quarta-feira, 19 de julho de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 2015 O RESPEITO VOLTOU. SERÁ?

                       “A Força Jovem do Vasco, perde um símbolo de dignidade, de respeito”
                                           Francisco Carlos sobre a morte de Marcelo He-man

2015                 O Respeito Voltou. Será?

        Ao retornar a presidência do clube, Eurico Miranda prometia que o passado recente com dois rebaixamentos deveria ser creditado a Roberto Dinamite e que com ele seria muito diferente. A conquista do título carioca de 2015, depois de 11 anos de jejum, chegou a animar parte da torcida que acreditou no lema do “novo” comandante que afirmava categoricamente: “O Respeito Voltou”.
            Quem também fazia uma campanha para se reerguer era a Força Jovem punida até 2016, enfrentando inúmeras divisões internas e perseguições de várias ordens. Mas a tensão entre os grupos opositores permanecia. Um cordão de isolamento, contando com a proteção de cerca de 10 policiais, separou os diferentes segmentos em um jogo em São Januário. A dissidência se dava pelo apoio - ou não - ao atual presidente do clube, Eurico Miranda.
A campanha da imprensa contra a torcida continuava. Uma notícia de que seus membros foram até São Januário assistir um treino motivou a preocupação do novo comandante do GEPE, o Major Silvio Luis, que mandou apurar os fatos pois a torcida estava impedida de qualquer ato público. Em resposta a agremiação emite uma nota ressaltando: “o nosso Departamento Jurídico, está trabalhando INCESSANTEMENTE para que o nosso DIREITO CONSTITUCIONAL de ir e vir, possa voltar a ser LEGÍTIMO! Estamos trabalhando pela PAZ na torcida e com os nossos sócios atendendo todas as normas do GEPE e do Ministério Público!”
Mesmo proibida de freqüentar os estádios os integrantes da Força Jovem participaram de um confronto no bairro do Méier contra torcedores do Fluminense em fevereiro, levando a polícia a prender 118 pessoas.
No início de maio finalmente o clube voltava a vencer um campeonato carioca. Depois de eliminar o Flamengo, o Vasco vence o Botafogo na final com destaque para o imenso mosaico da torcida no Maracanã escrito em todo o Setor Sul “o Maracanã é nosso desde 50”. Era uma resposta à diretoria do Fluminense que insistia em ficar do lado direito após a reabertura do Maracanã em 2013.
Nesta época, Bernardo Holanda e Rosana Teixeira lançavam o livro “A voz da arquibancada. Narrativas de lideranças da Federação de Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro (FTORJ)”. O trabalho era o resultado da formação de um banco de entrevistas de História Oral sobre as torcidas de futebol do Rio de Janeiro. Os relatos das lideranças da FTORJ foram gravados entre julho de 2010 e janeiro de 2014, no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, o CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas. A Federação contava com a adesão de dez associações, sendo duas do Vasco: Força Jovem e a Ira.
Com apoio de diversos setores da sociedade foi organizado na Fundição Progresso (RJ), o Primeiro Encontro de Conscientização pela Paz nos Estádios, organizado pela ANATORG que contou a presença massiva de lideranças das famílias da FJV. Um dos organizadores foi Felipe Lopes (USP - Universidade de São Paulo) que realizava um estudo sobre o comportamento dos torcedores organizados em todo mundo.
Em junho veio a triste notícia do falecimento precoce do ex-presidente da Força Jovem, Marcelo He-Man, aos 39 anos, vítima de câncer. O torcedor recebe uma justa homenagem de diversas torcidas do Vasco através de seus sites. Eis alguns relatos: GDA, “uma das maiores referências na arquibancada vascaína”; Força Independente, “INESQUECÍVEL PRESIDENTE”; Pequenos Vascaínos, “Um mito, um ídolo, o maior presidente da história da Força Jovem”; Ira Jovem, “íntegro, inteligente e que sempre vislumbrava novos e bons caminhos” e a própria Força Jovem: “Se houve na história das Torcida Organizadas, alguma Torcida independente, essa foi a FORÇA JOVEM DE MARCELO HE-MAN”.
No dia 26 de Junho de 2015 o desembargador Mauro Pereira Martins organiza um evento chamado “I Encontro Nacional pela Paz no Futebol”, realizado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, com a presença do GEPE e de diversas torcidas organizadas do Rio de Janeiro.
Imbuídos no espírito de união e amizade de tempos passados o grupo dos “Dinossauros” intermediou uma reunião entre os dois grupos da FJV para tentar extinguir de vez as desavenças que se arrastaram nos últimos anos. Tudo parecia resolvido e apaziguado mas algumas semanas depois os “Dinossauros” emitem uma nota de desagravo com a quebra das promessas e a continuação dos conflitos pessoais. Daí “esclarecer a todas as Famílias que tentamos,  mais não querem ajuda,  estão cegos pelo poder a ponto de faltar com a palavra o bem mais precioso de um homem.  E isso é inadmissível!!!!
Em julho a discussão que retornou no futebol carioca era a polêmica sobre o local das torcidas no Maracanã no clássico entre Vasco e Fluminense. Como o tricolor fazia questão de ficar no local tradicional dos vascaínos (a direita da tribuna – SETOR SUL), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tomou uma medida drástica e decretou que apenas uma torcida comparecesse ao duelo, no caso, a torcida do Fluminense. Neste ano a polêmica começou no campeonato carioca que teve o jogo transferido do Maracanã para o Engenhão. Isto tudo contribuiu para a retomada da polêmica de clássicos com torcida única, seguindo o que já havia acontecido em Minas Gerais e no Paraná.
No fim do ano (outubro) é feita uma reunião entre membros da situação e da oposição e fica estabelecido a formação de um Conselho composto por 4 diretores da situação da torcida e 4 diretores da antiga oposição, que irão gerir este Grêmio até março de 2017 quando realizariam novas eleições. O motivo do acordo entre os grupos dissidentes foi uma reunião entre o Movimento Tudo Mudou, o Ministério Público e o Grupamento Especial de Polícia em Estádios. Foi relatado pela promotora de que o maior problema e preocupação atual das autoridades do Estado do Rio Janeiro não eram as brigas de torcidas de clubes distintos, mas sim pela guerra interna na Força Jovem nos eventos do C. R. Vasco da Gama. Além disso foi cogitado também um plano de prisão em massa a ser efetuado pelas Polícias Militar e Civil, através do Setor de Inteligência, sobre acusações de crimes inafiançáveis como formação de quadrilha e tentativa de homicídio
Antes da última partida do campeonato brasileiro, a Torcida União Vascaína escreve uma carta para o atacante Nenê, o principal jogador do time. Ele lê para o time pouco antes de entrar no gramado na partida decisiva para evitar um novo rebaixamento: “Vocês entrarão em campo, representando mais de 20 milhões de torcedores, e a esperança de todo esse povo, está nos pés e na atitude de cada um de vocês, pedimos seriedade e a responsabilidade de todos vocês, e vocês sabem que compramos qualquer briga em favor de vocês, e o apoio por parte da torcida do Vasco não vai faltar no Couto Pereira. Essa que é a última batalha de uma guerra que será vencida por todos nós, vocês no campo, e nós os apoiando da arquibancada”.
Após a derrota para o Coritiba e o terceiro rebaixamento em menos de 10 anos, o presidente Eurico Miranda se apresenta de forma humilde, uma cena rara em sua biografia, e assume a inteira responsabilidade pela pífia campanha do time.
 Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.

Vasco 2015

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