“Vasco por Amor, Força Jovem por Ideal”
Slogan da torcida
1989 A Invasão do Morumbi
A
desclassificação do Vasco da Copa União de 1988 (no início de 1989) foi uma
grande surpresa pois a equipe fazia a melhor campanha do campeonato em 1988,
mas não manteve o mesmo ritmo no início do ano seguinte.
Neste
momento inicial só quem comemorava era Roberto Dinamite, que aos 35 anos, era o
enredo da escola de samba Boêmios de Inhaúma. Entretanto, o ídolo viveu um
momento difícil e foi emprestado depois do campeonato carioca para a Portuguesa
de São Paulo. Em março um jornal carioca estampa em sua manchete a condenação
dos torcedores: “OS CHEFES DE TORCIDAS JÁ REJEITAM PRESENÇA DE
ROBERTO NO VASCO”. Uma das críticas era o alto salario do atacante e a sua
idade avançanda. Vários torcedores sugeriam que ele encerra a carreira.
Para
a campanha do tricampeonato a Força Jovem inicia com ânimo redobrado fazendo
suas novas carteirinhas e lançando o lema “Vasco por Amor, Força Jovem por Ideal”.
Na mesma época eram lançadas novas bandeiras que se eternizariam no coração dos
vascaínos, como a do mascote Eddie, da banda Iron Maiden. No comando da torcida
assumia o jovem Roberto Monteiro de apenas 18 anos, no lugar do veterano Ely
Mendes, que ocupou a liderança da agremiação entre 1971 até 1989.
Outras
mudanças que ocorriam neste ano eram a chegada de Ricardo Teixeira no comando
da Confederação Brasileira de Futebol. O dirigente ficaria no cargo por muitos
anos. Para trabalhar com ele foi chamado Eurico Miranda que ficou responsável
como Diretor de Futebol da entidade. Nesse período o clube teve 5 jogadores (Acácio,
Mazinho, Zé do Carmo, Bismarck e Vivinho)
convocados para a seleção, ganhando o apelido de “Selevasco”.
As
primeiras campanhas pela não-violência promovidas pela SUDERJ surgem no placar
eletrônico, mas a melhor ação e mais criativa, ficaram com as torcidas de Vasco
e Botafogo que promovem um espetáculo de confraternização no Dia das Mães. Cada
torcida sai do túnel de arquibancada adversário e caminha com suas bandeiras
por todo o seu lado na arquibancada, sendo aplaudidos por ambas torcidas que gritavam:
“Vascão, Fogão, amizade de Irmão”.
No
meio do ano a grande atração foi a disputa da Copa América no Brasil e a
conquista do título no Maracanã. Aquela vitória representou muito para o
futebol brasileiro pois foi a primeira grande conquista depois da Copa do
México em 1970. Vários jogadores desta seleção seriam campeões do mundo em 1994
nos EUA. Entre eles a dupla de ataque Romário e Bebeto, que foram os grandes
destaques nos jogos finais com a Argentina e o Uruguai.
Após
a Copa América, Bebeto seria a maior contratação foi futebol brasileiro até
então, numa transação que mexeu com toda a cidade, já que o mesmo saiu em
litígio com o seu ex-clube, o Flamengo.
De
julho a setembro, já durante o campeonato brasileiro, a grande expectativa da
torcida do Vasco era a sua estréia e, principalmente, como seria a reação das
duas torcidas. De um lado, a torcida do Flamengo levando cartazes e gritando
“chorão” e, de outro, os vascaínos gritando o nome do jogador, elevado-o a
categoria de grande ídolo do clube.
Em
setembro o Brasil conquista a vaga nas Eliminatórias vencendo o Chile no
maracanã, no polêmico jogo da “Fogueteira”. A reação dos torcedores do Chile
que hostilizou nossa torcida e jogadores, preocupava a direção da CBF que
parecia entever problemas para o jogo final disputado no Rio de Janeiro. Em
reunião com Eurico Miranda, mais de 70 líderes das torcidas prometem um
comportamento exemplar: “as quatro maiores, a Raça Rubro Negra
do Flamengo, Força Jovem do Vasco, a Young Flu do Fluminense e a Torcida Jovem
do Botafogo, calculam que arrigementarão no total quase 50 mil em papel picado,
papel higiênico, fumaças coloridas e instrumentos de percursão. “Vamos vaiar os
chilenos desde o primeiro minuto que eles pisarem no Brasil, mas não vamos
agredi-los de jeito algum”, prometeu Ely Mendes, Chefe da Força Jovem, “vamos
buzinar e fazer arruaça na frente do Hotel
e persegui-los com vaias e apupos. Essa será a nossa vingança”,
completou o Chefe da Força Jovem do Vasco”.[1]
O Brasil vence e se classifica, apesar de toda a encenação do goleiro chileno
Rojas, que alegou ter sido ferido por um rojaõ disparado pela torcida
brasileira.
O campeonato brasileiro continuava e
a dúvida dos vascaínos era saber quando o atacante finalmente poderia estrear. Em
função de uma lesão que o deixou várias semanas em recuperação, Bebeto não teve
uma atuação destacada nos seus primeiros jogos, mas com a subida de produção do
time, o atacante cresce de rendimento e se torna figura central nos jogos
decisivos. O ponto alto foi o jogo contra o Internacional em Porto Alegre, com
dois gols, para a alegria da centena de vascaínos que viajaram mais de 22 horas
para acompanhar o clube se classificar para as finais do brasileiro de 1989.
O sucesso na Copa América pela
seleção brasileira e os gols decisivos pelo campeonato brasileiro garantiram a
Bebeto inúmeros títulos e prêmios, superando os atacantes Careca e Romário. Foi
um ano inesquecível em sua brilhante carreira. Bebeto conquistou o Craque do
ano - Revista Placar (Eleito pelo Júri): 1989; o de melhor Jogador
Sul-Americano do Ano; 3º Maior jogador do Mundo eleito pela revista inglesa
World Soccer; Craque do Campeonato brasileiro (Oficial) e Jogador do ano do
Vasco. Nem mesmo sua declaração de apoio ao candidato Fernando Collor, manchou
sua imagem de ídolo, ainda mais quando ele disse que seu clube de coração na
infância era o Almirante.
A final com o São Paulo seria
disputada em dois jogos caso o Vasco não vencesse o time paulista em sua
cidade. A confiança dos vascaínos era inegável. O fim do ano era de realmente
grandes esperanças, vivíamos o clima de eleição presidencial depois de 29 anos.
E foi em clima de decisão do 2°
turno nas eleições presidenciais (dia 17 domingo) e final do campeonato
brasileiro (dia 16 sábado) que a partida foi disputada.
Os saopaulinos gritando o nome do
candidato Collor e os Vascaínos aos gritos de “Olé, olé, olá, Lula, lula”,
desde o grande comício de 1 milhão de pessoas no Rio de Janeiro quando alguns
membros da Força Jovem levaram suas bandeiras par ao evento.
Nunca política e futebol estiveram
tão misturados numa final, parecia que a vitória em campo levaria para a
vitória das urnas.
Para incentivar os cariocas
acompanharem seu time em campo os dirigentes não pouparam esforços para
realizar a Invasão do Morumbi, com a previsão de 15.000 pessoas partindo para a
capital paulista de avião, carros e, principalmente, de ônibus alugados.
O gol de Sorato selou o destino da
partida e o bicampeonato garantido. Explosão de alegria nas arquibancadas, que
segundo a imprensa, ocupou cerca de 30% do estádio. No dia seguinte, o
colunista do Jornal do Brasil, João Saldanha, ressaltava a torcida vascaína ao
atribuir o seu comportamento no estádio refletindo no empenho do time em campo. “A
torcida que estava acompanhando o Vasco desempenhou um papel importante. Não
sei quantos seriam, mas pelo menos uns 10 mil (20 mil) estavam naquele bolo.
Outro dia lá em Porto Alegre, os torcedores Vascaínos também desempenharam um
importante ponto para a vitória. (Internacional 0 X 2 Vasco, gols de Bebeto).
Desta vez mais ainda . Digo-lhes com a certeza de que tem hábito de assistir
jogos fora, quando aparece um apoio assim, qualquer time cresce”, conclui o
cronista[2] Eram os últimos dias do ano e fim de
uma era que terminava de forma épica[3].
Milhões de vascaínos em todo o Brasil assistiam o clube voltar a ser campeão de
maneira incontestável.
Fonte: Livro “100 anos da
Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.
[3]
Inúmeras lembranças são relatadas na Internet, vou registrar apenas uma mas
vale conferir outras: Eduardo Briza: ‘Fui também. Foi a melhor viagem que fiz em
todas que já participei!! Sem precisar falar do resultado do jogo que foi
maravilhoso. Mas desde a saída de São Januário até a chegada em Sampa foram
muitas coisas. A galera roubando nas paradas, pegando duas comandas pra poder
comer e beber de graça! Nessa deu até polícia (...) “ Fonte; torcidasdovasco.blogspot.
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