“mais um, mais
um, mais um !!!
Torcida do Vasco a gritar
1945 A Morte do Sapo
A
oposição a ditadura de Getúlio Vargas crescia ao longo do ano de 1945. Logo no
mês de janeiro é realizado o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores,
reunindo vários intelectuais que reivindicavam o fim da censura, liberdade de
imprensa e eleições diretas para presidente. A tensão aumentava a cada mês, e o
próprio presidente Vargas pressentia que dificilmente continuaria como ditador
depois daquele ano.
Os
sinais do fim da censura eram percebidos em todos os setores. Até mesmo a
imprensa esportiva permitia que líderes de esquerda expressassem o pensamento. Luis
Carlos Prestes dava uma longa entrevista ao JS dizendo o que ele pensava sobre
o esporte[1]. Prestes[2]
conseguiria reunir, neste ano, após sair da cadeia, mais de 100.000 pessoas em
São Januário para um comício no final de maio. O estádio São Januário e os
dirigentes do Vasco, acusados durante anos de servir a Ditadura Vargas, foi o
palco de uma grande manifestação de oposição, mas pouco lembrado.
A cessão do estádio para o comício
de Prestes causou a saída do então presidente do Vasco, o Professor Castro
Filho. Que passou a enfrentar forte oposição dentro do clube. Movidos pelo
sentimento anticomunista, predominante em diversos setores da sociedade da
época, vários sócios e dirigentes influentes do clube pedem a sua renúncia.
Estes manifestantes acusavam o presidente de estar se aliando ao Partido
Comunista Brasileiro (PCB). Assim o Jornal dos Sports descrevia laconicamente o
fato: “crise política surgida no seio do Vasco da Gama. O professor Castro
Filho, desgostoso com algumas críticas ao seu ato resolveu renunciar”[3]. Mesmo com o pedido de
figuras de alto prestígio no clube, ele não reconsiderou sua posição. O
dirigente do clube era apontado como um intelectual liberal, sem ligações com
os comunistas. Teve o apoio, inclusive,
do escritor José Lins do Rego que, em sua crônica no Jornal dos Sports,
dizia: “perde o Vasco um grande
presidente, um administrador de mão cheia” (COUTINHO, 1995, p.74). A crise
política só não foi maior porque nesta mesma semana, o Vasco havia vencido o
Flamengo de goleada por 5 a 1, o que provocou uma intensa agitação de sua
torcida por toda a cidade. Segundo José Lins do Rego: “vi e ouvi uma alegria
imensa pelos cafés e botequins, gritaria (...) O Vasco surrara o Flamengo, e
isto era motivo para grandes festas”[4].
Com
o fim da Segunda Guerra Mundial e o retorno dos pracinhas, o clima no Brasil
era de um intenso carnaval cívico com a preparação de grandes manifestações de
apoio aos nossos combatentes, através de desfiles pelas ruas da capital. Em 18
de julho os primeiros soldados brasileiros que voltavam da Europa percorrem
toda a Avenida Rio Branco, sendo calorosamente recebidos pela população.
No
futebol carioca de 1945, a grande atração era o time do Vasco da Gama que
confirmava a cada competição o favoritismo. Foi neste ano que o cartunista
Lorenzo Molas, do Jornal dos Sports, criou o símbolo daquele time que nos
próximos anos reinaria absoluto: “O Expresso da Vitória”.
A grande inovação do Jornal dos
Sports em 1945 foi criar duas colunas permanentes para aquela temporada: a de
Álvaro Nascimento e a de Florita Costa. O primeiro era um defensor da torcida
do Vasco, enquanto a segunda (esposa do técnico Flávio Costa), era a guardiã
das cores rubro-negras. Por aí já se via que o embate entre os clubes era tão
intenso que foi preciso dar espaço para cada um defender o seu lado. Isto para
não falar na estréia de José Lins do Rego (HOLLANDA, 2004; COUTINHO 1995),
escritor famoso e reconhecido torcedor do Flamengo. Cada coluna tinha um nome:
a de Álvaro Nascimento chamava-se “O Vasco em Dia”; Florita Costa assinava em
“Diário do Flamengo” e Zé Lins escrevia
em “Esporte e Vida”.
Nestas colunas verifica-se toda
movimentação dos torcedores antes e durante as partidas e percebe-se o salto de
organização que as torcidas ganhavam. Assim, no Vasco havia o pomposo Departamento
Central da Torcida Vascaína Organizada que “escalava” chefes de torcida do
Vasco por diferentes regiões da cidade. João de Luca, principal chefe da
torcida vascaína, avisa através de Álvaro do Nascimento, que no jogo contra o
Fluminense nas Laranjeiras “haverá uma reunião de torcedores do Vasco sobre a
localização dos torcedores da Cruz de Malta no estádio tricolor”. No dia
seguinte, o Jornal dos Sports destacava as milhares de bandeiras do Vasco em
Álvaro Chaves e, para Mario Filho, a vitória do Vasco só foi conseguida graças
ao incentivo de sua torcida (JS, 2-9-45). Existia uma disputa pela paternidade
da criação da primeira torcida organizada[5].
No Flamengo todos diziam que eles foram os pioneiros, enquanto o Vasco
assegurava que isso foi um privilegio seu. Florita Costa não tem dúvidas:
“nossos adversários imitam-nos organizam também suas torcidas”. No Vasco a
organização de sua torcida era dividida em distritais por todo o Rio de Janeiro[6]. Em cada distrito havia um
chefe de torcida, comandada pelo Diretor Mor:
João de Luca.
As torcidas iam se organizando
espontaneamente e com apoio dos clubes e de diversos setores importantes da
imprensa esportiva. Em várias reportagens, os jornais aumentam o espaço das
manifestações dos torcedores que anunciavam por estes canais de comunicação as suas
atividades e eventos de amor explícito ao clube. No Vasco, até na geral se
criou uma torcida organizada, liderada por José Lanes. No América, José
Damasceno chefe da torcida rubra, se entusiasma com o hino do América, criado
por Lamartine Babo e promete-lhe uma homenagem. A campanha da equipe do Vasco
em 1945 evidenciava o que foi dito anteriormente. Em diversas partidas, é
tributado aos torcedores o resultado positivo alcançado. A boa colocação do
time de São Januário unia jogadores e torcedores, aliando a técnica excepcional
em campo, com o entusiasmo das sociais, gerais e arquibancadas.
Duas observações importantes: a
torcida do Vasco tinha um grande líder (da mesma envergadura de Jaime de
Carvalho) e a Charanga não tinha ainda presença permanente nos estádios com
seus músicos. O Globo Sportivo[7] destacava a comemoração da
vitória do Vasco apresentando charges da torcida vascaína liderada por João de
Luca. No desenho, o líder é representado como um maestro gritando “Casaca” e
vários torcedores repetindo. A outra notícia é divulgada pelo O Globo Sportivo[8]: “Futebol com música em
Álvaro Chaves”. No corpo da matéria percebe-se a surpresa de ter os músicos
tocando nas arquibancadas, durante o jogo em que o Flamengo goleou o São
Cristóvão nas Laranjeiras por 6 a 1: “O interessante da goleada rubro-negra
sobre os alvos, em Álvaro Chaves, é que a mesma se processou ao som da música.
Com efeito, a torcida rubro-negra, que vem acompanhando incansavelmente seu team (...) levou domingo para o estádio
das Laranjeiras, uma autêntica ‘jazz’, dando ao match um colorido diferente, pelo pitoresco”. Na mesma reportagem,
há uma charge de Molas apresentando Jayme de Carvalho e vários torcedores com
instrumentos brigando com o Pato Donald (símbolo do Botafogo).
No mês de aniversário de seu clube o
colunista do Jornal dos Sports, Álvaro Nascimento, indicava o comportamento
ideal para a sua torcida: “a função do torcedor consiste em animar o seu
quadro. Os indiferentes torcem para os seus adversários” (31-8-45). Ainda nesta
semana, o cartunista Molas faz uma charge condecorando o torcedor vascaíno,
como o 12° jogador. No desenho, João de Luca é apontado como o “herói de
domingo que dirigiu a partida”.
Em cada partida decisiva, o Jornal
dos Sports dava mais apoio aos líderes das torcidas. Não eram grandes manchetes,
nem grandes espaços (como recebiam os jogadores), no entanto, o jornal ia
legitimando alguns líderes, que passavam a simbolizar a aliança da imprensa na
promoção e na divulgação de suas atividades[9].
Uma manchete é taxativa: “Uma torcida pode muito”. Na reportagem, elogios aos
torcedores e apoio para a nova forma de se organizar o público nos estádios: “o
que se deve ressaltar é a dívida com a torcida que o team cruzmaltino assumiu com a torcida. De fato. O tento veio
provar o quanto pode a união de um quadro social e a força de convicção dos que
gritam incentivando a beira do campo os que correm e suam dentro do gramado do
jogo. Com efeito, nunca João de Luca e o seu “casaca” foram tão úteis e
oportunos ao Vasco como nesse domingo de calor, aflições e desmaios” (Jornal
dos Sports 28-5-45).
Organizados e comandados por João de Luca[10], os torcedores do Vasco dão
uma grande demonstração do poder de incentivo que as torcidas adquiriam cada
vez mais. A reação da imprensa é de admiração: “(...) ressaltando a
impressionante reação do Vasco na parte final da peleja, não se poderá deixar
de reconhecer a poderosa colaboração que a ela emprestou a torcida cruzmaltina.
Em verdade foi depois que irrompeu o ‘casaca, asaca’, nas sociais de São
Januário que se prolongou no ritmo compassado do ‘Vasco, Vasco’ que o team cruzmaltino correu mais, a
perseguir o goal com mais entusiasmo
do que nunca”. (O Globo Sportivo, 31-8-45). Note-se que o grito vem das sociais
(e não das arquibancadas), que era justamente o local onde se concentravam os
torcedores uniformizados.
Entretanto, o clássico mais esperado daquele ano era
Vasco e Flamengo. A disputa significava a revanche para o Vasco do campeonato
de 1944, quando o time da Cruz de Malta já era o grande favorito. Florita
Costa, conclama os seus torcedores para dar todo o apoio ao time: “a missão da
torcida não é só de aplaudir os jogadores ao entrarem em campo (...) cumpre
incentivá-los do primeiro ao último minuto” (JS,12/9/45).
O jogo é anunciado em tom épico pelo JS através da
manchete: “O Flamengo para a Batalha com o Vasco” (13/9/45). Havia uma
preocupação de não repetir os mesmos confrontos de torcedores e outros
distúrbios do ano anterior. O Delegado de Jogos e Diversões pedia para não
levarem bombas e fogos. Florita Costa, prevendo problemas, alertava: “haverá
chefes de torcida para difundir instruções”. José Lins do Rego provoca a
torcida vascaína: “Eu acredito no Sapo de Arubinha”. A maldição de Arubinha
parecia que incomodava muito aos vascaínos pois até aquele ano, o Vasco não
levantava um título desde 1936.
Mario Filho, na véspera do jogo,
reconhece que aquela partida teria contornos diferentes dos jogos anteriores e
revela que a disputa nas arquibancadas seria uma competição à parte: “a torcida
de cada candidato vem desempenhando um papel importante. Há o “Avante
Flamengo!” e o “Com o Vasco onde estiver o Vasco”, cartazes e bandeiras
desfraldadas. O estádio se divide em grupos de torcedores que se empenham em
duelos. O que era raro num match, tornou-se comum, o obrigatório. Trava-se
também entre as torcidas”. (JS,14/9/45).
Nesse
primeiro turno do campeonato carioca, Vasco e Flamengo fazem uma partida
sensacional em São Januário, com a vitória do time da “casa” por 2 a 1, em um
jogo que bate recorde de renda. O jogo foi um marco divisor sobre o
comportamento dos torcedores[11]. A vibração em todos os
instantes era algo incomum em muitos jogos. O efeito criado de apoio permanente
ao time do Vasco e a resposta da torcida do Flamengo era, talvez, uma novidade
para a época. Mesmo depois de quase 20 anos de construção e com a presença de
grandes públicos, o estádio de São Januário, parecia ainda não ter sido o
cenário de demonstração de tanto carinho e dedicação das torcidas. A descrição
da revista O Globo Sportivo (21-9-45) é irretocável: “o maior espetáculo já
efetuado em São Januário. Não só pela afluência colossal do público que desde
cedo começou a lotar o estádio como também pela vibração 100% que acompanha o
clássico do primeiro ao último minuto. O entusiasmo com que as torcidas
animaram os seus jogadores foi em
verdade algo de inacreditável.
O jogo em São Januário contou com grande platéia que
acabou provocando desabamento de um muro com mais de 100 feridos. Mario Filho,
repetia nesta época, dizendo que a saída para o público em excesso nos
estádios, era a construção de uma grande praça de esportes, capaz de garantir o
conforto ao crescente número de espectadores. Para ele a construção do Pacaembu
em São Paulo, era o melhor exemplo que o Rio devia seguir: “até mesmo São Januário
se tornou pequeno”, era preciso construir um Estádio Nacional, afirmava o
jornalista.
O
entusiasmo da torcida do Vasco era tão grande que no jogo contra o Canto do Rio
em Niterói foi organizado pelos torcedores da Cruz de Mata uma viagem contando
com “15.000 vão até Niterói. A maior caravana de todos os tempos”. Na mesma
época a torcida do Flamengo se organizava para se deslocar até a zona Oeste:
“caravanas do Flamengo: ponto de concentração no Café Rio Branco”.
Os
anos de 1944 e 1945 reviveram com muita intensidade a maior rivalidade do
futebol carioca a partir dos anos 1920 com a acirrada disputa para ser o time
mais popular da cidade. O Vasco, detentor da maior torcida do Rio de Janeiro,
na década de 1920, segundo o próprio Mario Filho, em Histórias do Flamengo[12], viu seu opositor
ultrapassar na preferência popular durante os próximos anos. Seria a
oportunidade ideal de retomar a liderança entre os cariocas, além da rixa ter
contornos nacionais, visto a hegemonia do futebol carioca (através das locuções
radiofônicas) em todo o território nacional.
O
abrandamento da censura provocava uma liberação dos costumes, e as reações dos
torcedores se traduziriam em provocações mais explícitas, revelando “o lado
combativo, competitivo do futebol, no qual os atores adquirem um sentido de
identidade apenas ao se definirem contra o adversário”. (GIULIANOTTI, 2002,
p.218). O grande conflito deste ano foi durante a última partida do campeonato.
Com o Vasco (já campeão) indo até a Gávea jogar com o Flamengo. O jogo foi
marcado por inúmeras brigas dentro e fora de campo[13].
Diferente da omissão dos anos anteriores, alguns jornais da imprensa carioca
passaram a informar sobre os conflitos entre as torcidas: “uma verdadeira
batalha a pedradas se desencadeou nas arquibancadas, saindo feridos ou
contundidos numerosos assistentes. Os ânimos estavam tão exaltados que o juiz,
mesmo com uma multidão de soldados para garantir-lhe a pele, apanhou alguns
cascudos, o que o foi pena ser somente
alguns cascudos”. (Correio da Manhã, 20-11-45).
Outro periódico que repercutiu sobre
o confronto nas arquibancadas e gerais no estádio da Gávea foi o jornal
paulista A Gazeta Esportiva[14], em 24 de novembro de 1945:
“repentinamente, um tremendo sururu rebentou nas gerais, onde estavam localizadas
as torcidas do Flamengo e do Vasco. Algo de inenarrável tivemos ensejo de
presenciar por essa ocasião, pois, aproximadamente, perto de 10.000 pessoas
trocavam pancadarias, tijoladas, cassetadas e outras coisas mais, tais como
tiroteio de morteiros de bombas, que eram arrojados de um lado para outro,
contra a multidão, pela própria multidão. Um espetáculo deprimente! Nunca vimos
coisa igual em nossa vida. Cercas eram arrancadas, assim como tijolos da geral,
e, estes, cruzavam o ar, qual um autêntico bombardeio, atingido homens,
crianças e senhoras (...)” (apud
SILVA, 1999, p.175).
O final do campeonato de 1945 foi
uma apoteose para o Vasco que vence de forma invicta a competição. Para
comemorar a vitória, a torcida vascaína fez uma passeata em plena Avenida Rio
Branco, no centro do Rio. A mesma avenida que foi o palco de desfile dos
pracinhas há poucos meses. A manchete “A Passeata dos Vascaínos”, dava o tom do
ato que misturava política e futebol (a eleição presidencial seria naquela
semana), e revelava o efeito carnavalizador sendo transportado dos estádios
para as ruas da cidade: “O Clube de Regatas Vasco da Gama organizou para hoje,
ao meio dia, uma passeata monstro (...) solicitando por intermédio da imprensa
o comparecimento de toda torcida vascaína, inclusive os chefes das existentes
em todos os bairros cariocas: concentração na Praça Mauá e desfile pela Av. Rio
Branco rumo a diversos bairros. Organização da passeata 1ª parte ciclistas
formando como bateristas, 2ª homenagem aos desportistas brasileiros com
inúmeros painéis e alegoria, 3ª parte banda de musica e clarins, 4ª parte
Expresso da Vitória, carro alegórico, 5ª parte “A morte do Sapo”, carro
alegórico, 6ª “O almirante é amigo de todos”, carro alegórico, 7ª parte 200
automóveis ornamentados conduzindo diretores do clube, sócios e torcedores[15].
O fato de a torcida carregar seus
ídolos nos ombros não era uma novidade, nem a festa no estádio em comemoração
ao título, mas a presença de torcedores no centro da capital do país, em um dia
da semana, se confraternizando e festejando um título, era o sinal de respeito
que esses torcedores alcançaram. Representam que uma nova era para o torcedor
de futebol já estava presente.
Podemos
considerar que o ano de 1945 foi o início efetivo da consolidação das torcidas
organizadas (uniformizadas) no Rio. Após este ano, alguns torcedores se
tornariam símbolos permanentes dos clubes e consolidariam a organização das suas
torcidas nas arquibancadas e sociais. Cabiam a esses líderes das torcidas
organizadas (uniformizadas), alcançar um difícil ponto de conciliação de
sentimentos que pareciam incompatíveis: a paixão pelo clube e a tolerância com
os torcedores rivais. Com o crescimento do tamanho dos estádios, esta tarefa
seria ampliada.
Uma
nova realidade se fazia sentir: a presença do torcedor mais do que nunca
poderia ser esquecida. O futebol, como esporte e espetáculo, teria que contar
ainda mais com a sua participação. Entre
os dirigentes, os sócios, os torcedores e a imprensa esportiva, era nitidamente
perceptível que o grau de envolvimento afetivo e a mobilização gerada por esta
coletividade de torcedores, teria que continuar. A partir daí as torcidas
uniformizadas seriam integrantes e permanentes do noticiário futebolístico. Nos
clubes, as suas reivindicações não poderiam ser mais ignoradas, apesar do
continuísmo dos dirigentes, interessados no torcedor[16]
distante da política nos clubes.
Fonte: Livro “100
anos da Torcida Vascaína”, escrito pelo historiador Jorge Medeiros.
[1] Cf. JORNAL DOS SPORTS. Rio
de Janeiro, 09 de setembro de 1945, p. 09. Na entrevista o líder do PCB afirma:
“defendemos uma reivindicação popular de campos de football em cada bairro”.
[2] Em
18 de abril de 1945, Vargas promulga o Decreto-Lei 7474, concedendo anistia.
Dois meses depois (15/7) ele estaria no Pacaembu, em outra grande manifestação.
[3] Cf. JORNAL DOS SPORTS. Rio
de Janeiro, 16 de maio de 1945, p.01.
[4] Cf. O GLOBO SPORTIVO. Rio
de Janeiro, 18 de maio de 1945, p.05.
[5] Até 1945, em nenhum
momento a torcida organizada do Flamengo é chamada de Charanga (parece que este
nome surgiu depois).
[6] Atualmente, a Força Jovem,
principal torcida organizada do Vasco, divide a cidade em “famílias”, reunindo
associados em diferentes áreas do Rio de Janeiro.
[7] Cf. ibid.
Rio de Janeiro, 29 de junho de 1945, p. 16.
[8] Cf. O GLOBO SPORTIVO. Rio de Janeiro, 26 de outubro
de 1945, p. 06.
[9] Um
exemplo disso é a pequena manchete “Vascaínos a postos”. Na matéria, é feito um
pedido para os torcedores procurarem seu
líder: “as instruções para a concentração de vascaínos no estádio do Fluminense
serão dadas na véspera no grande encontro pelo chefe da torcida vascaína João
de Luca” (30-8-45).
[10]
Ao mesmo tempo em que o torcedor é elogiado, seu papel dentro do clube é
delimitado. Chamado de “o Marechal da Vitória”, João de Luca é um homem
“modesto, sem pretensões a ocupar cargos na Diretoria e, no entanto, um
cooperador eficiente, sempre disposto a trabalhar pelo Clube”. (Jornal dos Sports, 21-8-45).
[11] O
jogo é tão importante que é comparado ao Brasil e Argentina (1 a 5), de 1939, e
ao Rio e São Paulo, de 1943 (Jogo do Chega). Partidas que provocaram grande
expectativa e entraram para a história do futebol.
[12] Em diferentes páginas, Mario Filho reafirma o domínio
da torcida vascaína nos anos 1920. Entre eles podemos destacar: “O crescimento
do Vasco, então, dava para assustar. Não era só o clube de mais torcida, era o
clube de mais dinheiro” (FILHO, 1966, p.22). “O Vasco, além de ser o campeão da
cidade, era o clube de maior público” (FILHO, op.cit., p.29). O jornalista ainda explica o roubo e as
manobras de torcedores do Flamengo, em 1927, para vencerem o concurso,
promovido pelo Jornal do Brasil, para saber qual era “clube mais popular do
Brasil”.
[13] Foi interrompido aos 26
minutos do segundo tempo em virtude de brigas entre os jogadores com o placar
de 2 a 2 (SANDER, 2004). Nem o Jornal dos Sports, nem O Globo Sportivo
noticiaram as brigas dos torcedores.
[14] A
omissão dos dados sobre a violência entre os torcedores, pois somente se
noticiou sobre a briga em campo entre jogadores, nos alertam sobre a
dificuldade de dimensionar como eram estes conflitos sem procurar outras fontes
de consulta e sem desconfiar do encobrimento proposital dos jornais cariocas de
notícias desfavoráveis para a imagem do futebol da cidade.
[15] Cf. CORREIO DA MANHÃ. Rio de Janeiro, 24 de novembro
de 1945, p. 06.
[16] O escritor Paulo Coelho Neto, autor da História do
Fluminense, em 1952, é criticado pelo historiador (SHIRTS, 1982, p.51) pois,
segundo este, o personagem do torcedor
“é descrito de uma certa distância, elogia-se-o, deixando-se claro, ao mesmo
tempo, que este tipo social não pertence aos titulares ‘da grande,unida e alegre família’ ”.
Vasco Jornal Diretrizes 1945 |
Vasco Jornal O Globo Esportivo 1945 |
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