“os homens em ação, as doutrinas militantes, os atos de
arrebatamento
e bravura tornam os índices nos quais as pessoas passam a se
inspirar”
Nicolau Sevcenko, historiador
1915 O Sport Favorito dos Cariocas
Tricampeão de remo da
cidade, o Vasco iniciava temporada daquele ano fazendo uma regata íntima, uma atividade comum entre os clubes
náuticos para promover o lazer entre os seus sócios e atletas. O jornal Gazeta
de Notícias noticiou a festa vascaína realizada: “na Avenida Rio Branco em frente
ao Monroe (palácio que não existe mais) foi armado um palanque de onde os
sócios e convidados do simpático centro náutico assistiram a disputa dos
diversos páreos (...) grande era a assistência que aplaudia os vencedores”[1]
Mas o assunto que despertou o maior
interesse neste ano veio com o criação do Departamento de futebol do Vasco que
surge depois da extinção do Lusitânia. O Lusitânia Sport Club foi fundado em
1914 por vários membros da colônia portuguesa. Um dos principais organizadores
do novo clube era Álvaro Nascimento Rodrigues, também conhecido como Cascadura,
ou Zé de São Januário (jornalista e futuro Benemérito do Vasco).
O interesse maior dos seus
associados era de reunir os seus atletas (todos portugueses) em disputas
internas, no entanto, um grupo dissidente achava que o melhor caminho era fazer
como os outros clubs de imigrantes que não restringiam a presença de sócios
pela nacionalidade. Este grupo era minoritário e teve que aceitar a negativa da
Liga Metropolitana de sua filiação.
No final de 1915, este mesmo grupo
se rearticulou para fazer uma fusão com o Vasco e conseguir superar duas
barreiras: a entrada na Liga principal de futebol no Rio de Janeiro e vencer a
resistência de associados cruzmaltinos que não desejavam a presença do futebol
no clube.
Em uma assembléia Extraordinária no
mês de novembro, o presidente do Vasco da Gama, Raul da Silva Campos, conseguiu
o apoio necessário e ficou deliberada a criação da seção de futebol. Muito contribuiu
para isso atuação de Dionísio Teixeira[2], sócio da Soto Mayor &
Cia, uma importante empresa mercantil, que com o seu prestígio conseguiu
reverter a oposição de alguns vascaínos e ainda levou para o clube vários
associados do Lusitânia.
O momento era o melhor possível para
aproximar o clube de um esporte que contagiava toda a cidade. De acordo com o
jornal O Imparcial, de 1907 até 1915, o número de clubes de futebol havia
triplicado. “Se em 1907 constavam do noticiário dos grandes jornais 77 clubes de
diferentes perfis sociais, em 1915 apareciam 216 (...) essa proliferação de
clubes teve como conseqüência imediata e surgimento de novas ligas e
campeonatos”, conclui o historiador Leonardo Miranda, autor de Footballmania
(2000, p.121).
Fonte: Livro “100 anos da
Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.
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