segunda-feira, 18 de setembro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1913 BRASILEIROS X PORTUGUESES

                                                                             “Remos à proa, medalhas ao peito”
                                                                                               Lema do Clube

1913                    Brasileiros x Portugueses

            A versão tradicional sobre a origem do departamento de futebol no C. R. Vasco da Gama remonta a visita de um selecionado português para enfrentar o Botafogo F.C em julho de 1913. Durante as disputas acirradas a questão da nacionalidade levou a comportamentos exacerbados em ambos os lados. A repercussão dos jogos acabou por incentivar a comunidade portuguesa residente na cidade em criar os seus próprios times.
            No entanto, com já demonstramos nos anos anteriores, alguns relatos diferentes registram que a vontade de montar uma equipe de futebol dentro do clube já vinha sendo tentada em inúmeras ocasiões, na medida em que o futebol ganhava cada vez mais a divulgação da imprensa e um número significativo de clubes surgia por toda a cidade, em diversas camadas sociais, comprovando que o futebol já teria desbancado o remo como esporte preferido para a sua prática bem como entre os assistentes.
            Enquanto os atletas do remo partiam em busca de mais um campeonato, os sócios mantinham sua fidelidade aos seus ídolos e garantiam um relativo sucesso de público nas regatas mais concorridas. Na última do ano, ocorrida no final de outubro, os torcedores comparecem em peso, tanto nos setores mais populares “a amurada da Avenida Beira-Mar se via uma linha cerrada de espectadores apreciando os movimentos dos páreos náuticos” quanto nas áreas mais nobres do Pavilhão, “com crescido número de pessoas da nossa melhor sociedade”[1].
A revista Fon-fon, especializada em reportagens sobre a vida moderna na cidade e em acompanhar o novo estilo de vida que o mundo seguia, registrava que no Rio de Janeiro, o desenvolvimento da prática esportiva como grande espetáculo seguia os mesmos passos dos países mais avançados do mundo e cita que a cidade carioca estava se igualando a França, Inglaterra, EUA, ou seja, em lugares que o esporte havia se desenvolvido. Antes praticados como exercício de lazer ou para a manutenção da saúde, agora haviam se transformado em eventos sociais que davam uma nova identidade as zonas urbanas: “as nossas festas esportivas evoluíram incontestavelmente e hoje em dia uma corrida no Derby, ou no Jockey, uma regata em Botafogo, ou uma partida de football tem a importância de um acontecimento na vida da cidade”[2].
                A verdade era de que o remo ainda era o esporte mais tradicional da cidade e durante as principais competições, a presença de público era bem significativa, no entanto, como paixão popular, o futebol já dominava as atenções de parcelas significativas da sociedade, tanto entre as elites da Zona Sul, como entre os moradores do Centro, Zona Norte e Suburbana.
            O futebol contava com aspectos favoráveis como a ampla possibilidade de ser praticado por toda a cidade, numa época de expansão urbana e crescimento populacional para todas as regiões, especialmente a zona suburbana. O local se revelou um verdadeiro celeiro de craques formados nos mais diversos clubes que se formavam para a prática exclusiva do futebol.
            Outro fator que beneficiou o futebol foi a rivalidade entre paulistas e cariocas e vice-versa. Também ocorre um maior intercâmbio com outros países e a possibilidade do futebol representar a nação. O sentimento nacionalista foi reforçado neste ano com as vitórias sobre os selecionados português (em julho) e chileno (em setembro) e contra a equipe inglesa do Corinthians (em agosto).
            No clube, a cada ano era inventada uma nova moda para atrair futuros sócios e garantir o fortalecimento da instituição que vivia uma época de glórias com a conquista do bicampeonato de remo. No último dia do ano, era promovido pelo grupo dos “Mademoiselles Barbados” uma festa irreverente, conforme anunciava o jornal O Imparcial em 30 de dezembro de 1913. Mais uma demonstração que o clube procurava expandir suas atividades além das esportivas e se constituir numa autêntica família ampliada.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Fonte: A Imprensa, 20 de outubro de 1913.
[2] Fonte; Revista Fon-Fon, 23 de agosto de 1913.

Vasco Revista O Malho 1913

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