. O sonho do prefeito Pereira Passos e do Presidente Rodrigues Alves era realizado. Porém, o Rio de Janeiro não era apenas a Zona Sul e o bairro elegante de Botafogo. A cidade que passou por toda aquela reformulação começaria a sentir os efeitos das conseqüências sociais fruto de uma política segregadora que empurrou as populações mais pobres para bairros mais distantes.
No ano em que comemoramos o bicampeonato, o Club de Regatas Flamengo continuava sem títulos. Aliás, só conquistaria o primeiro daqui a dez anos. Os maiores adversários do Vasco eram os clubes da região de Santa Luzia e o Gragoatá de Niterói. No entanto, para o jornalista Ruy Castro, autor de “O Vermelho e o Negro, pequena história do Flamengo” (2001), a rivalidade entre os dois clubes era intensa desde o final do século XIX: “de um lado, o mais que brasileiro, Flamengo, nascido na praia dos tamoios, de outro, o Vasco, fundado pela colônia portuguesa do Rio (...) o Vasco foi o responsável pela avassaladora popularidade do Flamengo”. Nada mais distante da realidade ao que colocar o Flamengo como um clube autenticamente nacional em seus primeiros anos e com uma popularidade que não tinha no começo de sua história. Esse privilégio era do Vasco.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Fonte: www.paixaovascao.com.br

Vasco Revista da Semana 1906

Vasco Revista da Semana 1906

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