quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

VASCO 2016: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1957 O VASCAÍNO PELÉ

                                                     “o intocável Real vencedor de todas as constelações
                                                              europeias estava aprendendo a jogar futebol" 
                                                                           Jacques Ferran no jornal l'Equipe:

1957                          O Vascaíno Pelé

Dedicando tempo integral ao clube, Dulce vai construindo sua imagem de torcedora dedicada e capaz de todo o sacrifício par exaltar sua agremiação. Passa a liderar as caravanas pela cidade do Rio de Janeiro e fora também. Sua primeira caravana no comando da TOV foi para Juiz de Fora, em Minas Gerais. Em seguida ela promove uma aproximação com o principal chefe de torcida do Botafogo, Tarzan, fazendo uma homenagem ao alvinegro. No mesmo ano sua figura vai angariando cada vez mais admiradores pela imprensa por sua luta ao romper as barreiras machistas do futebol: “DULCE ÚNICA MULHER A DIRIGIR UMA TORCIDA ORGANIZADA: Atualmente, é a única mulher que comanda uma Torcida de futebol. E o coração feminino torna-se desmedidamente grande na devoção. Oferece muito e, não raro, em troca de nada. Dulce Rosalina confirma essa verdade. Sua paixão pelo Vasco da Gama encerra algo de belo, idolátrico, imorredouro. Vê-la nos instantes de arrebatamento esportivo ou quando vibra de emoção ao referir-se ao Clube predileto é passar a crer na virtude de certos seres. Bendigamos-lhe o sentimento, a intensa e admirável veneração ao grêmio a que de todo se entregou”.
Dulce e os torcedores vascaínos não poderiam imaginar que eles seriam testemunhas oculares de algo que muito orgulhará o clube nos próximos anos, ao acompanhar o desabrochar de um jovem que vestia a camisa do nosso clube na disputa de um torneio internacional em junho de 1957. O jovem jogador do Santos vestiu a camisa vascaína no Maracanã pelo combinado Vasco-Santos. Suas atuações chamaram atenção do técnico da seleção brasileira da época, Silvio Pirilo, que o convocou para amistosos da seleção e o garoto nao decepcionou. Marcou um gol contra a Argentina na sua estreia pela seleção em 1957.
            As boas atuações de Pelé despertaram o interesse do Vasco que fez uma proposta de contratação do jogador do santos no final de agosto. No entanto, o clube paulista recusou a oferta do presidente vascaíno, Arthur Pires. Muitas foram as versões sobre este contato de Pelé com o Vasco. Algumas dizem que o Vasco recusou o jogador. Mas uma coisa ninguém discute. O clube do coração de infância do “Rei do Futebol” é o Vasco, conforme declarou o atleta em inúmeras entrevistas.
            Em junho de 1957 o Vasco partia para uma longa excursão internacional que culminaria na disputa do Torneio de Paris com as melhores equipes do mundo, incluindo o poderoso Real Madrid, considerado à época como um time imbatível. E foi justamente contra o time espanhol que o Almirante enfrentou na final do torneio no dia 14 de junho. Para surpresa da imprensa européia o Vasco vence o real Madrid por 4 a 3 e conquista o título. Na volta ao Brasil, um mês depois (a excursão continuou passando até pela URSS) os jogadores foram recebidos com grande festa pelos torcedores no aeroporto.
            No campeonato carioca de 1957, Vasco e Flamengo, os maiores vencedores na década de 1950 ficaram para trás e a disputa final ficou entre Fluminense e Botafogo. Na famosa final em que o Botafogo goleou o rival por 6 a 2, a torcida alvinegra contou com o apoio das torcidas organizadas de Vasco e Flamengo. De acordo com o depoimento do jornalista Roberto Porto, um dirigente provocou os torcedores dos três times dizendo que o Fluminense já era o campeão: “ele provocou a torcida do Flamengo e do Vasco dizendo que deveria ser distribuído geladeira, radio, televisão, que eles não tinha mais nada a fazer no campeonato e que o Fluminense só ia cumprir o seu dever com o seu quadro social... rapaz, no domingo estava lá o Jayme de Carvalho e o Ramalho na torcida do Botafogo. Atrás do gol, onde ficava a torcida do Botafogo. Hoje, isso é inimaginável, eles estavam lá. Eu me lembro de vê-los. O Ramalho com o talo de mamona tocava sempre que o Botafogo atacava...”[1].
 Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Depoimento concedido a mim em janeiro de 2008.

Vasco Jornal O Globo 1957

Vasco Pelé

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