Ultrapassada a fase pioneira inaugurada pelo destemido
Paradantas, o segundo nome a surgir na cena da Torcida Vascaína foi de Afonso
Silva, apelido Polar.
Assim denominado por causa de uma nova e badalada marca
de sorvete por ele mesmo lançada no mercado carioca. Mulato sestroso,
comunicativo, engraçado e respeitoso, Polar gostava de vestir-se no rigor da
moda trajando terno completo de flanela importada ou, então, metido no mais
puro e caro linho irlandês.
Bandas ou Charangas não existiam ainda. Em
compensação, existia a presença, muito bem posta, do Líder na frente das
Sociais brandinho sua bengala de junco, a semelhança do que acontecia nos jogos
de rugby e baseball americano, que o cinema mostrava.
Era o tempo do “entra Vasco que o marido é sócio”, uma
legenda gaiata que Polar soube substituir por outra: “Viva o Vasco, campeão de
terra e mar!”
Nesse passo, Polar varou anos a fio percorrendo os
Estádios e convidando o público a participar de seu entusiasmo.
Ele resistiu praticamente, até a época do grande e
fascinante Concurso que Jornal dos Sports promoveu em 1936, com o objetivo de
escolher o Embaixador da Torcida Brasileira na Copa do Mundo. Muito tentador,
oferecia aos vencedores passagem de ida-e-volta a Paris, além de um cheque de
10 mil francos (dinheiro de virar a cabeça de qualquer um).
Inúmeros Chefes de Torcida, e pretendentes a isso,
participaram do Concurso.
Na onda do Prêmio, todos eles gastaram o que tinham. E
o Clube, ajudando. E os sócios gastando.
E o homem da rua, de chapéu na mão,
colaborando para engrossar a caixa de amparo dos candidatos. Um negócio
realmente tão fantástico que só na primeira apuração foram recolhidos mais de
100 mil cupons de dezenas de urnas espalhadas pela cidade.
Perdendo a parada para Oswaldo Meneses, do Flamengo,
que nem Chefe de Torcida jamais chegou a ser.
“Polar murchou o ímpeto de continuar na guerra.”
Teve o consolo de ver a filha, Leonor Silva, morena
muito bonita, vencer o páreo das Embaixatrizes. Mas não foi, de qualquer
maneira, o que animou a continuar de bastão em punho dirigindo a moçada
Vascaína.
Fonte: Jornal dos Sports 06 de Maio de 1976![]() |
Torcida do Vasco Polar Jornal dos Sports 1976 |
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