domingo, 30 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1899 O CLUBE DIVIDIDO

                                  “A cruz vascaína é, definitivamente, a "Cruz de Cristo".
                                           Henrique Hubner – Centro de Memória do Clube

1899                     O Clube Dividido
            
Antes do clube completar um ano de existência ocorre uma cisão que quase leva ao fim da agremiação. Um grupo de associados, liderados pelo  próprio presidente Francisco do Couto resolve sair do clube e fundar outro. O Club de Regatas Guanabara.
            O motivo da discórdia era o aparecimento de duas posições opostas sobre a localização ideal para a sua sede. Uma parte dos sócios (maioria) queria que a sede ficasse próxima a Praia de Santa Luzia onde ficava a garagem na qual eram guardados os barcos. A corrente minoritária queria ir para a Praia de Botafogo.
            O grupo vencedor se instalou onde queria: na Travessa Maia, alugando uma sede onde também estavam instaladas as sedes próprias de outros clubes de regatas. Lá já estavam o Club de Regatas e Natação, o Club do Boqueirão do Passeio e o Clube Internacional de Regatas. Não se tratava de uma simples escolha de local A ou B. Tratava-se de definir a prioridade para o deslocamento de seus atletas e associados, moradores no Centro e arredores. Como a Zona Sul era um local distante, o resultado seria o afastamento progressivo dos fundadores e a provável composição de uma nova força política que adotaria os mesmos critérios seletivos dos outros clubes da Zona Sul.
Manter o clube no Centro foi uma decisão acertada, mas o resultado foi o afastamento de diversos sócios e o desfalque de vários barcos que são levados pelos dissidentes.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


Vasco Jornal Semana Esportiva 1899





quarta-feira, 26 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1898 QUANDO TUDO COMEÇOU

                                                  “1498-1898 - Comemorações do IV Centenário do 
                                      Descobrimento do Caminho das Índias por Vasco da Gama”.

1898                   Quando Tudo Começou

A criação de um clube esportivo entre o final do século XIX e início do século XX seguia basicamente o mesmo roteiro: um grupo de jovens idealistas e praticantes de esportes se reunia e decidia fundar uma agremiação. Foi assim no Club de Regatas Botafogo, no América Football Club, no Fluminense Football Club e, também, no Club de Regatas Vasco da Gama.
O contexto histórico e social revela que não bastavam apenas generosas iniciativas individuais para que tal tipo de idéia se concretizasse. Era preciso que várias condições permitissem que simples idéias não se evaporassem ou tivessem curta duração.
O período entre 1890 e 1930 apresentava características próprias  que fizeram daquela época uma excelente oportunidade da proliferação da prática esportiva. A cidade do Rio de Janeiro vivia um processo acelerado de urbanização, em que se destacava uma transformação nos meios de transporte e um incremento nas atividades comerciais, além da multiplicação de indústrias. Tudo indicava que, segundo os mais otimistas, a cidade caminhava na direção das grandes metrópoles como Londres, Paris e Nova Iorque.
            Era a “modernidade” chegando de forma cada vez mais intensa. E praticar “Sport” era ser “moderno”. O remo principalmente e, depois, o futebol eram vistos como práticas associadas a um estilo de vida novo que trazia para a juventude carioca a esperança de estar contribuindo para a “construção do novo mundo”.
            Para o pesquisador da história do esporte no Rio de Janeiro, Victor Melo, o prestígio do remo e a grande popularidade alcançada por esta atividade física pode ser atribuída a vários fatores que levaram a ser o esporte preferido no início do século XX, superando todas as outras incipientes práticas esportivas, como o ciclismo e o football. O remo ”enfatizava uma nova estética corporal, uma preocupação renovada com a saúde, a busca de um estilo de vida ao ar livre, a competição, harmonia e coletividade”[1].
            Quando os quatro jovens praticantes de remo tiveram a idéia de criar o C. R. Vasco da Gama, logo eles receberam o apoio de dezenas de outras pessoas que se empenharam em levar adiante aquele desejo. Muitos deles nem eram praticantes de esportes, mas compartilhavam com os mesmos ideais daqueles jovens.
             A definição do nome do clube ficou estabelecida no dia de sua fundação (21 de agosto de 1898). Em seguida foi eleita uma diretoria e uma comissão para redigir o Estatuto. Como era comum à época foi convidada uma figura mais velha e com mais recursos, para presidir o clube: Francisco do Couto era escolhido como o primeiro presidente do clube.
            Localizado em um bairro popular no centro da cidade, a Saúde era uma região densamente povoada, com a presença de muitos imigrantes portugueses, mas também com uma forte presença de negros. Esta era uma diferença básica do Vasco para muitos outros clubes de remo, especialmente para aqueles localizados na Zona Sul. O perfil socioeconômico de seus atletas e dos associados era majoritariamente composto de portugueses ou filhos de imigrantes, quase todos eram trabalhadores do comércio. Enquanto os clubes de regatas da  Zona mais rica da cidade faziam questão de se apresentarem como aqueles que “reuniam os filhos das melhores famílias da cidade” e cobrando altas mensalidades, o Vasco, desde o começo, procurou ser um clube mais aberto e disposto a reunir uma população menos favorecida. A luta por manter o clube localizado no Centro e manter uma identidade menos elitista, não será uma questão menor, como veremos no ano seguinte.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] MELO, Victor Andrade de. Cidade Sportiva. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.2001. p.155

Vasco Jornal Mercúrio 1898

Vasco Jornal Gazeta de Notícias 1898

domingo, 23 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 2016 AQUI É VASCO

                                       “A partida de futebol é mais disputada por torcedores 
                                                               do que por atletas no campo”
                                                              Drummond, poeta e vascaíno

2016                           Aqui é Vasco
        A temporada vascaína neste ano foi bem esquizofrênica. No primeiro semestre a caravela do Almirante atravessou os mares atropelando os adversários cariocas e levantou com brilho o bicampeonato estadual. O time permaneceu 34 jogos invictos e apresentou todas as melhores credenciais para fazer uma ótima campanha pela Série B no segundo semestre. No entanto, o que se viu foi uma travessia marcada por muitas turbulências, com derrotas para times inexpressivos e um desempenho pífio. Resultado: estádios vazios e desânimo geral da torcida com o elenco.
            Logo no início do ano, o clube inicia uma campanha de sócio-torcedores intitulada “Gigante”. A iniciativa visava aumentar o número de associados e era baseada em modernos conceitos de marketing esportivo, com promoções diversas e outros atrativos. Por outro lado, o presidente Eurico Miranda, sugeria uma “Bolsa Torcedor”, criando um sistema de cotas para os adeptos mais carentes com ingressos de baixo custo.
            Em ano de Olimpíada na Cidade Maravilhosa no mês de agosto, os clubes cariocas ficaram sem os dois estádios reservados para o evento: o Maracanã e o Engenhão permaneceram fechados nestes meses.  Para o Vasco isso não foi um grande problema pois o estádio de São Januário foi utilizado pelo clube em diversos jogos, como na partida com o Flamengo, em fevereiro. Ao terminar a disputa com vitória vascaína, o principal jogador do elenco, Nenê, resolver inverter as ações e filma a festa da torcida vascaína. Em tempos de popularização de smartphones, as imagens se multiplicam pelas redes sociais. Foi-se o tempo em que os torcedores se aproximavam dos ídolos para pedir um autógrafo. A moda nestes anos era tirar uma selfie com o craque e postar nas redes sociais.
            O campeonato prosseguia e o clube permanece com uma campanha tranqüila jogando com o Fluminense (decisão da Taça Guanabara) e Flamengo em Manaus, na Arena Amazonas. Nesta cidade novas vitórias levam o clube disputar o campeonato com o Botafogo em maio. A partida contra o rubro-negro, particularmente, teve um sabor especial, com a seqüência de nove partidas sem conhecer derrotas para o principal rival.
            Nas duas partidas da final do estadual, os clubes conseguem a reabertura do Maracanã. O estádio recebeu nas duas vezes um público estimado em 60 mil torcedores por partida. Na segunda, a torcida vascaína era maioria absoluta. A festa do título foi marcada com o mosaico “Aqui é Vasco”. Uma frase proferida pelo capitão do time, o zagueiro Rodrigo, em alusão aos torcedores e jogadores do Flamengo, inconformados com a superioridade dos cruzmaltinos  na temporada. Era o 24° título estadual, sendo o 6° invicto.
             Começa o campeonato brasileiro na Série B e o clube é apontado pela imprensa como favorito absoluto. Os resultados iniciais confirmam as expectativas e a torcida se empolga com a possibilidade do time bater o recorde histórico de mais de 35 partidas invictas, feito alcançado na década de 1950.
Em junho, o jornal O Dia, promove a festa da Seleção do Campeonato Carioca e vários jogadores vascaínos foram escolhidos. Um deles, o zagueiro Luan, convocado para disputar o título inédito de Medalha de Ouro nas Olimpíadas, que agradece o apoio dos torcedores. Outro premiado foi o técnico Jorginho que ressaltou: "quero agradecer de todo coração à votação de todos os torcedores. Fico muito feliz de ter sido escolhido o melhor treinador do Carioca. Isso aconteceu pela federação e também pelo voto popular. Fico muito lisonjeado e grato porque, com certeza, marquei meu nome na história do futebol Carioca e do Vasco”[1].
Na mesma época, o jornalista André Schmidt, lança o livro “Da queda ao Bi – a trajetória do Vasco em crônicas”. Uma coletânea de artigos escritos no período de recuperação da auto-estima dos vascaínos sob o comando do técnico Jorginho. Mesmo fazendo uma campanha de recuperação no final de 2015, o treinador não consegue reverter a situação. Mais uma vez a torcida amargava o dissabor de acompanhar o clube viver a experiência negativa de rebaixamento por 3 vezes em 8 anos.
Talvez estes insucessos expliquem o baixo público em São Januário durante o ano com média de 6.000 torcedores. Uma pesquisa para identificar os motivos da baixa média de público da equipe na Colina, realizada pela Comissão de Festas Cruz-Maltinas[2],  apontou outros dois problemas principais: o alto valor dos ingressos e a dificuldade de acesso ao estádio. Apesar do departamento de marketing ter lançado o novo plano de sócios (Gigante), os números alcançados ainda decepcionantes. Segundo os dados do Movimento Por um Futebol Melhor, o Vasco ocupava a 21ª posição no ranking de sócio-torcedores.
Em campo, a perda da invencibilidade veio com o resultado adverso de 2 a 1 para o Atlético-GO, em Cariacica (ES). Era o primeiro indício de que o elenco tinha problemas. O deslocamento constante por regiões distantes do eixo Rio-São Paulo, prejudicava o grupo que contava com muitos jogadores com mais de 30 anos.
Em agosto o movimento “Guerreiros do Almirante” completava dez anos de existência comemorando com uma grande festa. No campeonato carioca os torcedores tinham confeccionado uma grande bandeira com o rosto da torcedora-símbolo Dulce Rosalina.
Numa outra pesquisa, promovida pelo Jornal Lance/IBOPE, revelou que o Vasco contava com 3 milhões de torcedores no RJ. Porém, em comparação com os números da primeira pesquisa (1998), houve um aumento dos torcedores rubro-negros. Os números indicavam que a torcida do Flamengo era maior do que as de Vasco, Fluminense e Botafogo juntas. Em 1998 representava 38 %, agora são 48,3%. Na pesquisa, o Vasco agregava 18,7% dos cariocas, percentual que superava o total de tricolores e botafoguenses (17,4%). Juntas, as duas torcidas tiveram uma redução de 4,6%. Se esta notícia agradou a turma da Flapress, para os vascaínos, o que valeu no ano foram as inúmeras gozações que os rubro-negros sofreram neste ano. Uma das músicas mais cantadas pelos vascaínos dizia: “Oh mulambo, tu não tem Estádio,/Oh mulambo, tu não tem Estádio,/ pediu pra jogar, em São Januário,/Eurico falou joga na casa do c.....”
O desempenho irregular no campeonato da Série B acabou gerando inevitáveis protestos dos torcedores. A reação do clube foi punir algumas torcidas organizadas: “(estas tem) sofrido punições nos últimos jogos. Diante do Avaí, por exemplo, a diretoria solicitou à Polícia Militar a proibição de instrumentos, faixas, bandeiras e outros materiais de todas elas. Já diante do Luverdense, a restrição se deu somente à Guerreiros do Almirante e à Força Independente. As duas, além da Ira Jovem, recentemente divulgaram notas de repúdio ao ato”[3]. No mesmo dia um grupo de cerca de 50 torcedores propõem uma reunião com o capitão do time, o zagueiro Rodrigo.
Nos jogos contra CRB, Avaí e Luverdense o presidente Eurico Miranda foi hostilizado pela torcida, que pediu sua saída do comando. Em nota oficial, a maior torcida organizada do Vasco, a Força Jovem, esclarece sua posição diante do impasse entre os torcedores e o clube: “O G.R.T.O Força Jovem Do Vasco, vem, através de sua diretoria unificada em caráter de esclarecimento, externar, que nenhum integrante de nosso quadro social esteve presente na data de hoje (11/11/16), em São Januário. Lembramos que nossa instituição esteve presente ontem (10/11/16), representada por 50 sócios, em uma reunião pacífica e ordeira com o departamento de futebol do Vasco, visando melhorias no desempenho do time em campo”[4].
Os últimos jogos da Série B foram dramáticos para a torcida que acompanhava incrédula ver o time perder a liderança e cair para o 4° lugar sendo ameaçado de ser o único clube grande não conseguir voltar para a Série A. O desânimo dos torcedores tomou conta dos torcedores que se ausentam dos jogos em São Januário. A decepção com o time fica evidente numa crônica de um jovem torcedor em sua coluna no site Guerreiros da Colina “é bem compreensível a total falta de vontade de acompanhar o time em uma situação tão calamitosa quanto a atual. Acabou a paciência, os vascaínos não agüentam mais essa crescente coleção de fracassos"[5].
No dia 27 de novembro[6] os jornais cariocas estampavam em suas capas as duas manchetes principais: a morte do líder cubano Fidel Castro e a classificação do Vasco para a Série A após vencer o Ceará no Maracanã, no último jogo do campeonato. O estádio recebeu o maior público do Vasco no segundo semestre (49.259 pagantes), revelando que a torcida abraçava o clube apesar do descrédito no time e em seus dirigentes. Ao final da partida o que se viu não foram cantos de entusiasmo, mas xingamentos para o presidente Eurico Miranda.
Terminamos nossa pesquisa recorrendo a uma crônica de Carlos Drummond de Andrade pouco conhecida dos vascaínos. Nela o poeta faz uma homenagem a um dos ascensoristas do prédio do Ministério da Educação e torcedor fanático do Vasco.
O contraste entre a vida de um humilde funcionário que realiza um trabalho repetitivo e sua expressão constante de felicidade chama a atenção do escritor: “sem motivo algum para agradecer à vida, ele agradecia e nos comunicava o otimismo gratuito (...) ninguém sabia que ele se chamava Afonso Ventura. Mas todos sabiam que o seu maior amor era o Vasco da Gama. Liam-se no seu rosto as vitórias do Vasco. As derrotas não era possível ler, pois o rosto do Amigo continuava a espelhar a vitória da semana atrasada ou já espelhava a da semana que vem, que esta seria infalível, 4 a 0, ‘é o Maior’. O Vasco, para ele, não perdia nunca; no máximo, deixava de ganhar, ‘dessa vez’ (...)”[7].
A lição de vida deste torcedor demonstra o poder que a paixão por um clube tem para transformar nosso cotidiano de pouco brilho num turbilhão contínuo de emoções e sentimentos capazes de realizar os desejos fundamentais do ser humano.
Esperamos que a alegria contagiante do torcedor anônimo seja a marca de nossa torcida sempre. Que venham mais 100 anos!!!
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte: Jornal O Dia. 23 de junho de 2016.
[2] Grupo que organiza mosaicos e bandeirões
[3] Fonte: UOL. 9 de novembro de 2016.
[4] http://www.forcajovem.com.br , 11 de novembro de 2016.
[5] Rafael Serfaty em crônica "Presente sombrio, futuro nefasto"
[6] Neste mês o Jornalista Cláudio Nogueira, autor de vários livros de futebol, lança o e-book  “Vamos cantar de coração: Os 100 anos do futebol do Vasco da Gama” (Biblioteca Digital do Futebol Brasileiro).
[7] Fonte: Correio da Manhã 12 de setembro de 1965.

Vasco São Januário 2016

Vasco São Januário 2016

quarta-feira, 19 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 2015 O RESPEITO VOLTOU. SERÁ?

                       “A Força Jovem do Vasco, perde um símbolo de dignidade, de respeito”
                                           Francisco Carlos sobre a morte de Marcelo He-man

2015                 O Respeito Voltou. Será?

        Ao retornar a presidência do clube, Eurico Miranda prometia que o passado recente com dois rebaixamentos deveria ser creditado a Roberto Dinamite e que com ele seria muito diferente. A conquista do título carioca de 2015, depois de 11 anos de jejum, chegou a animar parte da torcida que acreditou no lema do “novo” comandante que afirmava categoricamente: “O Respeito Voltou”.
            Quem também fazia uma campanha para se reerguer era a Força Jovem punida até 2016, enfrentando inúmeras divisões internas e perseguições de várias ordens. Mas a tensão entre os grupos opositores permanecia. Um cordão de isolamento, contando com a proteção de cerca de 10 policiais, separou os diferentes segmentos em um jogo em São Januário. A dissidência se dava pelo apoio - ou não - ao atual presidente do clube, Eurico Miranda.
A campanha da imprensa contra a torcida continuava. Uma notícia de que seus membros foram até São Januário assistir um treino motivou a preocupação do novo comandante do GEPE, o Major Silvio Luis, que mandou apurar os fatos pois a torcida estava impedida de qualquer ato público. Em resposta a agremiação emite uma nota ressaltando: “o nosso Departamento Jurídico, está trabalhando INCESSANTEMENTE para que o nosso DIREITO CONSTITUCIONAL de ir e vir, possa voltar a ser LEGÍTIMO! Estamos trabalhando pela PAZ na torcida e com os nossos sócios atendendo todas as normas do GEPE e do Ministério Público!”
Mesmo proibida de freqüentar os estádios os integrantes da Força Jovem participaram de um confronto no bairro do Méier contra torcedores do Fluminense em fevereiro, levando a polícia a prender 118 pessoas.
No início de maio finalmente o clube voltava a vencer um campeonato carioca. Depois de eliminar o Flamengo, o Vasco vence o Botafogo na final com destaque para o imenso mosaico da torcida no Maracanã escrito em todo o Setor Sul “o Maracanã é nosso desde 50”. Era uma resposta à diretoria do Fluminense que insistia em ficar do lado direito após a reabertura do Maracanã em 2013.
Nesta época, Bernardo Holanda e Rosana Teixeira lançavam o livro “A voz da arquibancada. Narrativas de lideranças da Federação de Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro (FTORJ)”. O trabalho era o resultado da formação de um banco de entrevistas de História Oral sobre as torcidas de futebol do Rio de Janeiro. Os relatos das lideranças da FTORJ foram gravados entre julho de 2010 e janeiro de 2014, no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, o CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas. A Federação contava com a adesão de dez associações, sendo duas do Vasco: Força Jovem e a Ira.
Com apoio de diversos setores da sociedade foi organizado na Fundição Progresso (RJ), o Primeiro Encontro de Conscientização pela Paz nos Estádios, organizado pela ANATORG que contou a presença massiva de lideranças das famílias da FJV. Um dos organizadores foi Felipe Lopes (USP - Universidade de São Paulo) que realizava um estudo sobre o comportamento dos torcedores organizados em todo mundo.
Em junho veio a triste notícia do falecimento precoce do ex-presidente da Força Jovem, Marcelo He-Man, aos 39 anos, vítima de câncer. O torcedor recebe uma justa homenagem de diversas torcidas do Vasco através de seus sites. Eis alguns relatos: GDA, “uma das maiores referências na arquibancada vascaína”; Força Independente, “INESQUECÍVEL PRESIDENTE”; Pequenos Vascaínos, “Um mito, um ídolo, o maior presidente da história da Força Jovem”; Ira Jovem, “íntegro, inteligente e que sempre vislumbrava novos e bons caminhos” e a própria Força Jovem: “Se houve na história das Torcida Organizadas, alguma Torcida independente, essa foi a FORÇA JOVEM DE MARCELO HE-MAN”.
No dia 26 de Junho de 2015 o desembargador Mauro Pereira Martins organiza um evento chamado “I Encontro Nacional pela Paz no Futebol”, realizado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, com a presença do GEPE e de diversas torcidas organizadas do Rio de Janeiro.
Imbuídos no espírito de união e amizade de tempos passados o grupo dos “Dinossauros” intermediou uma reunião entre os dois grupos da FJV para tentar extinguir de vez as desavenças que se arrastaram nos últimos anos. Tudo parecia resolvido e apaziguado mas algumas semanas depois os “Dinossauros” emitem uma nota de desagravo com a quebra das promessas e a continuação dos conflitos pessoais. Daí “esclarecer a todas as Famílias que tentamos,  mais não querem ajuda,  estão cegos pelo poder a ponto de faltar com a palavra o bem mais precioso de um homem.  E isso é inadmissível!!!!
Em julho a discussão que retornou no futebol carioca era a polêmica sobre o local das torcidas no Maracanã no clássico entre Vasco e Fluminense. Como o tricolor fazia questão de ficar no local tradicional dos vascaínos (a direita da tribuna – SETOR SUL), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tomou uma medida drástica e decretou que apenas uma torcida comparecesse ao duelo, no caso, a torcida do Fluminense. Neste ano a polêmica começou no campeonato carioca que teve o jogo transferido do Maracanã para o Engenhão. Isto tudo contribuiu para a retomada da polêmica de clássicos com torcida única, seguindo o que já havia acontecido em Minas Gerais e no Paraná.
No fim do ano (outubro) é feita uma reunião entre membros da situação e da oposição e fica estabelecido a formação de um Conselho composto por 4 diretores da situação da torcida e 4 diretores da antiga oposição, que irão gerir este Grêmio até março de 2017 quando realizariam novas eleições. O motivo do acordo entre os grupos dissidentes foi uma reunião entre o Movimento Tudo Mudou, o Ministério Público e o Grupamento Especial de Polícia em Estádios. Foi relatado pela promotora de que o maior problema e preocupação atual das autoridades do Estado do Rio Janeiro não eram as brigas de torcidas de clubes distintos, mas sim pela guerra interna na Força Jovem nos eventos do C. R. Vasco da Gama. Além disso foi cogitado também um plano de prisão em massa a ser efetuado pelas Polícias Militar e Civil, através do Setor de Inteligência, sobre acusações de crimes inafiançáveis como formação de quadrilha e tentativa de homicídio
Antes da última partida do campeonato brasileiro, a Torcida União Vascaína escreve uma carta para o atacante Nenê, o principal jogador do time. Ele lê para o time pouco antes de entrar no gramado na partida decisiva para evitar um novo rebaixamento: “Vocês entrarão em campo, representando mais de 20 milhões de torcedores, e a esperança de todo esse povo, está nos pés e na atitude de cada um de vocês, pedimos seriedade e a responsabilidade de todos vocês, e vocês sabem que compramos qualquer briga em favor de vocês, e o apoio por parte da torcida do Vasco não vai faltar no Couto Pereira. Essa que é a última batalha de uma guerra que será vencida por todos nós, vocês no campo, e nós os apoiando da arquibancada”.
Após a derrota para o Coritiba e o terceiro rebaixamento em menos de 10 anos, o presidente Eurico Miranda se apresenta de forma humilde, uma cena rara em sua biografia, e assume a inteira responsabilidade pela pífia campanha do time.
 Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.

Vasco 2015

Vasco 2015






domingo, 16 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 2014 O MARACA É NOSSO

                          “Vou subir a Colina para ver meu amor, vou ver meu Vasco jogar”
                                                                                         Fernanda Abreu cantora

2014                      O Maraca é Nosso

        Juninho havia previsto sua despedida do futebol jogando o campeonato carioca de 2014 mas no final de janeiro, em razão de sucessivas lesões, o jogador resolve, aos 39 anos, abandonar o futebol para a tristeza de seus inúmeros admiradores. Na mesma época falecia o jornalista da Rádio Tupy, Jorge Nunes. Irreverente e com uma linguagem popular, o comentarista fazia questão de participar dos debates esportivos defendendo com orgulho o seu time do coração.
Ainda no início do ano a Força Jovem era novamente punida com a extensão da pena de não comparecer aos jogos por um ano. Para o sociólogo Mauricio Murad, a medida era ineficiente pois faltava uma articulação das diferentes esferas públicas, envolvendo também federações e clubes e se criar um verdadeiro plano nacional contra a violência. Para piorar a situação os problemas dentro da torcida continuavam com a disputa entre os grupos rivais:.
        No ano da Copa do Mundo no Brasil não faltaram estudos sobre o futebol e o tema do fenômeno das torcidas continuou predominando. O sociólogo Bernardo Hollanda, escreve um antigo sobre as mudanças com o surgimento de um novo estilo de torcer em UMA ANÁLISE DAS NOVAS DINÂMICAS ASSOCIATIVAS DE TORCER NO FUTEBOL BRASILEIRO[1]. Nele é feito uma análise histórico-sociológica de compreensão da atuação desses subgrupos contestando a visão corrente da grande imprensa e de outros setores da sociedade segundo a qual a violência seria uma patologia social inerente aos membros das torcidas organizadas – com os pejorativos “vândalos”, “bárbaros” e “irracionais”. Para Hollanda, as várias pesquisas já apontavam para a necessidade de apreender as transformações internas por que vêm passando as torcidas organizadas nos últimos anos. Em paralelo ao crescimento e à intensificação das brigas fora dos estádios, novos agrupamentos de jovens torcedores surgem nas arquibancadas, com a proposição de um discurso antagônico ao das torcidas tradicionais.
            Pouco antes da Copa do Mundo de 2014, uma briga entre as torcidas de Flamengo e Corinthians, válida pela segunda rodada do campeonato brasileiro com transmissão pela televisão, não teve a mesma punição que os vascaínos sofreram. Em nota, a Força Jovem lamenta que a repercussão e a punição tenham sido nulas:a nossa INDIGNAÇÃO, NENHUM VEÍCULO de COMUNICAÇÃO, noticiou a "CONFUSÃO GENERALIZADA", envolvendo as DUAS MAIORES ORGANIZADAS do Flamengo! Para nós, não é nenhuma SURPRESA, pois esta MÍDIA COMPRADA FAZ O POSSÍVEL E IMPOSSÍVEL para PROTEGER O SEU TIME QUERIDO E DO CORAÇÃO!” Também a Guerreiros do Almirante sai em defesa de uma lei igual para todos: “não entendemos o silêncio da Grande Mídia e do "guardião da justiça" Paulo Schmidt diante da briga ocorrida no Pacaembu, no dia 27 de abril de 2014, entre Corinthians x CRF, onde a Torcida do Clube "roubado é mais gostoso" se confrontou entre si, com direito a imagens de selvageria, furtos e agressões!
Onde esta a ISONOMIA? Onde esta a Justiça?”, conclui o protesto.
Mesmo sem enfrentar o Flamengo no campeonato brasileiro de 2014, a torcida vascaína não esqueceu do rival depois da Copa do Mundo e aproveitou para fazer uma paródia da música cantada pela torcida da Argentina para provocar os brasileiros, "Decime qué se siente". Na letra não faltam lembranças de vários carrascos: Cocada, Pedrinho e Edmundo. Mas a provocação maior é o fato dos rubro-negros não terem um estádio próprio. A aproximação da torcida vascaína com os argentinos se deu na final da Copa do Mundo. Antes dos argentinos o contato tinha sido com os chilenos, quando a GDA  apareceu em imagens ao lado de membros da Barra Brava Los de Abajo, da Universidad de Chile, que vieram ao Rio assistir sua seleção jogar contra a Espanha”. Depois foi a vez dos Guerreiros do Almirante e da Ira Jovem, receberam em São Januário a principal Torcida Organizada (Barra) do Boca Junior, a La Doce (La 12), antes da grande final no Maracanã entre Alemanha x Argentina.
        A novela Império da Rede Globo foi o grande sucesso da dramaturgia neste ano. No papel principal o ator Alexandre Nero interpretando um rico empresário manifesta em diversos capítulos seu amor pelo clube do coração: o Vasco. Em um dos episódios ele comenta o seu interesse em patrocinar o clube que vivia no mundo real uma grave crise financeira. Outros dois personagens demonstram que eram vascaínos: sua filha, vivida pela atriz Leandra Leal e o dono do bar, interpretado por Jackson Antunes.
Em novembro Eurico Miranda retorna a presidência do clube ao vencer as eleições com mais de 50% dos votos válidos dos vascaínos. O ex-presidente derrotou os candidatos Roberto Monteiro, pela chapa Identidade Vasco, e Julio Brant, pela chapa Sempre Vasco. No dia seguinte da vitória de Eurico Miranda o responsável pelo “blog da Fuzarca” lamenta o resultado pois as pesquisas na Internet preferiam, com maioria absoluta (70%), a vitória de Julio Brant: “A vitória do Eurico Miranda é uma prova cabal do desencontro entre o que pensa o torcedor – ávido por mudanças, simpático à ideia de profissionalização do futebol e a democratização do clube – e o eleitor médio vascaíno, em grande parte conservador, tradicionalista e que não trocaria nunca o conceito vago de “impor respeito” por uma administração mais transparente”.
A eleição ocorre próximo da volta do clube para a Série A. No dia 8 de novembro 50.000 pessoas prestigiavam o time na vitória contra o ABC no Maracanã, mas a classificação viria alguns dias depois (dia 22) em um sofrido empate diante do modesto Icasa também no Maracanã, diante de um público de mais de 56.000 pessoas que vaiaram impiedosamente o time, apesar da classificação.
            Um dos poucos jogadores poupados pela torcida nesta temporada foi o volante argentino Guiñazu com seu estilo aguerrido, ele foi uma das raras exceções a ter seu nome gritado pelos torcedores que o chamavam de PItbull. O argentino de 36 anos e contrato com o Vasco até julho do ano que vem, já demonstrou vontade em ficar no Vasco e deseja até mesmo encerrar a carreira no clube.
            A revista norte-americana Times escolheu as 34 imagens mais marcantes em todo o mundo no ano de 2014 e, uma das fotos faz referência a um simbólico torcedor vascaíno, chamado Caíque. A reportagem destaca a fé do conhecido torcedor dos vascaínos, cujo nome verdadeiro é Carlos Henrique, trazendo a seguinte legenda: “Em todo jogo disputado pelo clube do Rio Vasco da Gama, Carlos Henrique do Nascimento carrega um cartaz em que se lê “fé” e uma planta que alguns torcedores acreditam trazer sorte (são os galhos de arruda que ele carrega)”.
O Brasil encerrava em 2014, mais uma vez, como a nação que mais ocorreram crimes por causa de futebol em todo o mundo. Este ano foram 18 mortes motivadas por rivalidades clubísticas, como atestam números oficiais tabulados pelo professor e sociólogo Mauricio Murad. De nove medidas anunciadas pelo governo depois de Joinville, apenas uma foi executada (o cadastro de torcidas organizadas) - diz Murad[2]. As outras medidas anunciadas continuam apenas no papel: criação de um guia de procedimento de segurança para atividades esportivas; Juizado de torcedores e delegacias especiais; segurança integrada; qualificação dos estádios; câmara técnica e estatuto da segurança privada nos estádios; e maior responsabilização dos clubes
2010: 12 pessoas Morreram por causa de futebol no Brasil.
2011: 11 pessoas Tiveram a morte comprovadamente ligada a rixas de torcidas.
2012: 23 pessoas Foram mortas por torcerem por times diferentes. Nesse ano, a violência do futebol dobrou.
2013: 30 pessoas Foram assassinadas por torcedores rivais. Foi o maior número da História.
2014: 18 pessoas Morreram por causa de futebol no Brasil. A redução se deveu à pausa para a Copa do Mundo
 Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte: Recorde: Revista de História do Esporte Artigo Volume 7, número 1, janeiro-junho de 2014, p. 1-3 Hollanda, Azevedo e Queiroz.
[2] Fonte: Novanews em 29 de Dezembro de 2014.

Vasco Maracanã 2014

Vasco Maracanã 2014


quarta-feira, 12 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 2013 VASCAÍNOS NA REDE

                                                                                    “Não vai ter Copa e vai ter luta”
                                                                                          Manifestações em junho

2013                    Vascaínos na Rede
        Para quem acreditava que o brasileiro era um povo acomodado e a internet só servia para manter as pessoas alienadas em suas redes sociais, teve que refazer seu pensamento pois o ano foi marcado por intensas manifestações e a as novas formas virtuais de comunicação se mostraram canais eficientes de propagação de cidadania.
O sucesso da internet ampliou as oportunidades dos usuários de todo o mundo entrar em contato com as informações de uma nova forma revolucionado o comportamento, os costumes e as tradições no modo do torcedor acompanhar o seu clube do coração. Imagens raras e conteúdos de pouca circulação passam a ser exibidos em sites de vídeos como o Youtube, por exemplo. Milhões de imagens são produzidas com o barateamento das máquinas de filmar e fotografar, gerando uma nova memória coletiva através de um conteúdo fantástico de cenas dos torcedores nos estádios quase que instantaneamente. No entanto, um novo conjunto de práticas de crimes virtuais também se propagam estimulando a intolerância e o acirramento dos conflitos entre os torcedores. Cenas de brigas passam e ser exibidas ostentadas como troféus virtuais. Xingamentos e ofensas nas redes se tornam corriqueiros.
            Com a ampliação da banda larga no país se multiplicam os blogs de torcedores e os tradicionais sites do Vasco aumentam suas receitas modificando a forma de comunicação entre o público consumidor de noticias esportivas que tem maior possibilidade de escolha. Finalmente os torcedores podem conhecer objetos que eram guardados como relíquias pelos colecionadores particulares. Crescem as publicações que exaltam a história do clube. Toda uma rede se prolifera com troca de mensagens entre vascaínos de diversos locais do planeta.
            É pela internet e nas ruas que desde o início do ano são realizados atos contra a CBF (e o seu presidente Ricardo Teixeira) e contra a FIFA, acusada de interferir nos interesses nacionais, além das constantes denúncias de superfaturamento das obras dos novos estádios apareciam na imprensa. Diversos setores da sociedade se manifestavam contra as arbitrariedades que se faziam em nome da Copa de 2014. Uma série de obras no entorno do Maracanã previa a destruição de uma escola conceituada e de diversos equipamentos esportivos tradicionais. Contra isso os torcedores foram convocados para um protesto em março com os uniformes de seus clubes. Cerca de 500 pessoas se reuniram na Praça Saens Peña, na Tijuca e caminharam até o Maracanã. O ato intitulado A CIDADE É NOSSA! tinha o objetivo de denunciar o processo de privatização de diversos espaços públicos da cidade, como a Marina da Glória e o Maracanã. No entorno do estádio, estava prevista a destruição da Escola Friedenreich, da Aldeia Maracanã, do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Julio Delamare para a construção de lojas, bares e estacionamentos para servir a um shopping gerido pela empresa ganhadora da licitação.
            Ainda no mês de março seis integrantes da FJV foram presos acusados pelo assassinato de um torcedor do Flamengo em maio de 2012. Eles foram denunciados pelo Ministério Público pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima).
            No começo de abril a Força Jovem promove o "Protesto Público Zero" em São Januário, em frente as sociais do clube, antes do jogo Vasco x Friburguense. Contando com cerca de 500 pessoas não ocorreu qualquer tipo de ato hostil, brigas, confusões ou transtornos graves. O alvo maior foi a administração de Roberto, acusando-o de um mau gestor: “o atual quadro de funcionários é praticamente mais que o dobro do que uma empresa que fatura. Além disso a qualificação de muitos que ali estão, está muito abaixo de qualquer tipo de exigências para os cargos que muitos ocupam”.
Neste período a antropóloga Rosana Teixeira escreveu um artigo que analisava as “novas torcidas”, entre elas a Guerreiros do Almirante, refletindo sobre o surgimento dos movimentos populares de torcedores no Rio de Janeiro, especialmente a partir de fevereiro de 2006. Inspirados nas “barras bravas” sul-americanas, especialmente naquelas vindas da Argentina, revelavam discordâncias em relação ao tipo de ação das torcidas organizadas, defendendo uma forma de sociabilidade torcedora distinta que parece indicar novos sentidos atribuídos à paixão pelo futebol. Os novos agrupamentos torcedores definiam-se como movimentos de arquibancada, sem rixas, que pretendiam inaugurar um “novo conceito de torcida”.
O livro “Hooliganismo e a Copa de 2014”, organizado por Bernardo Borges Buarque de Hollanda e Heloisa Helena Baldy dos Reis, apresentava uma série de artigos sobre a expectativa com todas as mudanças trazidas pela Copa do Mundo, como os novos estádios – ou “arenas” e os velhos problemas nas arquibancadas. Outra investigação acadêmica é a de Thiago Moreira da Silva em sua pesquisa de mestrado na Fundação Getúlio Vargas (RJ) com o título “A Bancada da Bola no Legislativo Carioca”, analisando a trajetória de diversos políticos cariocas que tiveram sua origem no esporte. Do Vasco se destacam o deputado estadual Roberto Dinamite, eleito várias vezes nestes anos e o vereador Roberto Monteiro, ex-líder da Força Jovem.
O campeonato brasileiro começou no final de maio e foi até o início do mês de junho quando foi interrompido na quinta rodada para a disputa da Copa das Confederações, antecipando o clima festivo da Copa do Mundo com uma grande campanha nacionalista pela imprensa. No entanto, o mês de junho seria marcado por uma gigantesca onda de manifestações em várias capitais do país, especialmente aquelas que sediavam os jogos da Copa das Confederações (disputada em todo este mês). Os protestos que tinham como objetivo inicial barrar o aumento das passagens dos transportes municipais, logo ganharam outras conotações com destaque para o questionamento dos gastos em obras voltadas para a Copa do Mundo em 2014. Os manifestantes apontavam em seus cartazes as contradições com os milhões investidos nos novos estádios (“arenas”) sem trazer maiores benefícios a população brasileira que continuava sofrendo com a baixa qualidade nos serviços essenciais.
O “Novo Maracanã” foi o alvo de um grande protesto no dia 20 de junho, simbolizando uma luta contra a transformação do futebol-negócio em detrimento dos torcedores para elitizar o perfil de seus frequentadores com a elevação do preço dos ingressos, a relação escusa entre o governo e o consórcio OLX/ Odebrecht, o controle de uma entidade estrangeira (a FIFA), e os abusos promovidos pela Lei Geral da Copa. No final um cordão de isolamento feito pela polícia impediu os manifestantes se aproximarem do estádio.
A vitória incontestável da seleção brasileira da Copa das Confederações trouxe o fortalecimento do sentimento nacionalista reforçado pelo canto à capela dos torcedores nos estádios de todo o hino e não apenas os 30 segundos determinados pela FIFA, sendo uma das marcas sonoras nos estádios em meio aos protestos do lado de fora.A final disputada no Maracanã, entre Brasil e Espanha, no domingo do dia 29 de junho de 2013, assistiu a intensos embates nas cercanias do estádio. Valendo-se da crítica aos gastos governamentais e da suspeição de corrupção por parte dos promotores do evento, manifestantes investiram em ações vandálicas contra a polícia, em trocas recíprocas de pauladas, pedradas, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha”[1].
Com a reabertura do Maracanã para os clubes cariocas após a Copa das Confederações, uma polêmica logo contagiaria os dirigentes e as torcidas de Vasco e Fluminense. Tudo por causa da atitude dos cartolas do tricolor de escolherem ficar no lado direito das tribunas (local tradicional do Vasco). Apesar de ficar no lado esquerdo, a alegria dos vascaínos com a vitória sobre o tricolor por 3 a 1 só não foi maior que a de Juninho Pernambucano que voltava a jogar no Maracanã após 12 anos ausente. Sua volta foi em grande estilo, com direito a gol e os gritos da platéia que se vingou dos tricolores com o cântico no fim do jogo “Ôoo, ôôoo, ôôôoo, é o Destino”.
Neste ano o site Ludopedio, destinado a pesquisas sobre futebol, realizou uma entrevista com o professor Silvio Ricardo da Silva que explicou como desenvolveu sua trajetória acadêmica sempre pontuada por seu amor ao futebol e o seu clube de coração: “Vasco é anterior a tudo, é o início de tudo”. Sua relação com o futebol passa principalmente por sua família, em especial seu pai que lhe transmite o mesmo amor ao clube: “minha história com meu pai era de que ele não me contava historias de infância e sim histórias de futebol, sobre o que ele jogou e os feitos do Vasco. Isso foi me contaminando e desde que eu me lembro como gente, cinco, seis anos de idade, eu já frequentava o estádio. Isso foi muito forte na minha historia até hoje”. Para sua pesquisa de doutorado na Unicamp ele utilizou “entrevistas com torcedores, procurando variar idade, organizados, não-organizados onde também um indicava outro, e além disso observação. Ajudou-me muito ter contato com a própria história do Vasco. Eu precisava viver essa historia e falar para o mundo acadêmico essa história”.
O cineasta vascaíno José Henrique Fonseca fazia um documentário sobre o clube justamente na temporada em que o clube vivia uma péssima fase no campeonato brasileiro e era ameaçado de rebaixamento novamente. “Tenho vivido um contraste grande ao trabalhar numa historia tão bonita e o momento atual. Infelizmente, tem hora que a torcida não entende que só deveria ir ao estádio se fosse para apoiar”[2], lamenta o cineasta.
Em outubro as chances de o clube cair já estavam em 55%, segundo o matemático Oswald de Souza. Uma nova derrota para o Goiás provocou protestos da torcida que invade o vestiário em um dia de treino e cobram uma reunião com o diretor de futebol, Ricardo Gomes, e o técnico Dorival Júnior. Após o encontro o grupo vai para a arquibancada e grita "Não é mole, não. Tem cachaceiro jogando no Vascão", para o jogador Rafael Vaz e "Ô, ô, ô, ô, Bernardo é cheirador".
O pior estava por vir com a derrota para o Atlético Paranaense o clube era rebaixado e a transmissão ao vivo para todo o pais do vexame em campo (derrota por 5 a 1) só não foi pior que as cenas violência no estádio que contou com poucos policiais para a segurança dos torcedores. Além de dezenas de feridos, quatro pessoas removidas pela equipe médica foram levadas para o hospital em estado grave.
O confronto entre torcedores de Atlético-PR e Vasco em Joinville ganhou repercussão na imprensa mundial. A última rodada do Campeonato Brasileiro deixou marcas negativas para o país com as imagens para todo o mundo do país que sediaria a próxima a Copa do Mundo no ano seguinte.
Até o final do ano a imprensa esportiva acompanhou o trabalho da polícia e da Justiça que prendeu e processou vários líderes da torcida organizada Força Jovem do Vasco que já haviam se envolvido em um conflito que teve grande repercussão na imprensa com as imagens da TV na briga entre vascaínos e corintianos em agosto, em partida disputada em Brasília.
Após a ação da polícia de 3 estados prendeu 21 torcedores e estava a procura de mais 10, na operação batizada de “Cartão Vermelho”. No entanto, a ASTOVAS (Associação da Torcidas Organizadas do Vasco) lança uma nota defendendo seus torcedores e acusando o Atlético-PR, o Ministério Público e a Polícia de Santa Catarina de serem os maiores responsáveis pelo que aconteceu e acusa a diretoria do Vasco de omissão: “repudiar o tratamento ignominioso que nossos integrantes vem recebendo das ditas autoridades e de parte da grande imprensa, além de cobrar uma postura digna e honesta da atual diretoria Vascaína! Como foi inicialmente mostrado ao vivo, ainda sem possibilidade de cortes e edições farsescas que posteriormente apareceram, os torcedores do Vasco foram abandonados pela PM de Santa Catarina (...) Nós fomos agredidos e se não tivéssemos nos defendido, as conseqüências seriam ainda maiores do que alguns hospitalizados! Qual critério foi usado para deter apenas torcedores do clube carioca?”.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte: Hollanda, Bernardo. “Hospitalidade à Brasileira? A Cobertura Midiática dos Jogos da Copa de 2014 no Maracanã” in A Copa das Copas? Reflexões sobre o Mundial de Futebol de 2014 no Brasil. / organização José Carlos Marques.E-book. São Paulo: Edições Ludens, 2015.
[2] Fonte: O Globo, 20 de setembro de 2013.

Vasco São Januário 2013

Vasco 2013


domingo, 9 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 2012 A DESPEDIDA DO ANIMAL

                               “ão,ão,ão derruba a do anão” e “au,au,au. Estátua para o Animal”
                                                   Torcida provoca Romário e apóia Edmundo

2012                 A Despedida do Animal
        Edmundo, Juninho e Felipe. Três dos maiores jogadores da história do clube protagonizaram as manchetes dos jornais e a atenção de sua torcida no início do ano de 2012. O atacante fazia sua partida de despedida depois de abandonar os gramados em 2008. Os meias comandavam em campo o toque de classe do time que prometia colocar a nau vascaína no caminho das grandes vitórias. A esperança maior era o título da Taça Libertadores, mas antes o desafio seria o campeonato carioca e a promessa de acabar com o jejum de quase dez anos que incomodava bastante  a exigente torcida.
            A boa fase do time motivava o mercado editorial que lançava mais um livro sobre o clube. Desta vez era uma série de contos escritos pelo sociólogo Mauricio Murad, o músico Nei Lopes e o professor de literatura da UFF, Luis Maffei. “Contos da Colina. 11 ídolos do Vasco e sua imensa torcida bem feliz”. A obra conta doze contos, onze com uma estória em torno de um craque vascaíno, e um em que o protagonista é a torcida cruz-maltina.
No final de março, em partida amistosa contra o Barcelona do Equador (mesmo adversário da final da Liberadores em 1998) diante de 21.000 pessoas, Edmundo fazia sua despedida do clube em que atuou por 241 vezes marcando 137 gols: “A emoção entrou em campo bem antes de a bola rolar. Com os refletores do estádio apagados, Edmundo entrou em campo sozinho para ser saudado pelos milhares de torcedores que lotaram São Januário para ver o ídolo com a camisa do Vasco pela última vez. Número 10 às costas, o ex-atacante não conseguiu segurar a emoção e precisou enxugar as lágrimas. O próximo passo foi receber a braçadeira de capitão do apoiador Juninho Pernambucano. Depois de uma bela queima de fogos, Edmundo ainda recebeu uma placa do presidente Roberto Dinamite e fez o seu papel de ídolo ao cantar todo o hino vascaíno, que era tocado no alto-falante do estádio, em coro com os torcedores”.
Na partida que terminou 9 a 1, Edmundo marcou dois gols mas a emoção final ficou aos 40 minutos do segundo tempo quando o ídolo foi substituído e saiu dando a volta olímpica pelo estádio que o aplaudiu de pé.
Um mês depois Felipe, que havia recebido a braçadeira de Edmundo na sua despedida, faz uma de suas melhores exibições com a camisa do Vasco e marca dois gols na eliminação do Flamengo na semifinal do campeonato carioca. Em resposta ao atacante o Flamengo que havia provocado os vascaínos na véspera da partida decisiva, Felipe deu o troco e afirmou: “as partidas se ganham dentro de campo e não fora. Agora sim eu posso responder ao Vagner Love. Ele tem 28 dias para descansar e treinar para o Brasileiro. Realmente se ganha dentro de campo. Quem ganha a vida com a boca é cantor. Ele tem 28 dias para aproveitar”.
A decepção da torcida com a derrota para o Botafogo na final da Taça Rio só não foi maior que a tristeza com a eliminação para o Corinthians nas quartas-de-finais da Libertadores em São Paulo, em partida que o clube carioca teve grande atuação e viu o atacante Diego Souza perder um gol incrível que, certamente, daria a classificação para a próxima fase.
Em 2012 voltou a funcionar a Associação das Torcidas Organizadas do Vasco (ASTOVAS) depois de ficar mais de uma década desativada. Faziam parte da entidade os representantes das seguintes torcidas: Força Jovem, Ira Jovem, Guerreiros do Almirante, Renovascão, União Vascaína, Super Jovem, Rasta do Vasco, Vasboêmios, Vila Vasqueire, TOV e Pequenos Vascaínos. Tendo como presidente  Claudinho, ex-Presidente da Força Jovem.
Neste período dois livros importantes aumentariam a coleção de obras de leitores vascaínos. O trio Alexandre Mesquita, Eugênio Leal e Jefferson Almeida lançavam “Jogos Memoráveis do Vasco”. Outro livro importante foi a Torcida Brasileira, organizado por Bernardo Holanda, Victor Melo e João Malaia. Este último que havia defendido sua tese sobre o Vasco em 2010, escreve sobre as torcidas cariocas entre 1910 e 1940, destacando que nos anos 1920 tínhamos a maior torcida da cidade.
No meio do ano a principal notícia foi a aprovação da Lei Geral da Copa (12.663/12) no dia 5 de junho de 2012 sancionado pela Presidência da República. A lei trazia vários artigos polêmicos como a liberação do consumo de bebidas alcoólicas dentro dos estádios, isentar a FIFA dos pagamentos das taxas áreas de restrições comerciais próximas aos locais dos eventos e a previsão de exclusividade da FIFA da divulgação, publicidade, realização de propagandas e vendas relacionadas aos eventos futebolísticos, delimitando um perímetro de 2 (dois) quilômetros dos locais de eventos.
Em 2012 a Câmara Municipal do Rio de Janeiro fazia seu último tributo ao “Dia do Vasco” em agosto. O evento criado pelo vereador Roberto Monteiro não teve prosseguimento nos próximos anos. Entre os muito homenageados estava  o guitarrista Celso Blues Boy, falecido neste mês de agosto, em Santa Catarina.
O estádio do Engenhão passou a ser o principal local das disputas dos clássicos cariocas com o fechamento do Maracanã entre 2010 e 2013, passando a receber grande atenção da imprensa e dos pesquisadores sobre sua localização, dificuldade de receber grandes torcidas rivais e o aumento do preço dos ingressos, além da diminuição do publico. Mas os maiores confrontos não aconteciam na chegada ao estádio que tinham as partidas escoltadas pelo GEPE e sim em locais distantes. Os jogos entre Vasco e Flamengo terminam em mortes em 2012. Várias medidas repressivas são tomadas para impedir novos crimes. No dia 21 de agosto, pouco depois de um clássico entre os dois clubes, a Força Jovem do Vasco é punida pelo Ministério Público por seis meses dos estádios após a conclusão de que a morte de um torcedor do Flamengo em maio tinha sido executada por membros da facção. Pouco depois  o alvo da perseguição era a Torcida Jovem do Flamengo em função  do assassinato no bairro de Tomas Coelho do torcedor do Vasco Diego Leal, de 30 anos, após uma briga com flamenguistas no domingo (dia 19), em provável ato de vingança pela morte do torcedor do Flamengo em maio deste ano. As duas torcidas recebem a mesma punição do Ministério Público: o afastamento dos estádios por seis meses.
Na mesma semana no jogo entre Vasco e Fluminense no Engenhão, um grupo de torcedores do tricolor era preso acusado por roubo e agressão. A reportagem é enfática em defender as medidas punitivas: “no país da próxima Copa do Mundo, a menos de um ano da Copa das Confederações, surgiu, enfim, um exemplo de como tratar o banditismo disfarçado de torcida organizada. Desde domingo, estão no presídio de Bangu 2, na zona oeste do Rio, 21 integrantes da Young Flu. O grupo foi preso pelo Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), da Polícia Militar, acusado de espancar e assaltar dois torcedores do Vasco. A cadeia é o lugar adequado para quem se disfarça de torcedor para cometer barbaridades. E, como demonstra o passado recente das brigas de torcida, não basta banir os criminosos dos estádios. No caso do grupo da Young Flu, a confusão se deu fora e longe do Engenhão, onde Fluminense e Vasco se enfrentaram na tarde de sábado. Mas a prisão só poderá ser considerada exemplar se, em seguida, investigações ajudarem a extirpar o resto do bando - e não só da Young Flu, mas de outros grupos de delinquentes no Rio e no resto do Brasil” .
Em contraposição a esta perspectiva o historiador Marcos Alvito escreve um texto contestando a solução policial para as torcidas organizadas: “ao invés de perceber a violência das torcidas como fruto de patologias individuais ou coletivas, é preciso entendê-la como uma linguagem e se perguntar sobre a razão de, no Brasil, milhares de jovens escolherem pertencer a estes grupos. Murad relaciona a violência dos estádios (e em torno deles) com o alto grau de ilegalidade existente”[1] .
Embora a temporada de 2012 não tenha sido negativa o final do ano mostrou que a próxima temporada seria complicada. Nas últimas partidas do ano em São Januário a torcida Guerreiros do Almirante passa a acompanhar os jogos das sociais e protesta contra o presidente de forma veemente: “nós estamos TEMPORARIAMENTE NAS SOCIAIS, abandonando nosso tradicional lugar atrás do gol, para mostrar ao presidente Carlos Roberto de Oliveira, seus antigos e novos aliados, que SOMOS SÓCIOS E QUEREMOS MUDANÇAS!
As notícias da saída de Juninho para os EUA e a falta de pagamentos dos funcionários provocaram insatifação no clube no mês de dezembro: “cerca de 50 torcedores fizeram novo protesto em São Januário na tarde desta sexta-feira. O grupo voltou a atirar bananas para dentro do clube, além de gritar palavras de ordem contra o presidente Roberto Dinamite e toda a diretoria cruzmaltina. Inflamados, os torcedores exibiam faixas com os dizeres: “Juninho é rei! Obrigado pela verdade” e “O Vasco é gigante! Mete o pé, Bananite!”, enquanto soltavam fogos e gritavam pedindo que a diretoria colocasse em dia os salários de funcionários e jogadores”.
O fantasma de Eurico Miranda começava a voltar pelo estádio de São Januário e atormentar o sossego da gestão de Roberto Dinamite. Nos próximos anos, a disputa política interna voltaria com todo vigor. Para os vascaínos que começavam a sentir saudade do velho dirigente, o final do ano vinha com uma artilharia pesada do grupo de Eurico. Era lançado o livro “EURICO MIRANDA.Todos contra ele”, escrito pelo jornalista Sérgio Frias, com mais de 500 páginas descrevendo as lutas e os embates do dirigente. Rapidamente o livro esgotou nas livrarias e ganhou sucessivas edições no ano seguinte.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte: Alvito, Marcos. Maçaranduba neles!Torcidas organizadas e policiamento no Brasil. Revista Tempo | Vol. 19 n. 34 , 2012.

Vasco Engenhão 2012

Vasco São Januário 2012