quarta-feira, 2 de novembro de 2016

VASCO 2016: LIVRO "100 ANOS DA TORCIDA VASCAÍNA", 1945 A MORTE DO SAPO

“mais um, mais um, mais um !!!
Torcida do Vasco a gritar
1945                       A Morte do Sapo

A oposição a ditadura de Getúlio Vargas crescia ao longo do ano de 1945. Logo no mês de janeiro é realizado o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores, reunindo vários intelectuais que reivindicavam o fim da censura, liberdade de imprensa e eleições diretas para presidente. A tensão aumentava a cada mês, e o próprio presidente Vargas pressentia que dificilmente continuaria como ditador depois daquele ano.
Os sinais do fim da censura eram percebidos em todos os setores. Até mesmo a imprensa esportiva permitia que líderes de esquerda expressassem o pensamento. Luis Carlos Prestes dava uma longa entrevista ao JS dizendo o que ele pensava sobre o esporte[1]. Prestes[2] conseguiria reunir, neste ano, após sair da cadeia, mais de 100.000 pessoas em São Januário para um comício no final de maio. O estádio São Januário e os dirigentes do Vasco, acusados durante anos de servir a Ditadura Vargas, foi o palco de uma grande manifestação de oposição, mas pouco lembrado.
            A cessão do estádio para o comício de Prestes causou a saída do então presidente do Vasco, o Professor Castro Filho. Que passou a enfrentar forte oposição dentro do clube. Movidos pelo sentimento anticomunista, predominante em diversos setores da sociedade da época, vários sócios e dirigentes influentes do clube pedem a sua renúncia. Estes manifestantes acusavam o presidente de estar se aliando ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Assim o Jornal dos Sports descrevia laconicamente o fato: “crise política surgida no seio do Vasco da Gama. O professor Castro Filho, desgostoso com algumas críticas ao seu ato resolveu renunciar”[3]. Mesmo com o pedido de figuras de alto prestígio no clube, ele não reconsiderou sua posição. O dirigente do clube era apontado como um intelectual liberal, sem ligações com os comunistas.  Teve o apoio, inclusive, do escritor José Lins do Rego que, em sua crônica no Jornal dos Sports, dizia:  “perde o Vasco um grande presidente, um administrador de mão cheia” (COUTINHO, 1995, p.74). A crise política só não foi maior porque nesta mesma semana, o Vasco havia vencido o Flamengo de goleada por 5 a 1, o que provocou uma intensa agitação de sua torcida por toda a cidade. Segundo José Lins do Rego: “vi e ouvi uma alegria imensa pelos cafés e botequins, gritaria (...) O Vasco surrara o Flamengo, e isto era motivo para grandes festas”[4].
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o retorno dos pracinhas, o clima no Brasil era de um intenso carnaval cívico com a preparação de grandes manifestações de apoio aos nossos combatentes, através de desfiles pelas ruas da capital. Em 18 de julho os primeiros soldados brasileiros que voltavam da Europa percorrem toda a Avenida Rio Branco, sendo calorosamente recebidos pela população.
No futebol carioca de 1945, a grande atração era o time do Vasco da Gama que confirmava a cada competição o favoritismo. Foi neste ano que o cartunista Lorenzo Molas, do Jornal dos Sports, criou o símbolo daquele time que nos próximos anos reinaria absoluto: “O Expresso da Vitória”.
            A grande inovação do Jornal dos Sports em 1945 foi criar duas colunas permanentes para aquela temporada: a de Álvaro Nascimento e a de Florita Costa. O primeiro era um defensor da torcida do Vasco, enquanto a segunda (esposa do técnico Flávio Costa), era a guardiã das cores rubro-negras. Por aí já se via que o embate entre os clubes era tão intenso que foi preciso dar espaço para cada um defender o seu lado. Isto para não falar na estréia de José Lins do Rego (HOLLANDA, 2004; COUTINHO 1995), escritor famoso e reconhecido torcedor do Flamengo. Cada coluna tinha um nome: a de Álvaro Nascimento chamava-se “O Vasco em Dia”; Florita Costa assinava em “Diário do Flamengo” e Zé Lins escrevia  em “Esporte e Vida”.
            Nestas colunas verifica-se toda movimentação dos torcedores antes e durante as partidas e percebe-se o salto de organização que as torcidas ganhavam. Assim, no Vasco havia o pomposo Departamento Central da Torcida Vascaína Organizada que “escalava” chefes de torcida do Vasco por diferentes regiões da cidade. João de Luca, principal chefe da torcida vascaína, avisa através de Álvaro do Nascimento, que no jogo contra o Fluminense nas Laranjeiras “haverá uma reunião de torcedores do Vasco sobre a localização dos torcedores da Cruz de Malta no estádio tricolor”. No dia seguinte, o Jornal dos Sports destacava as milhares de bandeiras do Vasco em Álvaro Chaves e, para Mario Filho, a vitória do Vasco só foi conseguida graças ao incentivo de sua torcida (JS, 2-9-45). Existia uma disputa pela paternidade da criação da primeira torcida organizada[5]. No Flamengo todos diziam que eles foram os pioneiros, enquanto o Vasco assegurava que isso foi um privilegio seu. Florita Costa não tem dúvidas: “nossos adversários imitam-nos organizam também suas torcidas”. No Vasco a organização de sua torcida era dividida em distritais por todo o Rio de Janeiro[6]. Em cada distrito havia um chefe de torcida, comandada pelo Diretor Mor:  João de Luca.
            As torcidas iam se organizando espontaneamente e com apoio dos clubes e de diversos setores importantes da imprensa esportiva. Em várias reportagens, os jornais aumentam o espaço das manifestações dos torcedores que anunciavam por estes canais de comunicação as suas atividades e eventos de amor explícito ao clube. No Vasco, até na geral se criou uma torcida organizada, liderada por José Lanes. No América, José Damasceno chefe da torcida rubra, se entusiasma com o hino do América, criado por Lamartine Babo e promete-lhe uma homenagem. A campanha da equipe do Vasco em 1945 evidenciava o que foi dito anteriormente. Em diversas partidas, é tributado aos torcedores o resultado positivo alcançado. A boa colocação do time de São Januário unia jogadores e torcedores, aliando a técnica excepcional em campo, com o entusiasmo das sociais, gerais e arquibancadas.
            Duas observações importantes: a torcida do Vasco tinha um grande líder (da mesma envergadura de Jaime de Carvalho) e a Charanga não tinha ainda presença permanente nos estádios com seus músicos. O Globo Sportivo[7] destacava a comemoração da vitória do Vasco apresentando charges da torcida vascaína liderada por João de Luca. No desenho, o líder é representado como um maestro gritando “Casaca” e vários torcedores repetindo. A outra notícia é divulgada pelo O Globo Sportivo[8]: “Futebol com música em Álvaro Chaves”. No corpo da matéria percebe-se a surpresa de ter os músicos tocando nas arquibancadas, durante o jogo em que o Flamengo goleou o São Cristóvão nas Laranjeiras por 6 a 1: “O interessante da goleada rubro-negra sobre os alvos, em Álvaro Chaves, é que a mesma se processou ao som da música. Com efeito, a torcida rubro-negra, que vem acompanhando incansavelmente seu team (...) levou domingo para o estádio das Laranjeiras, uma autêntica ‘jazz’, dando ao match um colorido diferente, pelo pitoresco”. Na mesma reportagem, há uma charge de Molas apresentando Jayme de Carvalho e vários torcedores com instrumentos brigando com o Pato Donald (símbolo do Botafogo).
            No mês de aniversário de seu clube o colunista do Jornal dos Sports, Álvaro Nascimento, indicava o comportamento ideal para a sua torcida: “a função do torcedor consiste em animar o seu quadro. Os indiferentes torcem para os seus adversários” (31-8-45). Ainda nesta semana, o cartunista Molas faz uma charge condecorando o torcedor vascaíno, como o 12° jogador. No desenho, João de Luca é apontado como o “herói de domingo que dirigiu a partida”.
            Em cada partida decisiva, o Jornal dos Sports dava mais apoio aos líderes das torcidas. Não eram grandes manchetes, nem grandes espaços (como recebiam os jogadores), no entanto, o jornal ia legitimando alguns líderes, que passavam a simbolizar a aliança da imprensa na promoção e na divulgação de suas atividades[9]. Uma manchete é taxativa: “Uma torcida pode muito”. Na reportagem, elogios aos torcedores e apoio para a nova forma de se organizar o público nos estádios: “o que se deve ressaltar é a dívida com a torcida que o team cruzmaltino assumiu com a torcida. De fato. O tento veio provar o quanto pode a união de um quadro social e a força de convicção dos que gritam incentivando a beira do campo os que correm e suam dentro do gramado do jogo. Com efeito, nunca João de Luca e o seu “casaca” foram tão úteis e oportunos ao Vasco como nesse domingo de calor, aflições e desmaios” (Jornal dos Sports 28-5-45).
Organizados e comandados por João de Luca[10], os torcedores do Vasco dão uma grande demonstração do poder de incentivo que as torcidas adquiriam cada vez mais. A reação da imprensa é de admiração: “(...) ressaltando a impressionante reação do Vasco na parte final da peleja, não se poderá deixar de reconhecer a poderosa colaboração que a ela emprestou a torcida cruzmaltina. Em verdade foi depois que irrompeu o ‘casaca, asaca’, nas sociais de São Januário que se prolongou no ritmo compassado do ‘Vasco, Vasco’ que o team cruzmaltino correu mais, a perseguir o goal com mais entusiasmo do que nunca”. (O Globo Sportivo, 31-8-45). Note-se que o grito vem das sociais (e não das arquibancadas), que era justamente o local onde se concentravam os torcedores uniformizados.
Entretanto, o clássico mais esperado daquele ano era Vasco e Flamengo. A disputa significava a revanche para o Vasco do campeonato de 1944, quando o time da Cruz de Malta já era o grande favorito. Florita Costa, conclama os seus torcedores para dar todo o apoio ao time: “a missão da torcida não é só de aplaudir os jogadores ao entrarem em campo (...) cumpre incentivá-los do primeiro ao último minuto” (JS,12/9/45).
O jogo é anunciado em tom épico pelo JS através da manchete: “O Flamengo para a Batalha com o Vasco” (13/9/45). Havia uma preocupação de não repetir os mesmos confrontos de torcedores e outros distúrbios do ano anterior. O Delegado de Jogos e Diversões pedia para não levarem bombas e fogos. Florita Costa, prevendo problemas, alertava: “haverá chefes de torcida para difundir instruções”. José Lins do Rego provoca a torcida vascaína: “Eu acredito no Sapo de Arubinha”. A maldição de Arubinha parecia que incomodava muito aos vascaínos pois até aquele ano, o Vasco não levantava um título desde 1936.
            Mario Filho, na véspera do jogo, reconhece que aquela partida teria contornos diferentes dos jogos anteriores e revela que a disputa nas arquibancadas seria uma competição à parte: “a torcida de cada candidato vem desempenhando um papel importante. Há o “Avante Flamengo!” e o “Com o Vasco onde estiver o Vasco”, cartazes e bandeiras desfraldadas. O estádio se divide em grupos de torcedores que se empenham em duelos. O que era raro num match, tornou-se comum, o obrigatório. Trava-se também entre as torcidas”. (JS,14/9/45).
Nesse primeiro turno do campeonato carioca, Vasco e Flamengo fazem uma partida sensacional em São Januário, com a vitória do time da “casa” por 2 a 1, em um jogo que bate recorde de renda. O jogo foi um marco divisor sobre o comportamento dos torcedores[11]. A vibração em todos os instantes era algo incomum em muitos jogos. O efeito criado de apoio permanente ao time do Vasco e a resposta da torcida do Flamengo era, talvez, uma novidade para a época. Mesmo depois de quase 20 anos de construção e com a presença de grandes públicos, o estádio de São Januário, parecia ainda não ter sido o cenário de demonstração de tanto carinho e dedicação das torcidas. A descrição da revista O Globo Sportivo (21-9-45) é irretocável: “o maior espetáculo já efetuado em São Januário. Não só pela afluência colossal do público que desde cedo começou a lotar o estádio como também pela vibração 100% que acompanha o clássico do primeiro ao último minuto. O entusiasmo com que as torcidas animaram os seus jogadores  foi em verdade algo de inacreditável.
O jogo em São Januário contou com grande platéia que acabou provocando desabamento de um muro com mais de 100 feridos. Mario Filho, repetia nesta época, dizendo que a saída para o público em excesso nos estádios, era a construção de uma grande praça de esportes, capaz de garantir o conforto ao crescente número de espectadores. Para ele a construção do Pacaembu em São Paulo, era o melhor exemplo que o Rio devia seguir: “até mesmo São Januário se tornou pequeno”, era preciso construir um Estádio Nacional, afirmava o jornalista.
O entusiasmo da torcida do Vasco era tão grande que no jogo contra o Canto do Rio em Niterói foi organizado pelos torcedores da Cruz de Mata uma viagem contando com “15.000 vão até Niterói. A maior caravana de todos os tempos”. Na mesma época a torcida do Flamengo se organizava para se deslocar até a zona Oeste: “caravanas do Flamengo: ponto de concentração no Café Rio Branco”.
Os anos de 1944 e 1945 reviveram com muita intensidade a maior rivalidade do futebol carioca a partir dos anos 1920 com a acirrada disputa para ser o time mais popular da cidade. O Vasco, detentor da maior torcida do Rio de Janeiro, na década de 1920, segundo o próprio Mario Filho, em Histórias do Flamengo[12], viu seu opositor ultrapassar na preferência popular durante os próximos anos. Seria a oportunidade ideal de retomar a liderança entre os cariocas, além da rixa ter contornos nacionais, visto a hegemonia do futebol carioca (através das locuções radiofônicas) em todo o território nacional.
O abrandamento da censura provocava uma liberação dos costumes, e as reações dos torcedores se traduziriam em provocações mais explícitas, revelando “o lado combativo, competitivo do futebol, no qual os atores adquirem um sentido de identidade apenas ao se definirem contra o adversário”. (GIULIANOTTI, 2002, p.218). O grande conflito deste ano foi durante a última partida do campeonato. Com o Vasco (já campeão) indo até a Gávea jogar com o Flamengo. O jogo foi marcado por inúmeras brigas dentro e fora de campo[13]. Diferente da omissão dos anos anteriores, alguns jornais da imprensa carioca passaram a informar sobre os conflitos entre as torcidas: “uma verdadeira batalha a pedradas se desencadeou nas arquibancadas, saindo feridos ou contundidos numerosos assistentes. Os ânimos estavam tão exaltados que o juiz, mesmo com uma multidão de soldados para garantir-lhe a pele, apanhou alguns cascudos, o que o  foi pena ser somente alguns cascudos”. (Correio da Manhã,  20-11-45).
            Outro periódico que repercutiu sobre o confronto nas arquibancadas e gerais no estádio da Gávea foi o jornal paulista A Gazeta Esportiva[14], em 24 de novembro de 1945: “repentinamente, um tremendo sururu rebentou nas gerais, onde estavam localizadas as torcidas do Flamengo e do Vasco. Algo de inenarrável tivemos ensejo de presenciar por essa ocasião, pois, aproximadamente, perto de 10.000 pessoas trocavam pancadarias, tijoladas, cassetadas e outras coisas mais, tais como tiroteio de morteiros de bombas, que eram arrojados de um lado para outro, contra a multidão, pela própria multidão. Um espetáculo deprimente! Nunca vimos coisa igual em nossa vida. Cercas eram arrancadas, assim como tijolos da geral, e, estes, cruzavam o ar, qual um autêntico bombardeio, atingido homens, crianças e senhoras (...)” (apud SILVA, 1999, p.175).
            O final do campeonato de 1945 foi uma apoteose para o Vasco que vence de forma invicta a competição. Para comemorar a vitória, a torcida vascaína fez uma passeata em plena Avenida Rio Branco, no centro do Rio. A mesma avenida que foi o palco de desfile dos pracinhas há poucos meses. A manchete “A Passeata dos Vascaínos”, dava o tom do ato que misturava política e futebol (a eleição presidencial seria naquela semana), e revelava o efeito carnavalizador sendo transportado dos estádios para as ruas da cidade: “O Clube de Regatas Vasco da Gama organizou para hoje, ao meio dia, uma passeata monstro (...) solicitando por intermédio da imprensa o comparecimento de toda torcida vascaína, inclusive os chefes das existentes em todos os bairros cariocas: concentração na Praça Mauá e desfile pela Av. Rio Branco rumo a diversos bairros. Organização da passeata 1ª parte ciclistas formando como bateristas, 2ª homenagem aos desportistas brasileiros com inúmeros painéis e alegoria, 3ª parte banda de musica e clarins, 4ª parte Expresso da Vitória, carro alegórico, 5ª parte “A morte do Sapo”, carro alegórico, 6ª “O almirante é amigo de todos”, carro alegórico, 7ª parte 200 automóveis ornamentados conduzindo diretores do clube, sócios e torcedores[15].
            O fato de a torcida carregar seus ídolos nos ombros não era uma novidade, nem a festa no estádio em comemoração ao título, mas a presença de torcedores no centro da capital do país, em um dia da semana, se confraternizando e festejando um título, era o sinal de respeito que esses torcedores alcançaram. Representam que uma nova era para o torcedor de futebol já estava presente.
Podemos considerar que o ano de 1945 foi o início efetivo da consolidação das torcidas organizadas (uniformizadas) no Rio. Após este ano, alguns torcedores se tornariam símbolos permanentes dos clubes e consolidariam a organização das suas torcidas nas arquibancadas e sociais. Cabiam a esses líderes das torcidas organizadas (uniformizadas), alcançar um difícil ponto de conciliação de sentimentos que pareciam incompatíveis: a paixão pelo clube e a tolerância com os torcedores rivais. Com o crescimento do tamanho dos estádios, esta tarefa seria ampliada.
Uma nova realidade se fazia sentir: a presença do torcedor mais do que nunca poderia ser esquecida. O futebol, como esporte e espetáculo, teria que contar ainda mais com a sua participação.  Entre os dirigentes, os sócios, os torcedores e a imprensa esportiva, era nitidamente perceptível que o grau de envolvimento afetivo e a mobilização gerada por esta coletividade de torcedores, teria que continuar. A partir daí as torcidas uniformizadas seriam integrantes e permanentes do noticiário futebolístico. Nos clubes, as suas reivindicações não poderiam ser mais ignoradas, apesar do continuísmo dos dirigentes, interessados no torcedor[16] distante da política nos clubes.
Fonte: Livro “100 anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.



[1] Cf. JORNAL DOS SPORTS. Rio de Janeiro, 09 de setembro de 1945, p. 09. Na entrevista o líder do PCB afirma: “defendemos uma reivindicação popular de campos de football em cada bairro”.
[2] Em 18 de abril de 1945, Vargas promulga o Decreto-Lei 7474, concedendo anistia. Dois meses depois (15/7) ele estaria no Pacaembu, em outra grande manifestação.
[3] Cf. JORNAL DOS SPORTS. Rio de Janeiro, 16 de maio de 1945, p.01.
[4] Cf. O GLOBO SPORTIVO. Rio de Janeiro, 18 de maio de 1945, p.05.
[5] Até 1945, em nenhum momento a torcida organizada do Flamengo é chamada de Charanga (parece que este nome surgiu depois).
[6] Atualmente, a Força Jovem, principal torcida organizada do Vasco, divide a cidade em “famílias”, reunindo associados em diferentes áreas do Rio de Janeiro.
[7] Cf. ibid. Rio de Janeiro, 29 de junho de 1945, p. 16.
[8] Cf. O GLOBO SPORTIVO. Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1945, p. 06.
[9] Um exemplo disso é a pequena manchete “Vascaínos a postos”. Na matéria, é feito um pedido para os torcedores procurarem  seu líder: “as instruções para a concentração de vascaínos no estádio do Fluminense serão dadas na véspera no grande encontro pelo chefe da torcida vascaína João de Luca” (30-8-45).
[10] Ao mesmo tempo em que o torcedor é elogiado, seu papel dentro do clube é delimitado. Chamado de “o Marechal da Vitória”, João de Luca é um homem “modesto, sem pretensões a ocupar cargos na Diretoria e, no entanto, um cooperador eficiente, sempre disposto a trabalhar pelo Clube”.  (Jornal dos Sports, 21-8-45).
[11] O jogo é tão importante que é comparado ao Brasil e Argentina (1 a 5), de 1939, e ao Rio e São Paulo, de 1943 (Jogo do Chega). Partidas que provocaram grande expectativa e entraram para a história do futebol.
[12] Em diferentes páginas, Mario Filho reafirma o domínio da torcida vascaína nos anos 1920. Entre eles podemos destacar: “O crescimento do Vasco, então, dava para assustar. Não era só o clube de mais torcida, era o clube de mais dinheiro” (FILHO, 1966, p.22). “O Vasco, além de ser o campeão da cidade, era o clube de maior público” (FILHO, op.cit., p.29). O jornalista ainda explica o roubo e as manobras de torcedores do Flamengo, em 1927, para vencerem o concurso, promovido pelo Jornal do Brasil, para saber qual era “clube mais popular do Brasil”.
[13] Foi interrompido aos 26 minutos do segundo tempo em virtude de brigas entre os jogadores com o placar de 2 a 2 (SANDER, 2004). Nem o Jornal dos Sports, nem O Globo Sportivo noticiaram as brigas dos torcedores.
[14] A omissão dos dados sobre a violência entre os torcedores, pois somente se noticiou sobre a briga em campo entre jogadores, nos alertam sobre a dificuldade de dimensionar como eram estes conflitos sem procurar outras fontes de consulta e sem desconfiar do encobrimento proposital dos jornais cariocas de notícias desfavoráveis para a imagem do futebol da cidade.
[15] Cf. CORREIO DA MANHÃ. Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1945, p. 06.
[16] O escritor Paulo Coelho Neto, autor da História do Fluminense, em 1952, é criticado pelo historiador (SHIRTS, 1982, p.51) pois, segundo este,  o personagem do torcedor “é descrito de uma certa distância, elogia-se-o, deixando-se claro, ao mesmo tempo, que este tipo social não pertence aos titulares  ‘da grande,unida e alegre família’ ”.

Vasco Jornal Diretrizes 1945

Vasco Jornal O Globo Esportivo 1945

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