quarta-feira, 20 de setembro de 2017

VASCO 2017: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1914 VALOROSO CENTRO NÁUTICO

                                                                                                                “pó-arroz”
                                                                                              Início do apelido do tricolor

1914                   Valoroso Centro Náutico

            Enquanto a equipe de remo do Vasco alcançava um inédito tricampeonato, a seleção brasileira de futebol realizava duas proezas: em julho vence um time de profissional da Inglaterra (Exeter City) e, em setembro, conquista o primeiro título ao vencer a Argentina na casa do adversário. Os dois resultados foram cruciais para que o nacionalismo despertado pelo esporte motivasse uma grande confiança na capacidade do futebol representar a nação. Considerando que aquele ano foi o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), isso não era pouco.
Milhares de pessoas receberiam os atletas que regressaram da Argentina no Cais do Porto. A repercussão na imprensa foi de surpresa tanto diante da vitória como o entusiasmo no Brasil. O nacionalismo começava a caçar as chuteiras. A revista O Malho registrava a façanha dos jogadores: “o domingo último marcou uma data gloriosa para o Sport brasileiro, com a vitoria de nosso team sobre o scratch argentino, na conquista da Copa tão benemeritamente ofertada pelo General Julio Roca ex-presidente da Argentina. O match teve assistência de público superior a 15 mil pessoas”.
            Para o Vasco, a vitória no campeonato de remo foi o motivo de grandes comemorações dos sócios e torcedores vascaínos que celebraram a conquista com o tradicional passeio de barco e um animado pic nic na Ilha do Engenho. De acordo com o jornal A Gazeta de Notícias a programação era extensa com a saída no Cais do Porto pela manhã e a volta depois das 17 horas. Muitas atividades foram programadas, como o almoço, sorteio de brindes, danças, passeios pela ilha, competições esportivas e diversas outras atividades recreativas. Cabe o registro do grau de organização do clube que designava várias comissões para o sucesso da atividade. Estas foram assim divididas: Recepção, representação e imprensa; Buffet, Dança, Música etc. Já o Correio da Manhã preferiu destacar a presença feminina: “compareceram muitas senhoras e gentis senhoritas que emprestaram notável encanto ao belo passeio”[1].
            Este foi um ano repleto de glórias para Claudionor Provenzano, considerado um dos maiores atletas de clube de todos os tempos. Sua figura imponente e seus títulos, deram-lhe grande divulgação. Sua imagem foi uma das mais usadas pelas revistas para enfatizar o caráter vigoroso do remo. Em seu peito repleto de medalhas, característica das fotos dos remadores da época, há ainda o registro de sua coragem heróica capaz de salvar vidas no mar: “é, também, um valente nadador, sendo muitas as pessoas que tem arrancado à morte dentro do mar”[2]
No campeonato de futebol ocorreram algumas novidades: o Flamengo sagrava-se campeão pela primeira vez, o Fluminense ganhava o apelido de “pó-de-arroz” da torcida do América (na verdade o apelido era para o jogador Carlos Alberto que havia trocado o América pelo Fluminense e usava o produto para disfarçar a pele escura) e a última colocação do Payssandu, tradicional clube da elite (formado por descendentes de ingleses). Com esta classificação, o clube teria que havia conquistado o campeonato em 1912, agora teria que jogar na Segunda Divisão.
A explicação para o apelido do Fluminense “pegar” é dada por Mario Filho no livro O Negro no Futebol Brasileiro (2003, p.60). Para o jornalista, o clube procurar ser o mais elitista de todos os clubes. Mesmo entre as agremiações na Zona Sul, são associados procuravam se destacar dos demais: “o Fluminense (...) era muito cheio de coisa, queria ser mais do que os outros, mais chique, mais elegante, mais aristocrático. O pó-de-arroz pegou feito visgo”.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.


[1] Fonte; Correio da Manhã 14 de dezembro de 1914,
[2] Revista FON-FON, 1914.

Vasco Revista Fon Fon 1914

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