quinta-feira, 17 de setembro de 2015

FORÇA JOVEM 1988: BANDEIRA DA GAVIÕES NO PACAEMBU

“Em 04 de Dezembro de 1988, nós fomos pra São Paulo com dois ônibus, foi minha primeira viagem pra São Paulo, eu já tinha ido pra Minas, tinha 19 anos.
Fui escolhido para ir no ônibus Um, esse ônibus só tinha lenda da Força, era os Metralhas, André, Jorge, Mula Manca, Pança, Rogério Manteiga, Marcelo He Man, Roberto Monteiro, Marcondes, Arlindo, Alison, Assis Negão, Girafa, Japão, Fusca, Foca e Marcos See de Niterói.
Em São Januário, foi escolhido a dedo quem era pra ir, não era qualquer um que podia viajar.
Ao chegar ao Pacaembu, a gente bateu de frente com a Gaviões da Fiel que estava enorme, tinha 53 mil pessoas no Estádio, uns 3 mil Vascaínos, na descida do Tobogã, tinha uma galera do Corinthians comprando ingresso na bilheteria, encontramos os caras e saímos pegando, crente que ia se dar bem, quando fizemos a curva do Tobogã, muita camisa preta, nós com dois ônibus, umas cento e poucas pessoas, eu que estava enfrentando aquilo pela primeira vez, de repente um componente nosso, ele foi pra dentro dos caras, saímos pegando geral, botamos os caras pra correr, ai chegou a polícia aquela confusão e conseguimos entrar no Estádio.
Nós estávamos pequenos e Corintiano pra caramba, os caras fazendo festa, de repente pula um cara da Gaviões com a bandeira e fica tremulando, tipo aqui é tudo nosso, e finca ela no meio de campo e volta correndo pula o alambrado e volta para a Torcida, e fica comemorando, os caras vibrando, e eu na minha sanidade total, cheguei primeiro para o Aloísio Foca de Niterói e falei, se pegar aquela bandeira da fama, ele responde, não tem maluco pra isso não, pegar aquela bandeira, ia ser do caramba.
Nesse tempo a Força estava se firmando no cenário Estadual e Nacional, foi um feito, e foi um ponta pé para ser reconhecida e respeita no Brasil todo, nós estávamos conseguindo aqui no Rio com muito sacrifício.
Encontrei o Metralha e o Japão, eu falei, vou pegar essa bandeira, nego nem deu confiança, quem é esse moleque ai, eu estava com a camisa da Força, uma bermuda preta, três cordões de prata (moda na época), uma touca preta e uma mascara do dito cujo, virei a mascara para trás, e pulei o alambrado e sai correndo até o círculo central, ai nisso aquele silêncio no Estádio, peguei a bandeira e voltei vuado, nisso eu voltando, e olhando para a Força, nego comemorando igual a um gol, ai peguei e joguei a bandeira pra Torcida e fui pular de volta, só que já tinha seis PMs me esperando, ai me pegaram pela bermuda e foram me levando pra onde era o DPO do Estádio, só que esse DPO era debaixo da Gaviões, e por todo esse trajeto a Torcida me hostilizando, que eu ia morrer,que eu tinha desonrado o Timão, os PMs, falando vão juntar a gente, vamos largar esse cara aqui, ai eu falei, não pelo amor de Deus, me leva, ai conseguimos chegar no lugar onde fica detido.
Chegando lá o cara pega minha identidade e eu estava sem a camisa da Força, lógico coloquei dentro da bermuda, ai entra um cara, entrando na porrada, rindo, encostaram ele na parede, e eu numa cela 2x1, ai o cara tomando cassetete nas costas, olha pra mim e fala vou te matar, ai jogaram ele na cela, esse cara simplesmente era um grande da Gaviões e tinha ficado cego de um olho em São Januário, quando o cara entrou na cela, Carioca FDP, eu vou comer seus olhos, eu falei agora vai ser na porrada, nisso entrou dois PMs seguraram ele, o Rogério Alves (ex Força Jovem década de 1970) Advogado do Vasco, tinha ido me tirar, a pedido de Eurico e do Ely Mendes (Presidente da Força), me tirou da cela, o cara ficou esbravejando, eu fui com Rogério Alves, ele de terno e eu de bermuda e sem camisa, por dentro do gramado, até onde estava a Força Jovem, foi de ponta a ponta, antes de chegar a galera me reconheceu.
 Êeee, esta chegando a hora, carioca vai morrer”, eu falei, vai pular gente no gramado, vai dar ruim, chegando em frente a Força Jovem, tirei a camisa de dentro da bermuda, sacudi ela e pulei o alambrado de volta, ai nego começou a cantar.
Força Jovem, eee, é a Força Jovem, eee, da porrada na Jovem e na Fiel, Força Jovem é cruel, Eu sou da Força Jovem eu sou...
Mais uma festa, como se fosse uma goleada histórica, o Ely Mendes, coitado, coroa, né, falou, meu filho você é maluco, blá blá blá, você pode pedir o que você quiser no bar, a partir daí eu comecei minha história na Força Jovem, além de vários combates, mais essa ai foi histórica, são mais de 25 anos, e essa história perdura, acho que foi o ponta pé inicial, para Força Jovem ser conhecida no Brasil e principalmente ser apresentada a Gaviões, falou Serginho de Niterói.
“Nunca mais vou esquecer esse dia, Serginho entrou para a história”, disse Rogério Manteiga
“Ali foi sobrevivência, ali foi, quando Serginho estava voltando com a Bandeira, eu nunca vi tanta camisa preta na minha frente, os caras correndo pela arquibancada, eu me lembro que estava com dois caras aqui de Marechal, um dos caras falou, o que estou fazendo aqui, aquilo ali eu pensei, o massacre, não tinha jeito, os caras apedrejando a gente daquele terreno baldio, apedrejando a gente de cima do morro, e lá naquela arquibancada da frente, colocaram a gente no pior lugar, aquilo foi uma sobrevivência, quanta gente caindo de pedrada, de repente a PM jogou gás de pimenta, demos sorte, dali em diante começaram a nos respeitar, mais ainda”. Falou Japão de Marechal Hermes.
Fonte: Wattsapp "Dinossauros vem ai" em 16 de Setembro de 2015

Força Jovem 1988

Força Jovem 1988

Força Jovem 1988