“Vou subir a Colina para ver meu amor, vou
ver meu Vasco jogar”
Fernanda Abreu cantora
2014 O Maraca é Nosso
Juninho
havia previsto sua despedida do futebol jogando o campeonato carioca de 2014
mas no final de janeiro, em razão de sucessivas lesões, o jogador resolve, aos
39 anos, abandonar o futebol para a tristeza de seus inúmeros admiradores. Na
mesma época falecia o jornalista da Rádio Tupy, Jorge Nunes. Irreverente e com
uma linguagem popular, o comentarista fazia questão de participar dos debates
esportivos defendendo com orgulho o seu time do coração.
Ainda no início do ano a
Força Jovem era novamente punida com a extensão da pena de não comparecer aos
jogos por um ano. Para o sociólogo Mauricio Murad, a medida era ineficiente
pois faltava uma articulação das diferentes esferas públicas, envolvendo também
federações e clubes e se criar um verdadeiro plano nacional contra a violência.
Para piorar a situação os problemas dentro da torcida continuavam com a disputa
entre os grupos rivais:.
No
ano da Copa do Mundo no Brasil não faltaram estudos sobre o futebol e o tema do
fenômeno das torcidas continuou predominando. O sociólogo Bernardo Hollanda,
escreve um antigo sobre as mudanças com o surgimento de um novo estilo de
torcer em UMA ANÁLISE DAS NOVAS DINÂMICAS ASSOCIATIVAS DE TORCER NO FUTEBOL
BRASILEIRO[1].
Nele é feito uma análise histórico-sociológica de compreensão da atuação desses
subgrupos contestando a visão corrente da grande imprensa e de outros setores
da sociedade segundo a qual a violência seria uma patologia social inerente aos
membros das torcidas organizadas – com os pejorativos “vândalos”, “bárbaros” e
“irracionais”. Para Hollanda, as várias pesquisas já apontavam para a
necessidade de apreender as transformações internas por que vêm passando as
torcidas organizadas nos últimos anos. Em paralelo ao crescimento e à
intensificação das brigas fora dos estádios, novos agrupamentos de jovens
torcedores surgem nas arquibancadas, com a proposição de um discurso antagônico
ao das torcidas tradicionais.
Pouco
antes da Copa do Mundo de 2014, uma briga entre as torcidas de Flamengo e
Corinthians, válida pela segunda rodada do campeonato brasileiro com
transmissão pela televisão, não teve a mesma punição que os vascaínos sofreram.
Em nota, a Força Jovem lamenta que a repercussão e a punição tenham sido nulas:
“a nossa INDIGNAÇÃO, NENHUM
VEÍCULO de COMUNICAÇÃO, noticiou a "CONFUSÃO GENERALIZADA",
envolvendo as DUAS MAIORES ORGANIZADAS do Flamengo! Para nós, não é nenhuma
SURPRESA, pois esta MÍDIA COMPRADA FAZ O POSSÍVEL E IMPOSSÍVEL para PROTEGER O
SEU TIME QUERIDO E DO CORAÇÃO!” Também a Guerreiros do Almirante sai em defesa
de uma lei igual para todos: “não entendemos o silêncio da Grande Mídia e do
"guardião da justiça" Paulo Schmidt diante da briga ocorrida no
Pacaembu, no dia 27 de abril de 2014, entre Corinthians x CRF, onde a Torcida
do Clube "roubado é mais gostoso" se confrontou entre si, com direito
a imagens de selvageria, furtos e agressões!
Onde esta a ISONOMIA? Onde esta a
Justiça?”, conclui o protesto.
Mesmo sem enfrentar o Flamengo no campeonato brasileiro de 2014, a torcida
vascaína não esqueceu do rival depois da Copa do Mundo e aproveitou para fazer
uma paródia da música cantada pela torcida da Argentina para provocar os
brasileiros, "Decime qué se siente". Na letra não faltam lembranças
de vários carrascos: Cocada, Pedrinho e Edmundo. Mas a provocação maior é o
fato dos rubro-negros não terem um estádio próprio. A aproximação da torcida
vascaína com os argentinos se deu na final da Copa do Mundo. Antes dos argentinos o contato tinha
sido com os chilenos, quando a GDA
apareceu em imagens ao lado de membros da Barra Brava Los de Abajo, da
Universidad de Chile, que vieram ao Rio assistir sua seleção jogar contra a
Espanha”. Depois foi a vez
dos Guerreiros do Almirante e da Ira Jovem, receberam em São Januário a
principal Torcida Organizada (Barra) do Boca Junior, a La Doce (La 12), antes
da grande final no Maracanã entre Alemanha x Argentina.
A
novela Império da Rede Globo foi o grande sucesso da dramaturgia neste ano. No
papel principal o ator Alexandre Nero interpretando um rico empresário
manifesta em diversos capítulos seu amor pelo clube do coração: o Vasco. Em um
dos episódios ele comenta o seu interesse em patrocinar o clube que vivia no mundo
real uma grave crise financeira. Outros dois personagens demonstram que eram
vascaínos: sua filha, vivida pela atriz Leandra Leal e o dono do bar,
interpretado por Jackson Antunes.
Em novembro Eurico Miranda
retorna a presidência do clube ao vencer as eleições com mais de 50% dos votos
válidos dos vascaínos. O ex-presidente derrotou os candidatos Roberto Monteiro,
pela chapa Identidade Vasco, e Julio Brant, pela chapa Sempre Vasco. No dia
seguinte da vitória de Eurico Miranda o responsável pelo “blog da Fuzarca”
lamenta o resultado pois as pesquisas na Internet preferiam, com maioria
absoluta (70%), a vitória de Julio Brant: “A vitória do Eurico Miranda é uma
prova cabal do desencontro entre o que pensa o torcedor – ávido por mudanças,
simpático à ideia de profissionalização do futebol e a democratização do clube
– e o eleitor médio vascaíno, em grande parte conservador, tradicionalista e
que não trocaria nunca o conceito vago de “impor respeito” por uma
administração mais transparente”.
A eleição ocorre próximo
da volta do clube para a Série A. No dia 8 de novembro 50.000 pessoas
prestigiavam o time na vitória contra o ABC no Maracanã, mas a classificação
viria alguns dias depois (dia 22) em um sofrido empate diante do modesto Icasa
também no Maracanã, diante de um público de mais de 56.000 pessoas que vaiaram impiedosamente
o time, apesar da classificação.
Um
dos poucos jogadores poupados pela torcida nesta temporada foi o volante
argentino Guiñazu com seu estilo aguerrido, ele foi uma das raras exceções a
ter seu nome gritado pelos torcedores que o chamavam de PItbull. O
argentino de 36 anos e contrato com o Vasco até julho do ano que vem, já
demonstrou vontade em ficar no Vasco e deseja até mesmo encerrar a carreira no
clube.
A
revista norte-americana Times escolheu as 34 imagens mais marcantes em todo o
mundo no ano de 2014 e, uma das fotos faz referência a um simbólico torcedor
vascaíno, chamado Caíque. A reportagem destaca a fé do conhecido torcedor dos
vascaínos, cujo nome verdadeiro é Carlos Henrique, trazendo a seguinte legenda:
“Em todo jogo disputado pelo clube do Rio Vasco da Gama, Carlos Henrique do
Nascimento carrega um cartaz em que se lê “fé” e uma planta que alguns
torcedores acreditam trazer sorte (são os galhos de arruda que ele carrega)”.
O Brasil encerrava em
2014, mais uma vez, como a nação que mais ocorreram crimes por causa de futebol
em todo o mundo. Este ano foram 18 mortes motivadas por rivalidades
clubísticas, como atestam números oficiais tabulados pelo professor e sociólogo
Mauricio Murad. De nove medidas anunciadas pelo governo depois de Joinville,
apenas uma foi executada (o cadastro de torcidas organizadas) - diz Murad[2]. As
outras medidas anunciadas continuam apenas no papel: criação de um guia de
procedimento de segurança para atividades esportivas; Juizado de torcedores e
delegacias especiais; segurança integrada; qualificação dos estádios; câmara
técnica e estatuto da segurança privada nos estádios; e maior responsabilização
dos clubes
2010: 12 pessoas Morreram por causa de futebol no Brasil.
2011: 11 pessoas Tiveram a morte comprovadamente ligada a
rixas de torcidas.
2012: 23 pessoas Foram mortas por torcerem por times diferentes.
Nesse ano, a violência do futebol dobrou.
2013: 30 pessoas Foram assassinadas por torcedores rivais.
Foi o maior número da História.
2014: 18 pessoas Morreram por causa de futebol no Brasil. A
redução se deveu à pausa para a Copa do Mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário