segunda-feira, 1 de junho de 2015

TORCIDA DO VASCO 1921: PEÇA DE TEATRO “A TORCEDORA DO VASCO”

Algo diferente ocorre na peça “A torcedora do Vasco” escrita, em 1921, por Antonio Quintiliano. Apesar de ser uma obra com forte tom caricatural, é possível perceber um novo perfil feminino traçado por intermédio do esporte que no caso não é o futebol, mas o remo. No lugar das mocinhas desprotegidas, à espera de um casamento ou subordinadas aos seus maridos, vemos uma mulher que autoritariamente inverte os papéis e que ao longo da peça não cansa de repetir “Que marido maricas!”. Sofia manda e desmanda na casa, a sua palavra é sempre a última, cabendo ao marido Leandro apenas concordar com suas decisões. Além de mandona Sofia não é aquele tipo de esposa prendada e sempre preocupada em cuidar do marido, ao contrário, Sofia “só cuida de regatas!” Nada de cozinhar, lavar roupas ou limpar a casa, pegar o carro e ir à praia torcer pela equipe de remo do Vasco da Gama é a principal atividade de Sofia. Essa mulher tem anexado ao seu perfil dois ícones da modernidade: o automóvel e o esporte. Embora ambos sejam experimentados ainda de maneira passiva − já que Sofia não dirige o carro e não pratica, mas assiste às competições de remo − a peça “A torcedora do Vasco”, mesmo que com estilo cômico e excessivo, trabalha ficcionalmente um fenômeno perceptível no cotidiano daquela época e que diz respeito ao surgimento de novos modelos de mulher a partir da sua relação com a máquina e, principalmente, com o esporte. 
Fonte: O que é uma torcedora? Notas sobre a representação e auto-representação do público feminino de futebol. Leda Maria da Costa

Vasco Jornal Correio da Manhã 1921

Vasco O Jornal 1921

Um comentário:

  1. A Leda é professora universitária e vascaína. tem outros artigos sobre futebol

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