quarta-feira, 4 de outubro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1918 OS INCANSÁVEIS VASCAÍNOS

                                                                                        “Grande Assistência”
                                                                                           Frase da época

1918               Os Incansáveis Vascaínos

        Até a afirmação do profissionalismo do futebol nos anos 1930 era comum um atleta praticar vários esportes. Na biografia de Leônidas da Silva, o jornalista André Ribeiro (2007) registra que aquele gênio do futebol disputava outras modalidades esportivas pelos seus primeiros clubes: Sirio e São Cristovão. No Vasco isso não era diferente. Um mesmo atleta competia em várias modalidades. Uma das figuras mais notáveis em nossa agremiação era Adão Brandão, autor do primeiro gol vascaíno, em 1915. Para estes desportistas o envolvimento com o clube tinha que ser total. Mesmo em um ano que não fosse repleto de títulos a missão destes jovens era manter acesa a chama da esperança no ano seguinte. E foi o que Adão e seu grupo[1] fizeram no final do ano de 1918 realizando um “suculento e maggestoso reco-reco”[2].
            As derrotas no futebol e no remo não afastavam os associados do clube, pelo contrário, se afirmavam laços de união e camaradagem que garantiriam, no futuro, o crescimento vertiginoso de nossa torcida. Uma demonstração clara do traço distintivo do Vasco diante dos outros clubes da Segunda Divisão era a constante presença de torcedores vascaínos que demarcavam a diferença entre os clubes de futebol.
            O jornal Tico-tico[3] faz um registro da partida (ainda usando muitos termos em inglês) entre Vasco e River no estádio do São Cristovão (construído em 1916, sendo considerado um dos mais modernos daqueles tempos), ressaltando a superioridade de nosso clube em campo e nas arquibancadas: “este match foi effectuado no ground do S. Cristovão A. C., a rua Figueira de Melo, com regular assistência composta na sua maioria associados do Vasco da Gama o qual demonstrando certa superioridade sobre o seu antagonista infligiu-lhe uma derrota de 4 a 2”[4]. Este talvez seja o primeiro registro da imprensa sobre a atuação de nossa torcida.
        Esta partida aconteceu depois da suspensão de todos os jogos de futebol na cidade em virtude da “gripe espanhola”. Uma grave epidemia que atingiu o Brasil matando milhares de pessoas. Somente em nossa cidade morreram nos meses de outubro e novembro mais de 25 mil pessoas.
            Nas duas últimas partidas o time já pensando em férias relaxou e foi derrotado, sendo a última com uma goleada por 6 a 0 para o Mackenzie. O resultado final foi, podemos assim considerar, satisfatório, com 9 vitórias e 7 derrotas.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Este coletivo de associados depois se auto-intitulará de Grupo do “Lasca o Pau”.
[2] Tico-tico, dezembro de 1918.
[3] O mesmo periódico foi o único que deu a notícia do Vasco sendo aceito pela Liga Metropolitana 3ª Divisão em 1916.
[4] Tico-tico, outubro de 1918.

Vasco Revista Careta 1918

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